sábado, 24 de outubro de 2009

Números da Taça de Portugal

A propósito da recente eliminatória da Taça, aqui ficam algumas curiosidades estatísticas. Joga-se esta época a septuagésima edição da Taça de Portugal. Apenas 5 clubes participaram em todas as edições. A saber, para além dos “3 grandes”, Académica e Belenenses merecem essa honra. Inversamente, quase um quarto dos clubes que já participaram na Taça, fizeram-no em apenas uma edição.

Quanto a jogos disputados, a única surpresa nos cinco primeiros lugares, é a presença do Vitória setubalense em detrimento da Académica. O FC Porto tem apenas menos um jogo disputado (373) que o Sporting, enquanto que o Benfica poderá chegar aos 400 jogos na Taça se alcançar o objectivo Jamor. Noventa e oito clubes disputaram apenas um jogo a contar para a prova raínha do futebol português.


O clube mais vitorioso na prova é o Benfica (301 jogos ganhos), ficando o Sporting a quase 40 vitórias de distância. Seguem-se FC Porto, Belenenses e V.Setúbal. Mais de um quarto dos clubes que já participaram nas 70 edições da Taça nunca venceu um jogo a contar para a Taça de Portugal.


Se se relacionar o número de vitórias e o número de jogos disputados, o Benfica continua primeiro, tendo vencido 76% dos jogos disputados. No entanto, tem um segundo classificado muito próximo e surpreendente. Apesar de ter participado em apenas uma edição da Taça, ou precisamente por isso, dependendo da perspectiva, o GD Coelima venceu 75% dos jogos que disputou nesta prova.


Decorria a época 1982/83. O Grupo Desportivo da Coelima (empresa têxtil dos arredores de Guimarães) disputava pela primeira e única vez as provas Nacionais. O clube surgira meia dúzia de anos antes a disputar as provas da AF Braga, tendo alcançado o escalão maior do futebol bracarense em duas épocas consecutivas. A presença na Série A da 3ªDivisão viria a ser penosa, tendo o clube vencido apenas três das 30 partidas disputadas, não conseguindo fugir ao último posto e consequente descida. Se no Campeonato precisaram de trinta jogos para vencer três, na Taça, venceram três das quatro partidas disputadas! Na 1ªEliminatória receberam o CDC Montalegre, à época disputar o Distrital da AF Vila Real. A vitória do Coelima foi clara – 4-0. Seguiu-se uma deslocação a Nisa, para defrontar o S Nisa e Benfica, que disputava o mesmo escalão do Coelima, mas na Série D. Nova vitória, desta feita pela margem mínima.


O sorteio da 3ªEliminatória ditaria o único jogo oficial em que o GD Coelima defrontaria um adversário de escalão superior. O Leça FC disputava a Zona Norte da 2ªDivisão Nacional. O resultado ? Vitória da Coelima por 4-2. Na 4ªEliminatória, terminaria o percurso histórico. A deslocação era longa, a viagem foi até Lagos, onde os esperava o Esp.Lagos, equipa do terceiro escalão que acabaria por se sagrar Campeão Nacional da 3ªDivisão nessa época. O sonho foi desfeito e com direito a goleada. O regresso ao Minho foi feito com seis golos na bagagem. No final da época, a descida aos Distritais não teria regresso.


Em número absoluto, a Académica é o clube que perdeu mais jogos a contar para a Taça de Portugal (84). Seguem o clube de Coimbra de perto neste ranking pouco simpático o Atlético, o Vitória de Guimarães, o Belenenses e o Braga. Percentualmente, 151 clubes perderam todos os jogos que disputaram para a Taça de Portugal. Dois deles (Covilhã e Benfica e SC Horta) tiveram sete oportunidades para contrariar este valor.


O Arsenal Clube do Bessa, antigo satélite boavisteiro, é o clube com menor percentagem de derrotas em jogos da Taça. Para este valor, muito contribuíu o facto de, na única participação na prova (1990/91), ter disputado dois desempates, numa altura em que ainda se disputava um segundo jogo em caso de empate. Começou por eliminar o Fiães na 2ªEliminatória. Depois, não conseguiu vencer o Monção, sendo forçado a um desempate no Alto Minho, onde só venceu no desempate por pontapés da marca de grande penalidade. Na 4ªEliminatória, o Imortal saíu derrotado no Bessa por 1-0. Seguir-se-ía o Ol.Moscavide. A eliminatória começou no Bessa, mas só terminaria na zona oriental de Lisboa, com vitória para o Arsenal axadrezado por 1-0. A aventura dos jovens boavisteiros terminaria em Famalicão, contra o clube local que disputava a 1ªDivisão. Viria a derrotar o Arsenal do Bessa por 3-0. Deste conjunto de sete partidas, resulta uma percentagem de 14% de derrotas. Muito de perto, seguem Benfica (15%), Sporting e Porto, ambos com 18%.


O clube com mais empates na Taça é o FC Porto (47). Seguem-se Sporting (46), Barreirense (37), V.Setúbal (36) e Benfica (34). Quarenta por cento dos clubes que já participaram nas 70 edições da Taça nunca empataram um jogo sequer.


Quanto à contabilidade de golos, o Benfica é o clube que mais golos marcou (1320) e que mais golos sofreu (380) em jogos da Taça. Em golos marcados, a distância para o segundo (FC Porto-1038) é considerável. Em golos sofridos, adiferença já é mais curta, surgindo o Sporting com 365. Setenta e dois clubes nunca marcaram um golo em jogos a contar para a Taça de Portugal. Três deles tiveram três oportunidades para o fazer – CRC 22 de Junho/Amor, GD Trancoso e SC Gonçalense.


Em termos médios, o clube mais goleador da Taça é o Unidos do Barreiro. Já extinto, o clube barreirense participou em apenas duas partidas da edição da Taça de Portugal de 1942/43. depois de derrotar o Lusitano VRSA por 7-1, foi eliminado pelo FC Porto (0-2), garantindo uma média de 3,5 golos por jogo. Tal como acontece com o Arsenal do Bessa, este record do Unidos do Barreiro é ameaçado de perto pelo Benfica, que surge com uma média de 3,34 golos por jogo. No entanto, e dado o número elevado de partidas disputadas pelos encarnados, é provável que o record barreirense perdure durante alguns anos. Repare-se no seguinte exemplo. Mesmo que o Benfica atinja a Final do Jamor esta época e faça um total de 20 golos nos 5 jogos que disputaria até lá (inclusivé), aumentaria a média para 3,35. Ou seja, o aumento seria de apenas 0,01!


As piores médias de golos sofridos pertencem a clubes que, tendo disputado apenas um jogo, sofreram goleadas expressivas. O destaque vai para os cabo-verdianos do Mindelense. A época era 1970/71 e os clubes das ex-colónias participavam nas últimas eliminatórias da Taça de um Portugal que se dizia ir do Minho a Macau. Resultado ? 0-21!


Jogou-se a 23 de Maio de 1971 no antigo Estádio José Alvalade. Sete golos de Peres, seis de Lourenço, três de Pedras, dois de Tomé e um de Chico, Dinis e Marinho. Nunca se marcara tantos golos num jogo da Taça. Não se voltaria a repetir.


A segunda pior média de golos sofridos data da época 1999/00. Por via da participação na Final da Taça da AF Lisboa da época anterior, o Dramático de Cascais (mais conhecido pelo jogo da oval) qualificou-se para a Taça de Portugal. Deslocou-se a Sines para defrontar o Vasco da Gama local e regressou à Linha com 14 golos sem resposta.


Por cada participação na Taça, o Benfica joga em média 5,64 partidas, seguido do Sporting (5,34) e FC Porto (5,33). Mas o comando deste ranking pertence ao Arsenal do Bessa, na tal época 1990/91 em que disputou 7 jogos, contando com dois desempates. Praticamente um quinto dos clubes que já participaram nas 70 edições da Taça disputaram apenas uma partida em cada edição da Taça de Portugal que disputaram.


Convencionando atribuir 3 pontos por vitória e 1 por empate, a tabela é comandada pelo Benfica (2,37), logo seguido do já referido GD Coelima (2,25). O clube já extinto tem muito próximos o Sporting (2,22), o FC Porto e o também desaparecido Arsenal Clube de Braga (2,20). O quadro seguinte inclui o TOP 30 em termos de pontos.



quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Borbense empata Redondense



A jornada inaugural da Divisão de Honra da AF Évora agendava um duelo entre vizinhos. A equipa do Redondense FC deslocava-se a Borba, para defrontar o SC Borbense. Em termos de palmarés, o Borbense é mais forte. Seis presenças na 3ªDivisão contra apenas uma do Redondense e oito presenças na Taça de Portugal contra três dos visitantes. Mesmo a nível distrital, o Borbense conta com cinco títulos de campeão da divisão principal da AF Évora, contra apenas um do Redondense.

No entanto, as últimas épocas têm registado uma aproximação por parte do Redondense. Ainda assim, nas últimas dez temporadas, apenas em 2007/08, o clube do Redondo concluíu a época à frente do Borbense. Para esta época, a contratação de Paulo Sousa (ex-Lusitano de Évora) para o comando técnico, aponta para uma aposta do Redondense em lutar pelos primeiros lugares.


Tarefa difícil para um clube que tem como melhor classificação das últimas dez épocas um quinto lugar em 1999/00. Natural do Redondo, Paulo Sousa (32 anos) fez toda a sua carreira como sénior no Lusitano eborense, tendo tomado conta do comando técnico da equipa em Abril de 2007, terminando em 11º lugar na Série F da 3ªDivisão Nacional. Na época seguinte, terminou em 9º, conseguindo a manutenção na 2ªFase da prova. Em 2008/09, ficou em 10º, logrando a manutenção numa 2ªFase em que não sofreu qualquer derrota.




Domingo passado, a estreia no campeonato estava marcada para Borba e o jogo começou com toada mais dos visitantes. A maior qualidade e experiência dos seus jogadores colocavam a defesa do Borbense em apuros. Aos quinze minutos, após cruzamento remate de Farrapa (22 anos), Marono (36 anos)(passou por Escouralense e Alandroalense, entre outros) deixa-se antecipar quando tinha tudo para fazer golo. Cinco minutos passados e é Farrapa que remata fraco e à figura de Armando, após bom lance de entendimento pela direita.


O Redondense prometia e ao minuto trinta e um surgiu o golo inaugural. Marono e Ferrão (ex-júnior do Lusitano de Évora) tabelam sucessivamente na área borbense, sobrando a bola para Fradinho (32 anos)(ex-Perolivense) que não perdoa.

Apesar de abnegada, a equipa do Borbense não construíu qualquer jogada de registo durante o primeiro tempo. Aos quarenta e quatro minutos de jogo, o técnico Saraiva Neves (45 anos)(Treinou o Santiago Maior e o Calipolense) rende a sua unidade mais frágil, fazendo entrar Ruca (28 anos)(esteve no Elvas no início da época), o melhor marcador da equipa na época passada. Apesar de ser evidente a fragilidade com que o jovem Zé Grego (ex-júnior) se exibiu, o técnico borbense poderia ter evitado substituír o atleta a um minuto do intervalo.



O segundo tempo começou sem grandes alterações. Aos 57’, o árbitro assinala a marca de grande penalidade, punindo uma alegada mão de Tracanas (25 anos)(ex-Bencatelense, jogou também no Calipolense) na área redondense. Até aqui inofensivo, o Borbense tinha oportunidade de igualar a partida e Ruca não falhou.

O empate foi inspirador para o Borbense, salientando-se neste período André (ex-júnior), Filipe Pereira (20 anos)(Juvenil e Júnior no Belenenses) e o capitão Libério (34 anos).



No entanto, as suas iniciativas foram sendo travadas pela defesa redondense, onde se destacavam o central Tracanas e o lateral Carlitos (20 anos)(ex-Sp.Viana, foi júnior no Lusitano de Évora).



Demonstrando sempre maior objectividade, o Redondense volta a adiantar-se no marcador aos 70’, num desvio do recém entrado Jorginho (33 anos)(ex-Alcaçovense). Apesar de faltarem ainda 20 minutos para o fim da partida, sentia-se no estádio que as coisas estariam decididas. E assim seria, não fosse um lance insólito, registado no último minuto do tempo regulamentar. Numa fase em que o médio Luís Mendes (PRETO)(28 anos, há várias épocas no clube) já acrescentara centímetros à equipa da casa, o futebol directo era uma opção desesperada. Numa reposição de bola em jogo, a bola é colocada pelo guardião Armando no (então) lateral-esquerdo Salabarda (23 anos)(Foi júnior no Campomaiorense e passou pelo Rio de Moínhos e Alandroalense). Este, ainda antes da linha de meio campo, procura colocar a bola na área do Redondense. Caprichosamente, a bola dirige-se com um efeito tal que acaba por entrar no canto superior direito da baliza à guarda do veterano João Carlos (38 anos)(Cumpre a segunda época no clube, após uma carreira sénior que começou no Lusitano de Évora, onde esteve várias épocas).

Surpreendendo tudo e todos, o Borbense empatava a partida e forçava a repartição de pontos. Pouco depois, o árbitro dava por terminada uma partida que o Redondense poderia e deveria ter ganho.

domingo, 18 de outubro de 2009

Último vence Líder em Lourel

O Pero Pinheiro começou a época assumindo a candidatura à subida de divisão. À 4ªJornada, com apenas um ponto conquistado, troca de treinador. Sai Pedro Abranja e entra Paulinho.

O antigo central de Estoril, Nacional, Benfica e Est.Amadora, acabou a época transacta no banco d’”O Elvas”. A estreia estava marcada para o terreno do Lourel. Ao invés do seu adversário, os leões sintrenses haviam descido de divisão, sendo repescados após a “subida administrativa” do Tojal. Aspirações tão distintas quanto os inícios de época. Às primeiras quatro jornadas corresponderam quatro vitórias e o primeiro posto da tabela.

LOUREL – Tiago Monteiro; Barroso, Hélder, Simão e Edgar; Augusto, Zezinho, Oliveira (cap.) e João Raimundo; Patrick e Barradas.


PERO PINHEIRO – Ferro; Maruca, Carlos Sousa, Miguel Vicente e Fábio; Aguiar (cap.), Rodas, Tiago Almeida e Serrinha; Rafa e Brito



Em futebolês, “chicotada psicológica” significa injecção de motivação extra e foi isso que se viu domingo (dia 11) com os forasteiros a entrar pressionantes em campo. O Lourel demorou 27 minutos a entrar no jogo, quando Zezinho consegue desmarcar Patrick para um remate fraco deste. Aos 34’, e quando o Lourel até já equilibrara a partida, Tiago Almeida (antigo jogador do Lourel) finaliza uma boa jogada do veterano Brito. Aos 36 anos, o jogador mais experiente em campo, chegou a representar Estoril, Felgueiras, Marco e Leixões, na Liga de Honra.


Até ao intervalo pouco se passou digno de registo. Para a segunda parte, Paulo Rocha faz saír o perdulário Patrick e entrar o regressado Bernardo. O avançado de 25 anos esteve vários meses ausente após intervenão cirúrgica. Cumpre a 5ª época em Lourel após passagens por Real e Pero Pinheiro.


Ainda assim, a segunda parte começa com alguns lances de perigo protagonizados por Serrinha, um dos melhores em campo. Aos 72’, Brito remate em “volley” para ua grande defesa do jovem Tiago Monteiro. Dez minutos depois, já em futebol directo para a área do Pero Pinheiro, Barroso cabaceia ao lado.

Aos 88’, Serrinha volta a fazer das suas, apesar de não concretizar. O momento mais emocionante do jogo aconteceu já em período de compensação, quando Bernardo cabeceia por cima junto do poste direito da baliza à guarda de Ferro, guardião com uma tarde de pouco trabalho.


A vitória do Pero Pinheiro aceita-se e perspectiva uma recuperação na tabela. Quanto ao Lourel, destaque para Hélder (central de 19 anos), Zezinho (patrão do meio-campo ex-1ºDezembro, onde esteve 8 temporadas) e João Raimundo, o criativo ex-Igreja Nova e formado no Est.Amadora.


sábado, 3 de outubro de 2009

Futebol Benfica-Sacavenense - Qualidade em Dia de Eleições

Em dia de eleições legislativas, Futebol Benfica e Sacavenense voltaram a disputar um jogo de futebol, após duas épocas em que disputaram escalões diferentes. O popular Fofó desceu da 3ªDivisão Nacional, enquanto que o Sacavenense regressou ao principal escalão do futebol lisboeta.


Jogava-se a 3ª ronda da Divisão de Honra da AFL desta época. À partida, esperar-se-ía uma partida desequilibrada a favor dos da casa. No entanto, a equipa do Sacavenense apresentou-se sempre desinibida, sendo mesmo aquela que apresentou o melhor futebol em campo. Aliás, registe-se que não me recordo de ver o Fofó jogar tão pouco, o que também contribuíu para o destaque do Sacavenense. No entanto, isto não impediu a vitória dos de Benfica, devido a um auto-golo logo a abrir a segunda parte e a uma boa finalização de Marmelo, a sete minutos do fim.


Mas o destaque maior da partida foi ter assistido a uma exibição cheia de qualidades de um tal de Godinho, jovem que não conhecia, o que só aguçou mais a minha curiosidade. Técnica, velocidade e semelhanças com Luka Modric, o internacional croata.

Partilhou com os colegas de equipa uma imensa vontade de vencer, mas via-se que a qualidade individual se destacava dos restantes. Jogo concluído com vitória do Fofó por 2-0 e voto depositado na urna, restava descobrir quem seria este Godinho. Aqui fica o resultado da “descoberta”.

Godinho é um jovem acabado de completar 20 anos. Formado no Belenenses, chegou mesmo a ser convocado para os sub-18 de Portugal. Na época passada, esteve no Atlético do Cacém até Dezembro, quando foi ajudar o Sacavenense a regressar à Divisão de Honra. Esta época, o Odivelas (2ªDivisão) foi buscá-lo. No entanto, aconteceu a Godinho algo que é cada vez mais recorrente. Ainda estávamos em Setembro quando Godinho se viu forçado a abandonar o Odivelas por “motivos profissionais”. Regressou ao Sacavenense. Por estes dias, o defesa belenense Barge referia-se ao facto de haver bons valores nas divisões inferiores do nosso futebol. Tem razão. Quando jogadores talentosos como Godinho têm de alinhar nos Distritais, algo de muito negativo se passa no nosso futebol. Neste caso, beneficia o Sacavenense.