sábado, 28 de novembro de 2009

Quase Taça


A Associação Desportiva de Oeiras (ADO) fez a sua 3ª participação na Taça. Na estreia, chegara à 4ªEliminatória, eliminado pelo Boavista por 1-3 em casa. O adversário do último Domigo, o Pinhalnovense, está na 15ª participação. Vai para a 5ªEliminatória depois de eliminar a jovem equipa da ADO. É a quarta vez que atinge fase tão avançada na competição. Nas três ocasiões anteriores foi sempre eliminado por clubes do escalão principal – Belenenses (04/05), V.Setúbal (05/06) e Sporting (06/07). Mas a tarefa pinhalnovense não foi nada fácil.


Árbitro: Diogo Santos (Aveiro)


OEIRAS-Nuno Silva; Sérgio, Lima (cap.), Francisco e Edson; Nuno Alves, Leonel, Geraldino (Luís Tavares 54’) e Luís Carlos (Issa 72’); Jorge Cordeiro (Paulinho 80’) e Ricardinho

Tr. Pedro Borreicho (Luís Roquete ausente por doença)


PINHALNOVENSE-Pedro Alves; Tiago Sousa (Pedro Alves 69’), Hugo Costa, Santamaria e Toninho; Miguel Soares (Amaro Filipe 90’+2), Semedo, Laurindo e Mustafá; Diego e Quinaz (Ismael 64’)

Tr. Paulo Fonseca


O onze inicial da ADO apresentava uma média de 25 anos, tendo quatro titulares entre os 19 e os 20 anos de idade. No final do jogo, com as substituições, a média baixara para 23 anos, apesar da presença do capitão Lima (37 anos).


O jogo começou animado, com a equipa da casa a demonstrar personalidade frente a um adversário de escalão superior. Ainda assim, aos 12’, Toninho remata em “volley”, de fora da área, naquele que foi o primeiro lance de algum perigo. Seis minutos depois, num livre directo sobre o lado esquerdo, Ricardinho surpreende Pedro Alves com um remate rasteiro ao primeiro poste. O golo entusiasmou os jovens oeirenses, enquanto que o Pinhalnovense parecia algo surpreendido. Aos 33’, aproveitando uma falha de marcação da defesa oeirense, Quinaz remata à entrada da área, por cima da trave. Aos 37’, o médio Nuno Alves (Oeiras) vê o cartão amarelo, o que acabaria por condicioná-lo até ao fim da partida.

A fase final da primeira parte já apresentava alguma supremacia visitante. Os últimos dois minutos do primeiro tempo prometiam uma segunda parte interessante. Hugo Costa cabeceia por cima, na sequência de um canto. De imediato, o Oeiras quase faz o 2-0. No último lance da primeira parte, Miguel Soares remata com a bola a passar junto a um dos postes.


A segunda parte começa no mesmo tom, com um remate forte de Quinaz ao lado.


Aos 60’, o Oeiras reequilibra a partida, conquistando três cantos consecutivos. Quatro minutos depois, Paulo Fonseca resolve retirar Quinaz de campo, substituíndo o jovem camisa 10 pelo brasileiro Ismael.

Na primeira intervenção na partida, Ismael cabeceia à trave, façanha que repetiria sete minutos volvidos. O domínio do jogo era forasteiro e só a trave da baliza de Nuno Silva mantinha a ADO na frente da eliminatória. O empate surgiria aos 75’, num remate cruzado de Diego, após combinação com Ismael. O Pinhalnovense mantinha um ritmo elevado, procurando resolver a eliminatória no tempo regulamentar. As poucas iniciativas atacantes da equipa da casa íam esbarrando na dupla Hugo Costa/Santamaria. Acabou por ser mesmo o experiente Hugo Costa a resolver a eliminatória a quatro minutos do fim, numa recarga a novo cabeceamento à trave.

Os diferentes ritmos entre a 2ª e a 3ª Divisão foram evidentes na 2ª parte. Em termos individuais e até colectivos, nomeadamente na forma como fizeram circular a bola, os jovens da ADO não foram inferiores ao Pinhalnovense.


Destaques individuais para a já mencionada dupla Hugo Costa/Santamaria e para dois jovens da ADO. Já conhecia a qualidade de Leonel e Ricardinho, fiquei a conhecer o guardião Nuno Silva e do central Francisco Martins. A rever numa equipa que parece ter estofo para subir de divisão.


sábado, 21 de novembro de 2009

Rol de Chuva


A curiosidade era antiga. O Grupo Desportivo Recreativo Cultural Ponterrolense é o segundo clube com mais presenças na Divisão de Honra da AF Lisboa. Apenas falhou uma edição porque subiu à 3ªDivisão Nacional, após ter sido vice-campeão em 98/99. Já assistira a jogos do Ponterrolense, mas nunca em casa. Para chegar a Ponte do Rol, tomei a direcção Norte até Torres Vedras. Depois de passar por Gibraltar e Benfica, lá cheguei a Ponte do Rol. O Domingo ameaçava chuva e esta faria a sua aparição a meio da primeira parte para não mais parar.


Único campo de terra batida do escalão maior do futebol lisboeta desta época, o Campo dos Moínhos tornou-se ainda mais pesado com a chuva incessante. O pelado explicará, em grande parte, as dificuldades que os adversários do Ponterrolense sentem nas deslocações a Ponte do Rol. Mas não é a única. Na defesa, o Ponterrolense tem esta época um jogador com larga experiência nos Nacionais. Prestes a completar 36 anos, Esteves cumpre a terceira época no Ponterrolense, após uma carreira iniciada no vizinho Torreense em 1989. Como sénior, alinhou no Lourinhanense, Torreense, Fátima e Barreirense. É o jogador mais experiente do plantel.


Mas o maior destaque vai para a dupla atacante composta pelo cabo-verdiano Naco e o moldavo Roma. Naco faz lembrar Gil, Campeão do Mundo de Sub-20 em 1991. De estatura mediana, faz da sua mobilidade a grande arma que atormenta as defesas adversárias. Tem sido um dos melhores marcadores da Divisão de Honra da AF Lisboa nas últimas épocas. A seu lado joga o pequeno Roma (alcunha do moldavo Roman Lapusneanu). Roma coloca velocidade no jogo do Ponterrolense, procurando servir Naco. Cumpre a segunda época no clube depois de jogar no Encarnacense e no Livramento. Ainda assim, o melhor jogador em campo acabou por ser um dos jogadores visitantes.


Aos 26 anos, o avançado Mário Rui cumpre a segunda época no Ericeirense, depois de uma carreira iniciada no Mafra, clube em que viveu a melhor época da carreira, ao alinhar em metade dos jogos da carreira mafrense na 2ªDivisão de 2005/06. Seguir-se-íam duas épocas no vizinho Igreja Nova. Marcado por Esteves, seu antigo colega no Torreense (02/03), Mário Rui deu muito trabalho à defesa da casa, devido à sua estatura e empenho. Foi dele o primeiro golo da partida, finalizando de cabeça um cruzamento da direita.


Ainda antes do intervalo, Naco empatou na conversão de um pontapé da marca de grande penalidade. O lance foi duvidoso e alvo de contestação por parte dos jogadores e dos (muitos) adeptos ericeirenses presentes. Num jogo marcado pelas más condições atmosféricas, a presença de várias dezenas de espectadores é de salientar, destacando-se a sempre aguerrida massa adepta da Ericeira.

O Ericeirense pareceu quase sempre um degrau acima do seu opositor. Apesar de ter ainda acertado na barra da baliza ponterrolense, não conseguiu desbloquear o 1-1. Agora treinados por Rui Jorge, antigo guardião de Mafra e Real, poderá ser um dos candidatos à subida, apesar de ainda estar muito campeonato por jogar.

sábado, 14 de novembro de 2009

Morreu um Indivíduo


Milhares de mortos num terramoto na Ásia são uma notícia longínqua, quantas vezes sem imagens televisivas. Um acidente rodoviário em qualquer ponto do 1ºMundo tem lugar em todos os noticiários. A morte de uma estrela rock interrompe programações televisivas e tem destaque em tudo o que é media durante semanas. A vida humana tem cotações diferentes. Já se sabia. A morte também. Quando a morte nos é mais próxima, 1 é mais que 10.000. Isto é evidente quando se perde alguém que nos é querido, seja familiar ou amigo. Também acontece quando desaparece alguém que nos habituámos a ver e a admirar. É este o caso da morte de jogadores de futebol. Pelo menos, daqueles que fomos directa ou indirectamente acompanhando. Por isso é que os jogadores de uma equipa amadora colombiana que foram encontrados sem vida junto da fronteira entre a Colômbia e a Venezuela tiveram tanto impacto como as vítimas de um atentado terrorista onde quer que seja.

Quando a notícia é da morte de alguém de quem conhecemos o rosto, a reacção é completamente diferente. Trata-se de um indíviduo e não de um número. Associar um rosto a um facto, seja ele qual fôr, reforça o facto. Quando esse rosto é de alguém que os habituámos a respeitar, o reforço é maior ainda. Quando serenidade, concentração, elasticidade e a dedicação ao jogo se juntam a qualidades humanas inegáveis que o levavam a participar em actividades de índole social ou comunitária, a morte tem um peso tremendo. Foi por tudo isto que derramei lágrimas quando me vi perante a morte de Robert Enke. As lágrimas não derramadas perante uma tragédia sem nomes ou sem rostos.

Porque Enke tinha rosto. Culto e empenhado em diversas áreas, estava muito longe do estereótipo do jogador de futebol oco. Porque foi um excelente guarda-redes, profissão que abraçava apaixonadamente. Porque a sua vida privada estava já marcada pela tragédia da morte de uma filha. Porque por este ou aquele motivo, a sua carreira acabou por nunca assumir o plano de destaque que o seu valor mereceria. Porque o desespero que conduz ao suicídio é algo de uma delicadeza imensa, que só não toca quem nunca experimentou desespero nas suas vidas. Há algumas horas atrás, a caminho das redes de uma baliza açoreana, o ex-colega Moreira ter-se-á lembrado do amigo desaparecido. Eu lembrei-me.