sexta-feira, 29 de julho de 2011

Atlético na Taça




Este Domingo, o Atlético receberá o Freamunde no Estádio José Gomes. Joga-se a primeira jornada da 1ªFase da Taça da Liga. É a estreia do histórico clube de Alcântara em provas organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional. No entanto, o Atlético é um dos clubes com maior historial na Taça de Portugal. Até à época 2010-11, o Atlético disputou 201 jogos, tendo vencido 91, empatado 27 e perdido 83. Em termos de golos, marcou 320 e sofreu 307. Para se ter uma ideia da relevância destes números, refira-se que apenas novo clubes disputaram mais jogos a contar para a Taça de Portugal do que o Atlético e apenas onze venceram mais vezes. Por outro lado, só a Académica perdeu mais jogos. Considerando três pontos por vitória e um por empate, o Atlético ocupa a 11ª posição, descendo para 141º no ratio pontos por jogo.







O resultado mais volumoso obtido pelo Atlético aconteceu na época 1979/80. Jogava-se a 1ªEliminatória. Depois de um empate no jogo disputado na Trafaria, o Atlético venceu o clube da AF Setúbal por 7-0. Essa época culminaria com a descida do Atlético à 3ªDivisão Nacional, pela primeira vez na sua História. Quanto à pior derrota, verificou-se em 1962/63. Depois de eliminar Barreirense e Portimonense, o Atlético disputou a 3ªEliminatória com o Sporting CP. Na 1ªMão, disputada a 19 de Maio de 1963 no antigo Estádio José de Alvalade, o Atlético sofreu 10 golos sem conseguir marcar um único. Figueiredo e Mascarenhas fizeram 4 golos cada! No final da época, o Atlético desceria à 2ªDivisão e o Sporting venceria a Taça.







O Atlético tem, ainda assim, boas recordações de jogos contra os chamados Grandes do nosso Futebol. Para além da ainda recente vitória no Dragão (2006/07), o Atlético vencera os portistas nas Meias-Finais de 1945/46 – 2-1, golos de Gregório e Guedes. Meses antes, na deslocação ao Estádio do Lima, o Atlético fôra derrotado por 11-0! No Campeonato Nacional, o Atlético terminaria em 5º lugar, um ponto acima do... FC Porto, na época do título do rival Belenenses. Nos ¼ de Final, eliminara o SL Benfica (3-2), mas acabaria por perder a Final frente ao Sporting, numa Final em que Peyroteo fez a diferença com dois golos, na vitória sportinguista por 4-2. Mas o Atlético também já ganhou ao Sporting em jogos da Taça de Portugal.







1956/57 - 2ªMão dos Oitavos-de-Final. O Sporting vencera a primeira mão por 3-1. Na Tapadinha, dois golos de Martinez colocaram o marcador em 2-0 a favor dos alcantarenses, mas um golo de Martins terminaria com as aspirações do Atlético. Anos antes, a época 1948/49 veria o Atlético alcançar a sua segunda e última Final. Depois de eliminar Barreirense, Famalicão, Lusitano VRSA e SC Covilhã, o Atlético defrontou o SL Benfica na Final. Os encarnados venceram por 2-1, mas os golos só surgiram no último ¼ de hora de jogo. Corona e Rogério deram vantagem ao SL Benfica, tendo Armindo Silva reduzido em cima do apito final.







A rivalidade do Atlético com os azuis de Belém tem tido na Taça de Portugal uma superioridade absoluta do Belenenses. A História regista oito jogos em quatro eliminatórias. Nas épocas 1943/44, 1958/59 e 1959/60, as eliminatórias ainda eram disputadas a duas mãos e o Belenenses venceu os 6 jogos! Quase vinte anos depois (1978/79), os dois rivais voltariam a encontrar-se em jogos da Taça de Portugal pela última vez. Na Tapadinha, o Atlético conseguiu não perder a única das partidas disputadas com o seu rival para a Taça. No jogo de desempate, o Belenenses venceria por 2-0. Jogava-se a 4ªEliminatória.







Atlético e Freamunde começam a época defrontando-se pela primeira vez na História. Dada a distância ditada pela Geografia e o facto do Freamunde nunca ter disputado a 1ªDivisão, apenas a Taça de Portugal poderia ter juntado estes dois emblemas, mas isso nunca aconteceu. Será a Taça da Liga a fazê-lo.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Quem não se sente

Há um ditado que diz "Quem não se sente, não é filho de boa gente". Penso neste ditado quando releio os comunicados da Direcção do Clube Atlético Pero Pinheiro (CAPP) durante as últimas semanas. Perante acusações de favorecimento e daquilo a que chamam "campanha difamatória do Presidente do Futebol Benfica", qual a reacção da Direcção do CAPP ? Sugerir a leitura dos acórdãos, garantir confiar nos órgãos da AF Lisboa e congratular-se pelas decisões unânimes dos mesmos. Parece-me pouco. Se a razão está do seu lado, haveria que responder ponto-a-ponto a cada um dos factos tornados públicos. Nada disso aconteceu. O comunicado de dia 16 do corrente até aproveita para enviar "votos de felicidades a todos os filiados na AF Lisboa para a época 2011/12". Reacção aos factos ? Nenhuma. Decisões polémicas, desde que unânimes, deixam de o ser ? Este aspecto faz-me lembrar outro ditado - "À Mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer". Aqui ficam os comunicados a que me refiro.











domingo, 17 de julho de 2011

A Justiça que temos

1 - Repito o que já escrevi. Gosto demasiado de futebol para falar de arbitragens. As minhas arbitragens preferidas são aquelas de que, no final do jogo, se diz apenas “não se deu pelo árbitro”. É sinal de que a intervenção do árbitro foi a que deve ser e não mais do que isso. Ainda assim, quem assiste a um jogo de futebol, sabe que inadvertidamente (ou não), os árbitros podem influenciar os resultados deportivos. É pena mas é uma evidência. Ainda ontem, o jogador uruguaio que fez o golo da sua Selecção poderia já não estar em campo, caso o árbitro tivesse sido rigoroso num lance no início da partida. Raras são as vezes em que erros de arbitragem resultam em repetições de jogos, mas são frequentes as situações em que se recorre à chamada “justiça desportiva”. A maior parte das vezes está em causa o castigo de um atleta e pouco mais. A época 2010/11 fica marcada por polémicas decisões de secretaria que adulteraram os resultados de um Campeonato.

2 – Fez agora três anos que o sempre polémico Bastonário da Ordem dos Advogados fez declarações em que comparava o comportamento dos magistrados com aquele dos agentes da PIDE. Explicava que, em muitos casos, o que lhes falta em humildade, sobra em autoridade, criticando o que chamou de "sistema de gestão autocrática dos tribunais" assente "numa só pessoa", um dos juízes. Deixava claro que “Não é nas leis que está o mal da administração da justiça” mas sim em quem as interpreta. “Um bom magistrado faz boa Justiça mesmo com más leis e até sem ela”.

3 – A justiça desportiva é, supostamente, algo de aplicação simples. Existe um regulamento disciplinar, sendo apenas necessário aplicá-lo. Um dos factores essenciais da justiça é aplicar penas equivalentes a infracções equivalentes. Se na justiça civil essa equivalência levanta imensas questões, no Futebol essa dificuldade é bem menor. Ou deveria ser.

4 – O Conselho de Disciplina da AF Lisboa atribuiu pena de derrota a ambos os clubes no jogo Linda-a-Velha-Futebol Benfica, assim como a pena de derrota à Alta de Lisboa na deslocação ao Campo Pardal Monteiro, em Pero Pinheiro. Para tal discrepância, os meretíssimos tiveram de justificar-se com base numa suposta invasão de campo por parte de adeptos da Alta de Lisboa.

5 – Não assisti a nenhuma das duas partidas, pelo que me limito a referir aquilo que são factos, tanto os que constam nos Processos, como os assumidos pelos intervenientes e disponíveis na blogosfera:

Facto 1 – Os dois jogos não chegaram ao seu término devido a distúrbios entre elementos das equipas;

Facto 2 – O jogo Linda-a-Velha–Futebol Benfica durou 36 minutos e o resultado era 0-0;

Facto 3 – O jogo Pêro Pinheiro–Alta de Lisboa terminou quando faltava jogar apenas um minuto do período de compensação dado pelo árbitro e o resultado era 1-1;

Facto 4 – O Relatório do árbitro João Filipe Malheiro Pinto faz alusão a uma “invasão” nestes termos: “Enquanto os jogadores se agrediam houve invasão de campo dos jogadores suplentes de ambas equipas”;

Facto 5 – No depoimento ao inquiridor, o árbitro refere mesmo que “se tem conseguido retirar do local o jogador nº 22 do P Pinheiro as coisas teriam ficado por ali e nada disto se teria passado mas infelizmente apesar dos seus esforços não conseguiu os seus intentos e o jogador acabou por estar na origem dos confrontos que se seguiram”;

Facto 6 – O árbitro terá informado o comandante da força policial de que faltava cerca de um minuto para o fim do jogo, o que não alterou a posição do militar da GNR que alegava não poder garantir as condições mínimas de segurança;

Facto 7 – O Acordão do CD da AFL, resultante da reunião de 8 de Junho, refere que “três adeptos do Clube Arguido, União Desportiva Alta de Lisboa, invadiram o terreno de jogo, com o propósito de neles, também participarem.”;

Facto 8 – O comandante da força da GNR presente no Campo de Jogos escreveu no Relatório de Ocorrências em Recintos Desportivos que “devido à invasão de campo e à desordem provocada pelos jogadores/dirigentes, foi necessário pedir reforço policial. Não foi possível identificar os possíveis autores das agressões ou espectadores que invadiram rectângulo jogo, pelo facto de não existirem as condições de segurança para esse efeito”;

Facto 9 – Mais de duas semanas depois, inquirido no âmbito do processo desportivo, o mesmo elemento da GNR refere que “o factor determinante para basear a sua conclusão de que não havia condições de segurança para que o jogo prosseguisse, foi a invasão do terreno de jogo por parte de três adeptos do Alta de Lisboa dos quais um deles nunca chegou a ser identificado ao contrário dos outros dois que o foram e cujos sinais constam do relatório policial que elaboraram.”;

Facto 10 – Os elementos “invasores” identificados pela GNR eram jogadores do Alta de Lisboa – Saraiva e China;

Facto 11 – O relator do processo (Nuno Lobo) é Chefe de Gabinete do Presidente da Câmara Municipal de Sintra;

Facto 12 –Pero Pinheiro é uma freguesia do concelho de Sintra, sendo o Clube Atlético Pero Pinheiro, o seu clube mais representativo;

Facto 13 – Se a deliberação sobre o Pero Pinheiro-Alta de Lisboa tivesse sido idêntica à do Linda-a-Velha-Futebol Benfica, a classificação final da Divisão de Honra da AFL seria: 1º Futebol Benfica (subiria à 3ªDivisão Nacional), 2º Loures (poderia subir à 3ªDivisão Nacional no caso de surgir uma vaga por desistência) e 3º Pero Pinheiro (disputaria a edição 2011/12 da Divisão de Honra da AFL);

Facto 14 – Não sou adepto de nenhum dos cinco clubes referidos nos pontos anteriores;

Facto 15 – Sou adepto de Futebol e prezo a Liberdade e a Justiça, sabendo que uma sem a outra de pouco vale;

6 – Se algum dos pontos que enumerei e classifiquei de “factos” faltarem à verdade, eaqui espero os reparos que se justifiquem. Uma coisa é certa. Num Mundo em que o Poder mudou vertiginosamente, em que “mercados” e agências de notação ditam mais que Governos eleitos, a Democracia deve sobrepôr-se à Economia e não o inverso. Vivemos tempos em que a luta contra as arbitrariedades dos diversos poderes se torna crucial, sejam elas na Política, na Economia ou no Futebol.

7 - No Futebol, a Justiça deverá estar ao serviço do jogo jogado nas quatro linhas e não adulterar aquele que (ainda) é o jogo mais fascinante do planeta.