sábado, 31 de dezembro de 2011

Nenhum ser humano é ilegal



A família Sebastião chegou hoje aos Açores após deportação decretada pelo governo do Canadá. À sua chegada, para além dos media, tinha duas casas à sua espera, generosidade do governo regional. Não foi a primeira vez que cidadãos portugueses são deportados e não consta que seja hábito dar-lhes poiso. Os mesmos media que cobrem esta “notícia”, fazem rodapé dos inúmeros que são deportados da Portela. Esses não têm rosto ou nome. Quanto muito, são “Dez chineses” ou “Cinco senegaleses”. Vivemos no tal mundo que nos dizem ser globalizado mas a globalização é díspar. Enquanto os capitais não encontram barreiras fronteiriças e empresas mudam de país com base em folhas de cálculo, famílias são separadas por decreto. Na fronteira entre o México e os Estados Unidos, famílias separadas por fronteiras políticas encontram-se com um muro (foto) a separá-las. A ilha italiana de Lampedusa serve de campo de refugiados para milhares que procuram chegar à Europa, em busca de uma oportunidade de vida. Em Portugal, um cidadão do Burkina Faso tem entrada garantida se jogar futebol mas não se for carpinteiro. Os exemplos são inúmeros.




Temos um Governo que nos recomenda a emigração. Convinha recordar que a emigração é uma solução de último recurso. Desde sempre, o Homem só procurou novas paragens por necessidade, nunca por vontade. A família Sebastião, assim parece, viveu dez anos de forma ilegal no Canadá. Durante esse período, fizeram as suas vidas. Muitos perdem a vida a tentar chegar a um destino, muitos mais acabam deportados e regressam à origem numa situação pior que aquela de que procuraram escapar. Chegamos ao fim de 2011 e assim continuamos. Bom Ano

sábado, 24 de dezembro de 2011

Pero Pinheiro vence Real

O início da segunda volta da primeira fase da Série E da 3ªDivisão Nacional tinha agendado um Pero Pinheiro–Real. No passado Domingo, as equipas alinharam de início desta forma:




P.Pinheiro-Marco Pinto; Fábio Graça, Luís Freitas, Topê e Kadu; Miguel, Serginho e Rui Janota; Geraldino, Hélder Caminho e Nuno Almeida. Tr. Rui Paulo




Real-André Martins; Miguel Gonçalves, Bruno Lourenço, Dino e Wilson; Kikas, Michael e Ladeiras; Luís Carlos, João Paulo e Alcides. Tr. José Marcos




O jogo foi dividido durante a primeira parte, mas sem grandes oportunidades de golo. O primeiro remate à baliza surgiu apenas aos 11’ de jogo com Michael a rematar ao lado. De seguida, é Ladeiras que imita o seu colega de equipa. Aos 18’, Nuno Almeida está perto do golo numa cabeçada. A maior experiência da equipa da casa mostrava que não precisava de muitas oportunidades para criar perigo. Aos 20’, novo remate de Michael, desta vez à figura. Nove minutos depois, o estreante João Paulo (ex-Carregado) tem a melhor chance de golo para o Real. Aos 33’, Rui Paulo mexe na equipa. Sai Fábio Graça e entra Luís Vaz. Serginho toma o lugar de lateral direito e Luís Vaz reforça o miolo. Logo a seguir, Michael tem nova oportunidade sem sucesso. Quatro minutos depois, Nuno Almeida remata para defesa de André Martins. O jogo estava algo partido. Ainda antes deo intervalo, há dois lances de algum perigo, um em cada uma das áreas. Primeiro é Nuno Almeida, que após perda de bola comprometedora na defesa do Real, remata ao lado. Depois é Alcides que tenta o golo num pontapé de bicicleta. O jogo chegava ao intervalo muito equilibrado e com o resultado em branco. Para a segunda parte, Rui Paulo faz a segunda substituição, trocando Hélder Caminho por Carlos Gomes.




A segunda metade não poderia ter começado melhor para a equipa da casa. Aos 48’, num lance em que Nuno Almeida sai de posição duvidosa, um chapéu a André Martins faz o que seria o único golo da partida. A equipa do Real sentiu o golo e, aos 55’, após mais uma falha defensiva, Rui Janota remata por cima. Logo depois, José Marcos mexe na equipa, saindo Luís Carlos para a entrada do jovem Rodrigo. O Real apostava em chegar ao empate mas é o Pero Pinheiro que está próximo do 2-0 num contra-ataque. Diga-se que, a partir do momento em que chegou ao golo, a equipa da casa se resumiu ao contra-ataque. Ainda assim, não voltaria a criar qualquer perigo até ao final do jogo. As oportunidades de golo para o Real foram surgindo, ora por Alcides, ora por Rodrigo ou Michael. Aos 89’, Rodrigo coloca a bola nas redes mas o árbitro auxiliar assinala fora-de-jogo, num lance semelhante ao que deu o golo do Pero Pinheiro.






O Real voltou a perder após a derrota em Alcochete, num jogo com reminiscências dos primeiros jogos da época. A equipa criou oportunidades para vencer e acabou por sair derrotada. A segunda volta reserva ainda seis jogos em casa e apenas quatro deslocações, pelo que a equipa tem todas as condições para assegurar um lugar entre os seis primeiros.




Durante a semana, por motivos pessoais, José Marcos abandonou o comando técnico do Real. Não conheço pessoalmente o agora ex-técnico do Real. No entanto, e já o referi aqui, fui-me habituando a respeitar a sua postura perante o futebol. Desejo-lhe que tenha melhor sorte do que aquela que teve ao serviço do Real e que os motivos que o levaram a sair do clube se resolvam da melhor forma possível.




Para o lugar de José Marcos, vai agora João Silva que acumulará funções com a de responsável técnico da equipa júnior. Conhecedor de grande parte dos atletas que compõem o plantel, seja como técnico ou como adversário, João Silva irá encontrar o seu irmão Luís, técnico do Sacavenense.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Fair play e telhados de vidro


Ponto prévio: não julgo que o fair-play seja uma treta. É por isso que apreciei a forma como Crystal Palace e Zenit de bateram em Old Trafford e no Dragão, respectivamente. Apesar de se verem acossados pelos adversários e remetidos para as suas áreas, em nenhum momento encetaram anti-jogo tão típico de outras paragens. Malafeev, guardião russo do Zenit nem sequer se terá lembrado de simular uma lesão ou outra para quebrar o ritmo do FC Porto. Aconteceu o mesmo com Artur no jogo com o Sporting. Mas aí, segundo algumas crónicas e alguns vídeos, Jorge Jesus deu indicações ao seu guarda-redes para cair e ele caíu. Foi o suficiente para gerar uma onda de indignação sportinguista. Pessoalmente, preciso as atitudes do Zenit e do Crystal Palace à de Jesus, mas algo me diz que esta indignação tem telhados de vidro. Ainda ontem, em Coimbra, com Hélder Cabral lesionado na área da Académica, nenhum jogador do Sporting se lembrou de atirar a bola para fora. Pelo contrário. Janeiro vai ter um Sporting-FC Porto. Imagine-se: a quinze minutos do fim, o Sporting vence por 1-0 e está reduzido a dez jogadores. Algo me diz que vão cair jogadores do Sporting e nem sequer vai ser necessária a indicação expressa de Domingos, pelo menos no relvado.

Infelizmente, a nossa sociedade tende a valorizar a esperteza em detrimento da inteligência, o desenrascanço e não tanto a criatividade e inovação. É neste quadro que estes fenómenos se inserem. E neste quadro, o que Jesus fez foi forçar um desconto de tempo, algo que faz parte das regras de diversas modalidades. O que os jogadores do Sporting fizeram em Coimbra é outra coisa.

Banho de humildade



Neymar e Ganso, duas das maiores figuras da equipa do Santos, destacaram-se este fim-de-semana. Estranho. O Santos até jogou mas perdeu com o Barcelona. Pois é. É que os dois jogadores internacionais pelo Brasil disseram coisas como "hoje aprendemos a jogar futebol". São dois atletas avaliados em dezenas de milhões de euros. Nem os jogadores das equipas eliminadas pelo Barça até à Final se exprimiram nestes termos. Mas se o Barça ensinou o Santos a jogar futebol, o Santos enviou mensagem forte de humildade para o Mundo. Chegará a Madrid?

domingo, 18 de dezembro de 2011

Apontamentos da Série E

Começa hoje a segunda volta da primeira fase da 3ªDivisão Nacional. Na Série E, o equilíbrio é a nota dominante ou quase. Dos doze clubes participantes, apenas três se têm destacado. Dois deles pela positiva (Oeiras e Sintrense) e um pela negativa (Elvas). Curiosamente, os alentejanos são o clube com maior historial de entre todos os participantes. Numa prova cque tem tido uma média de 2,5 golos por jogo, Sintrense e Olímpico marcaram por 16 vezes, o que dá menos de 1,5 golos por jogo. O pior ataque é o do Eléctrico, o que não impede o clube alentejano de ocupar o 5º posto da classificação. A defesa do Oeiras é a menos batida até ao momento, com apenas 5 golos sofridos. No extremo oposto da tabela e do ranking de golos sofridos está O Elvas, com a defesa mais batida – 25 golos.



Apesar de já ser comum dizer-se que “prognósticos só no fim”, arrisco avançar com alguns. Baseado nos jogos a que assisti e nos resultados dos 66 jogos disputados até agora, diria que Oeiras e Sintrense serão fortes candidatos a discutir o primeiro lugar da Série E. Na segunda volta, têm a vantagem teórica de ter mais um jogo em casa do que fora, o que no caso dos sintrenses tem sido bem aproveitado (cinco vitórias em cinco jogos). As quatro equipas que acompanharão Oeiras e Sintrense na discussão dos lugares de subida à 2ªDivisão poderão ser Sacavenense, Futebol Benfica, Casa Pia e Real. As equipas da AF Setúbal (Alcochetense e Olímpico) terão de fazer mais do que até aqui para lutar pela subida. Pero Pinheiro e Eléctrico são equipas que podem surpreender e até condicionar as carreiras de alguns dos favoritos teóricos. O clube do mármore, por exemplo, conta por empates os jogos disputados fora do Pardal Monteiro. Quanto à equipa do SL Cartaxo, diria que se coloca apenas um nível acima de O Elvas, fortes candidatos a regressar aos Distritais. Mas prognósticos são apenas isso mesmo. Ainda para mais, convém recordar, para a segunda fase, os pontos são divididos por dois, pelo que o equilíbrio poderá ser ainda maior.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Real perde em Alcochete num jogo pobre




O pior jogo a que assisti esta época decorreu em Alcochete no passado Domingo, quando GD Alcochetense e Real SC se defrontaram para a 11ªJornada da Série E da 3ªDivisão. De início, as equipas alinharam:




GD Alcochetense - João; Tralhão, Piqueira, Nuno Gaspar e William; Jadson, Valter e Luís Costa; Paulinho, Ricardinho e Djão. Tr. Élio Santos




Real SC – André Martins; Paulinho, Bruno Lourenço, Dino e Wilson; Kikas, Michael e Amar; Miguel Gonçalves, Luís Carlos e Alcides. Tr. José Marcos




O jogo teve pouquíssimos motivos de interesse. O Real foi sempre a equipa que mais fez por chegar ao golo num jogo em que saíria derrotado devido a uma grande penalidade muito duvidosa assinalada pelo árbitro António Matias (AF Portalegre) aos 32’ da primeira parte. A vencer, o Alcochetense preocupou-se apenas e só a defender. A equipa que tão boa conta de si deu na Taça de Portugal não esteve em campo. Como se não bastasse a falta de qualidade do futebol exibido, assistiram-se a situações que já nem nos Distritais têm lugar, como colocar a bola dentro de campo, forçando a interrupção da partida, etc. A equipa de arbitragem esteve muito bem tecnicamente. Em termos disciplinares, o árbitro foi lesto na mostragem dos primeiros amarelos aos jogadores (onze vezes!), mas bem menos na mostragem de um segundo. A “fava” acabou por sair a Djão, expulso aos 66’ por acumulação. A partir daí, a equipa da casa fechou-se ainda mais e o Real não conseguiu ameaçar as redes à guarda de João. O resumo do jogo ilustra bem a falta de ocasiões de perigo junto das balizas. Um jogo nulo deveria ter tido um resultado nulo. Isso só não aconteceu devido ao lance já referido. Destaque no Real para a estreia dos jovens Ventura e Caramelo, recém chegados do Ribeirão. A primeira volta da primeira fase terminou. Venha a segunda para que as recordações deste jogo se esfumem rapidamente.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Somos todos senegaleses

Florença, Verão de 2010 – Assisto a uma das cenas mais escabrosas de 37 anos de vida. Nas movimentadas ruas de Florença, próximo do Duomo, a Polícia procura cercar os vendedores ambulantes africanos que por ali procuram ganhar uns euros. O empenho das autoridades é tal que, a certa altura, um polícia montado numa moto, inicia uma perseguição a alta velocidade pelo meio dos transeuntes. Imaginem o que seria uma perseguição em motorizada na Rua Augusta ou na Rua de Santa Catarina, pelo meio dos peões. Foi tal a minha estupefacção e revolta que nem me lembrei que tinha à mão a máquina fotográfica. A estranheza e repulsa pareciam atingir apenas os turistas, pelo que presumo que os fiorentinos estivessem habituados a tais performances. Berlusconi governava a Itália e as políticas anti-imigração estavam bem presentes na sociedade italiana.



Lembrei-me de tudo isto hoje, ao ouvir a notícia do que se passou ontem na capital toscana. “Dois senegaleses mortos por extremista de direita em Florença”, rezam os títulos dos jornais. Se é em altura de crise que este tipo de sentimentos se apresentam de forma menos envergonhada, é também nestas alturas que se deve adaptar a famosa palavra de ordem anti-racista e dizer “Somos todos senegaleses”.




Isto não é futebol mas é bom lembrar que há coisas bem mais importantes que o maior espectáculo do mundo. Mas mesmo aqui há sinais perigosos. Nas últimas semanas, recordo-me de ter voltado a ouvir os infames guinchos em campos de futebol – Olhão e Aveiro. Nos estádios como nas escolas ou nas empresas, convém estar atento. A seu lado pode estar sentado uma besta que se deixa levar pelo facilitismo da crítica do “outro” apenas porque o “outro” é diferente, seja na cor da pele ou na forma de vestir, pensar, falar ou sentir. O resto de civilização que ainda nos resta depende de cada um. Bem a propósito, cito uma carta famosa do sub-comandante Marcos e que tão bem ilustra o desafio imenso com que nos defrontamos:



“Marcos é gay em São Francisco, negro na África do Sul, asiático na Europa, hispânico em San Isidro, anarquista na Espanha, palestiniano em Israel, indígena nas ruas de San Cristóbal, roqueiro na cidade universitária, judeu na Alemanha, feminista nos partidos políticos, comunista no pós-guerra fria, pacifista na Bósnia, artista sem galeria e sem portfólio, dona de casa num sábado à tarde, jornalista nas páginas anteriores do jornal, mulher no metropolitano depois das 22h, camponês sem terra, editor marginal, operário sem trabalho, médico sem consultório, escritor sem livros e sem leitores e, sobretudo, zapatista no Sudoeste do México. Enfim, Marcos é um ser humano qualquer neste mundo. Marcos é todas as minorias intoleradas, oprimidas, resistindo, exploradas, dizendo ¡Ya basta! Todas as minorias na hora de falar e maiorias na hora de se calar e aguentar. Todos os intolerados em busca de uma palavra, sua palavra. Tudo o que incomoda o poder e as boas consciências é Marcos.”

domingo, 11 de dezembro de 2011

Olivais e Algés empatam-se



Domingo passado fui até ao Campo Branca Lucas para assistir ao SL Olivais-UDR Algés. O jogo colocava frente-a-frente os terceiro e quarto classificados da Série 2 da 1ªDivisão da AF Lisboa. A partida terminaria com o nulo no resultado. A equipa da casa foi a que mais fez por vencer, enquanto que a equipa de Algés pareceu satisfeita com o empate que a mantém distante do duo da frente Musgueira e Damaiense. Individualmente, destaque para o central do SL Olivais, João Rocha. Na jornada marcada para hoje, UDR Algés desloca-se à Damaia e o SL Olivais vai jogar com o Águias da Musgueira.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Temos Taça!

Após a eliminação do Leixões pela Académica, fica a faltar apenas um dos clubes que discutirão os Quartos-de-Final. Esse clube será Sporting ou Belenenses, a decidir amanhã. Para já, só os leões poderão vir a impedir uma Final sem "grandes". Para isso, terá de atingir o Jamor, onde poderá defrontar Olhanense ou Marítimo. Se isso acontecer, não teremos uma Final inédita. qualquer outra combinação será inédita. Em 71 edições da Taça, apenas em seis ocasiões a Final foi disputada sem um "grande" - 1942, 1966, 1967, 1976, 1990 e 1999. Curiosamente, o vencedor em 1942 é o clube que tem amanhã uma palavra a dizer nesta prova, o Belenenses.

sábado, 3 de dezembro de 2011