quarta-feira, 27 de junho de 2012

Portugal-Espanha (-1 hora)

A pouco mais de uma hora de uma tórrida meia-final entre Portugal e Espanha, antecipemos o dia de amanhã. Rajoy prepara-se para aumentar o IVA de vários produtos e serviços de 8% para 18% mas só se fala de La roja. Bom, não será bem assim. Mesmo por cá, nem mesmo a boa prestação da Selecção impediu as vaias ao Presidente Aníbal até em pleno Cavaquistão. A dupla Passos Coelho-Gaspar vai dizendo que não são necessárias mais medidas de austeridade mas relembram que o memorando (essa Bíblia Sagrada dos tempos modernos) prevê quaisquer medidas necessárias ao cumprimento do memorando. É uma curiosa adaptação do “by all means necessary”. Se a selecção portuguesa vencer hoje, amanhã ou sexta-feira seriam dias excelentes para anunciar mais medidas de aperto de cinto. Isto porque esperar por Domingo pode ser contra-producente. Uma eventual derrota na Final, seguida de mais apertos é que não seria boa ideia. Nem mesmo o “bom povo português” aguentaria. Seria ?

Do lado de lá da fronteira, há várias comunidades em que o impacto do Euro-2012 é, no mínimo, relativa. Mesmo sem zonas públicas para assistir ao Espanha-França dos Quartos-de-Final, a audiência do jogo no País Basco foi de 63,2% e, na Catalunha, de 67,1%. Se estes números até parecem impressionar, que dizer dos 84,4% de Madrid, cidade em que mais de 40.000 puderam assistir à partir em la Castellana.

É claro que os nossos vizinhos, com particular ênfase para algumas regiões, já têm mais o que fazer/preocupar do que o Euro-2012. Nessa perspectiva, uma derrota da Espanha não teria grande impacto nas mobilizações que se vão sentindo aqui e ali. Mas como a passividade portuguesa é bem mais presente do que a dos nossos vizinhos, este é mais um motivo para desejar a vitória portuguesa daqui a pouco. Não porque isso deixaria a dupla Passos Coelho-Gaspar ainda mais à vontade para fazer de nós o que bem querem. Pelo contrário, porque ao contrário do que diz o ditado, acredito que, de Espanha, podem vir bons ventos. Ventos de resistência numa altura em que resistir é tão necessário, mesmo enquanto se vê futebol.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Notas de Bilbau 3

1. Se os dois primeiros dias em Barcelona me permitiram ver o que previra, o mesmo seria de esperar de uma cidade bem mais pequena, como é Bilbao. Assim, o único destino obrigatório era a Catedral de San Mamés, a casa do Athletic. Já lá passara no sábado mas a ideia era ir à Loja e, principalmente, ao Museu.

2. Ao entrar na loja, arrisquei mais um pouco de euskera, com um "Egunon". A reacção foi positiva pelo que o "Bom Dia" saíu bem. A careca precisava de um boné desde o primeiro dia mas mais vale tarde do que nunca.

3. Para minha tristeza, o Museoa fecha às segundas... Mas mesmo em frente ao estádio, descobri uma loja dedicada a aspectos ligados ao futebol, incluindo colecções impressionantes de pins de origens tão diversas como o Peru, a Albania ou a Namibia!

4. Quando a senhora da loja percebeu que era português, pediu-me desculpa para dizer que não gosta de Cristiano Ronaldo. Frisou que não se referia ao jogador mas ao homem. Pois é... Despedi-me com um "eskerrik asko" que serviu de agradecimento.

5. Numa livraria em liquidação total por mudança de instalações, comprei dois livros sobre a história do Athletic. Neles se recorda algo que ontem ignorei com o entusiasmo italiano. O Athletic tem fortes ligações inglesas. Um famoso adepto do clube chegou mesmo a sugerir, há uns anos, a inscrição da equipa B na liga inglesa!

6. Concluído o lado futebolístico da viagem, ainda houve tempo para aproveitar o passe diário do Metro de Bilbao. Rumo a Plentzia, zona de praia a várias dezenas de quilómetros.

7. No supermercado, ao pedir um saco, sou desmascarado, de nada valendo o boné do Athletic. "Saco? Português? O meu marido é português, de Braganca. Vamos jogar na quarta. Espero ganhar. Senão as minhas cunhadas dão-me cabo da cabeça".

8. Os dois cartões de memória estão a dar as últimas. Ainda não são quatro da tarde e só tenho espaço para 49 fotos!

9. Esta cidade cercada por montanhas poderia provocar uma sensação de claustrofobia mas, ao contrário, transmite conforto.

10. Ainda não tinha feito alusão ao café. Já é muito bom face ao que acontecia por terras vizinhas há uns atrás mas é caro. O café mais barato que bebi ficou em 1,10€.

11. Decidi terminar a viagem com uma visita à Estação Central de Caminhos de Ferro. Jantar cedo também estaava decidido e foi ali mesmo numa casa de sandes que nos perseguem por todo o lado. Na mesa do lado, quatro locais de meia idade debatiam a situação da Segurança Social e do papel dos Bancos nesta crise. A Mãe de uma das senhoras vai reformar-se em breve passando a receber uma pensão de 200€ mensais. Vivemos tempos desafiantes...

12. À saída de Arando, vejo uma camisola 10 de Portugal no tronco de um jovem imigrante. Provocação ao país de acolhimento?

13. Na última caminhada até ao Hotel, optei por um caminho diferente. Assim, foi o acaso que me deu a conhecer a Gorte Kalea, rua em que se misturam muitas proveniências e profissões e, entre estas, o sexo.
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domingo, 24 de junho de 2012

Notas de Bilbau 1.2

1. Problemas vários impediram-me de escrever ontem. Se o cinismo inglês tivesse superado até o histórico recente da Inglaterra nos desempates por penalties, nem teria energias para escrever nada. Assim, aqui vai.

2. Às sete da manhã de ontem já estava em Montbau. Esperava-me uma viagem de metro até à estação de Les Sants. São 15 estações. Calha mesmo bem sair de Barcelona na véspera do S.João e no dia de um Espanha-França.

3. As noites mal dormidas em Barcelona começavam a deixar mossa. Em Bilbau está mais fresco que em Barcelona, o que é simpático para quem anda pelas ruas. O Hotel fica melhor localizado do que esperava. San Anton Eliza é mesmo aqui em baixo e o Casco Viejo é logo a seguir.

4. Bilbau é uma cidade ainda mais interessante do que esperava. A relação do espaço urbano com o rio e as montanhas é impressionante. No dia do Espanha-França, não vi uma única camisola ou bandeira espanholas. Mas vi imensas camisolas do Athletic e uma da selecção de Euskal Herria. Sintomático. Durante a transmissão da Tele 5, não foi por acaso que as únicas alusões às origens dos jogadores tenham tido por alvo os jogadores canários. Quando saíu Silva para entrar Pedro, ouviu-se "Canário por canário".

5. Hoje, para me recompor do cansaço tremendo, só deixei o hotel por volta da uma da tarde. Como ontem já dera a volta à cidade, o plano passava por subir a Artxanda depois de ir até Begoña. Numa loja de produtos bascos, lancei a inevitável questão "Portugal-Espanha?". A resposta não foi diferente da que teria em Madrid ou Sevilha... Como planeava ir a Portugalete, perguntei pela origem do topónimo. Explicou-me que o sufixo "ete" significa pequeno, o que faria de Portugalete um "pequeno Portugal". Ainda me disse que teria havido muitos portugueses a trabalhar na zona do porto de Bilbau, mas isso não faria sentido, a não ser que Portugalete fosse relativamente recente ou que tivesse mudado de nome. Nenhum dos cenários se confirmariam.

6. A caminho da Basilica de Begoña, arrisquei dizer uma palavra em basco. Quando a rapariga me disse o preço da garrafa de água, disse-lhe "larogei". Significa oitenta e lê-se como se existisse um "u" entre o "g" e o "e".

7. À volta da Basilica de Begoña, estão alguns dos 200 hectares de áreas verdes que existem dentro dos limites da cidade. A subida a Artxanda não pôde ser feita pelo funicular, em obras até ao final do mês. À disposição está um autocarro que, por 90 cêntimos, faz um percurso longo mas com o mesmo destino - a melhor vista sobre a cidade.

8. De regresso a Bilbau, o destino era Portugalete, com paragens em duas estações de metro peculiares. Uma delas, Urbinaga, fica numa ponte e tem uma parte a céu aberto. Enquanto fumava, apercebo-me de uma bandeira portuguesa numa janela. Não há bandeiras de Espanha mas há de Portugal!

9. Apesar de não haver referência alguma a Portugal, não foi preciso estar muito tempo em Portugalete para me sentir em casa. Logo à saída do metro, pisei os restos de uma pastilha elástica! Depois, comecei a ouvir o que parecia ( era mesmo) um bailarico. Enquanto seguia o som, passei por um monumento a Salazar que, felizmente, não se trata do Dr. de Santa Comba.

10. De volta ao jogo desta noite, os bilbaínos no restaurante em que jantei estavam a torcer por Inglaterra. Não percebi porquê mas não tentei saber. Devem ter pensado que sou italiano e está noite fui. BlogBooster-The most productive way for mobile blogging. BlogBooster is a multi-service blog editor for iPhone, Android, WebOs and your desktop

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Notas de Barcelona III

Barcelona 3

1. Como andei a cem à hora nos dois primeiros dias, o último dia em Barcelona serviu para ir a locais que não planeara visitar. A ida a Tidibabo confirmou que esta cidade é agora a minha cidade preferida de entre as que conheço no Velho Continente. Lá de cima se dissipam as duvidas, se estas existissem. Barcelona tem mar, praias, zonas verdes, montanha, história e histórias para dar e vender.

2. Rambla de Poblenou
Perguntei pelo memorial do Dr.Trueta. "É ali em cima, vou nessa direcção".
Os minutos que se seguiram são daqueles inolvidáveis e que constituem lições. "Português? Mas falas bem o espanhol. Seria bem mais fácil se todos falassem a mesma língua". Arrisquei falar da Torre de Babel. A reacção que obtive foi um ataque à religião. "Isso são histórias que nos contam os curas". "Se Deus tivesse castigado os Homens pela Torre de Babel, o que faria hoje que o Homem já foi à Lua".
Tinha 4 anos quando rebentou a Guerra Civil, fez oitenta em Janeiro. "Tempos dificeis, quando os franquistas entraram na cidade", disse eu. Pois...

3. Nasceu no quatrocentos e pouco da Pere IV. Passou fome enquanto os armazéns do Estado abarrotavam de mantimentos, alguns retirados de pessoas como o seu Pai, que ía de bicicleta até Vic, trocar umas solas da fábrica de sapatos em que trabalhava, por comida para os quatro dos seis filhos (um deles haveria de morrer em combate) que não lutavam contra os
franquistas. Quando estes entraram na cidade, foi com uma irmã aos tais armazéns, abandonados pelos republicanos em fuga apressada rumo a França. Não há inocentes nesta História.

4. Na actualidade, e apesar de dizer que o PP é menos mau que o PSOE, atribui as culpas da crise ao "Capital". Após 50 anos de descontos, tem uma reforma que lhe permite viver condignamente sem luxos, mas receia pelo futuro dos dois netos. A realidade está sempre a dar exemplos da sua imensa complexidade.
- Até um dia destes
- Amanhã vou para Bilbao
- Bilbao ? Cuidado com a ETA!
Riu-se. Afinal de contas, já viveu uma Guerra Civil.

5. Depois das 17h15, a entrada na Catedral é grátis e vale bem a pena. Depois ainda fui até à Basilica de Santa Maria del Mar. Esmagador.

6. Ainda havia tempo para uma paragem no grotesco edifício do El Corte Ingles. Então não é que foi preciso ir ali para encontrar um livro que suspeitava existir mas que nem na loja do Barça vira ? Trata-se de um pequeno mas volumoso livro com o manancial estatístico da História da equipa principal de futebol do Barça.

7. Depois faltava encontrar um lugar para ver se a Grécia colocava a Alemanha fora do Euro.

8. Na primeira parte, a Grécia resiste ao ataque alemão enquanto janto perto de Passeig de Gràcia. O golo alemão, a par das tapas de chouriço e de choco frito deram-me vontade de ir embora. Fui andando sem fazer grande questão do destino do passeio e do jogo. A certa altura, pareceu-me ver 2-1 numa tv. Continuei pela Diagonal acima mas a primeira estação de metro que encontrei foi Maria Cristina. Vejam no mapa. O chouriço e o choco estão mais do que digeridos.

9. O jogo já deve ter terminado. O wifi dos Irmãos me dirá. Ainda vou em Tarragona. Ficam a faltar 14 estações!

10. Grécia 2-Alemanha 4
Não houve surpresas. Amanhã há mais mas não aqui.

Adéu Barcelona! Kaixo Bilbo! BlogBooster-The most productive way for mobile blogging. BlogBooster is a multi-service blog editor for iPhone, Android, WebOs and your desktop

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Notas de Barcelona II / Portugal-Rep.Checa (+2 horas)

1. A manhã do segundo dia começa com a inevitável visita ao Camp Nou. A Camp Nou Experience vale bem a pena. Mesmo vazio, o estádio é imponente e o Museu é rico ao ponto de ser o segundo mais visitado da cidade.

2. À saída, dei de caras com uma manifestação de pensionistas das CCOO, como que a desmentir a minha tirada de ontem.

3. Depois, foi tempo da Sagrada Família e das várias casas desenhadas por Gaudí. O surrealismo tem aqui a sua capital.

4. A cidade alimenta de tal forma que o almoço vai sendo adiado.

5. Retemperadas as energias, rumei O Bairro Gótico. Faz lembrar o Bairro Alto mas com edifícios centenários pelo meio.

6. Com vários horas até ao Portugal-Rep.Checa, decidi regressar a Montjuic apesar de Madonna ter uma segunda data hoje.

Os quatro euros e meio de entrada no Museu Olímpico foram bem gastos. Muito completo e com una vertente multimédia surpreendente.

7. O tempo ainda sobrava, pelo que permitiu visitar locais que não tinha previsto. Uma cidade de tantos encantos e com praia a umas centenas de metros do Metro!!! Que privilégio.

8. Como me foram garantindo repetidamente que não há locais públicos onde assistir aos jogos do Euro, lá activei o Plano B que passava por assistir ao jogo num dos muitos bares que o anunciavam.

Algum receio de enchentes fez com que já estivesse sentado antes das oito daqui, sete em Portugal.

O empregado de mesa está por Portugal. Enquanto olha para a mesa do lado, confessa baixinho "Sou Real Madrid". Ri mas não lhe disse "Sou Barça".

0-0 ao Intervalo. Há que repor espaço na bexiga. A terceira Guinness está no fim. Os irlandeses foram a pior equipa do Euro mas são campeões da cerveja.

9. A minha amiga Sandra já me avisara de que o patriotismo aumenta quando se está fora. Em 2010, estivemos em Itália durante o Mundial e não senti diferenças, pelo que não liguei.

Mas assistir a um jogo destes num bar de Barcelona, sem checos e com apenas um português identificado (eu mesmo) é de uma bizarria tremenda. Estou habituado a assistir a jogos sozinho. Mas oiço os comentários em português e aqui mal oiço os que são feitos em castelhano (?). À minha volta, há sempre vizinhos a ver o jogo e, devido às diferentes velocidades dos retransmissores, uns segundos adiantados. Aqui, o máximo que se ouviu foi um pequeno bruá quando Cristiano Ronaldo rematou ao poste. Acho que o bruá foi mais de gozo do que de interesse no rumo do jogo. Já estão a voltar para a segunda parte. Hugo Almeida em vez do Nélson surpreendeu-me mas o Mister é que sabe.

10. Quando Cristiano Ronaldo faz o golo, um jovem com ares de Matt Damon e sotaque de americano a falar português vira-se para trás e diz "Estava merecendo o golo". "Há imenso tempo" foi a resposta aliviada mas terá sido português a mais.

Mas o "merecer" remete para justiça e esta tem andado arredada dos relvados. Querem ver que o "Matt Damon" veio agoirar isto?...

11. No final da partida, sem qualquer palavra desde que se revelara madridista, o empregado veio apertar-me a mão. Portugal nas meias-finais do Euro! Bora lá!

12. Antes de regressar a "casa", ainda troquei umas palavras sobre as semelhanças entre o catalão e o português. Depois, no Metro, cantava-se "You were always on my mind". Não era bem verdade mas voltou a ser. Mas isso é outra história. BlogBooster-The most productive way for mobile blogging. BlogBooster is a multi-service blog editor for iPhone, Android, WebOs and your desktop

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Notas de Barcelona I

Agora já percebo porque é a quarta cidade mais visitada da Europa, depois de Paris, Londres e Roma. E só cheguei hoje!

16h45 locais - finalmente no metro a caminho de Montjuic. A residência dos Salesianos é tal e qual lera na net. O quarto é minúsculo mas o preço também. O espaço é espectacular e justifica um passeio pelos jardins. Na Linha 3, entre Montbau e Paral-lel, são onze estações. Depois é o funicular até lá acima.

Imaginem um Estádio Olímpico na Serra de Sintra com vista total sobre Lisboa. Montjuic é mais ou menos isso face a Barcelona. Até o colorido dos fans de Madonna se enquadram enquanto aguardam pelo concerto desta noite.

As famosas Ramblas são interessantes pelo enquadramento das árvores e pelo movimento imenso. Ía em busca do suposto café do POUM no 128. Só que...

A Norte, do lado direito como é da praxe, o ultimo número par é o... 126!

Só parei para comer junto à Praça da Catalunha, junto à Loja do Barça. Depois, foi descer até à zona do porto onde vi a maior das (poucas) bandeiras espanholas que vi. Ironicamente enquadrada por uma grua. O Estado Espanhol está em crise mas aqui não parece.

Antes disso, a fachada da Catedral é belíssima. De regresso a "casa", outra ironia de que já lera mas esquecera. A tv do metro de Barcelona chama-se MouTV!

Ultima ironia do dia. Que os Irmãos Salesianos me desculpem, mas apesar de me ter esquecido
de comprar água, comprei um livro sobre a II República espanhola. BlogBooster-The most productive way for mobile blogging. BlogBooster is a multi-service blog editor for iPhone, Android, WebOs and your desktop

domingo, 17 de junho de 2012

Portugal-Holanda (-2 horas)

1. É frequente uma equipa vencer um jogo através do desempenho do seu melhor jogador. Se o jogo for marcado pelo equilíbrio, esse factor é ainda mais relevante. O jogador que desata o nó de uma partida é, muitas vezes, o melhor jogador da equipa. Quarta-feira, frente à Dinamarca, Cristiano Ronaldo voltou a não fazer jus à sua auto-proclamada condição de "melhor do mundo". Nem sou dos que criticam a vertente defensiva. A esse nível, o processo defensivo do Real Madrid de Mourinho precisa menos de CR7 do que o Portugal de Paulo Bento. Mas ver um Cristiano Ronaldo sem confiança e alegria é outra história.

Há quem insista em dizer que falta a qualidade da companhia que tem no Real. O argumento parece-me não colher. Em primeiro lugar, a selecção até conta com  outros dois colegas de Ronaldo no Real. Quanto aos restantes oito, não são jogadores de segunda qualidade. Mesmo que assim fosse, lembremos os exemplos de Ibrahimovic ou Shevchenko, para citar apenas dois exemplos presentes neste Europeu. Mesmo numa equipa de menor qualidade, o "melhor" dá nas vistas pela positiva. A resposta estará a outro nível, portanto. O slogan diz "Onze por todos, todos por onze". No entanto, parece-me que Cristiano Ronaldo sente que o slogan é "um por dez milhões e dez milhões por um". A culpa é de Messi.

Se não existisse Messi, Cristiano Ronaldo seria, indiscutivelmente, o melhor jogador de futebol da actualidade. Nesse caso, o seu objectivo de ser "o melhor" estaria cumprido e poderia, com toda a "tranquilidade", exibir-se sem pressões auto-impostas.

2. Dentro de pouco mais de quatro horas já se saberá se a Selecção volta para casa ou defronta checos ou gregos nos Quartos-de-Final. Se não houver surpresas de maior, os Quartos-de-Final terão um Rep.Checa-Portugal e um Grécia-Alemanha. E aí aposto que a Grécia vai mandar os alemães para fora do Euro. A ironia no seu melhor.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Portugal-Dinamarca (- 2 horas)

A vitória da Alemanha sobre Portugal no sábado passado é uma metáfora das diferenças entre os dois países.
"Os alemães trabalham mais do que os portugueses". É o que se diz na cruzada que decorre e que pretende colocar europeus do norte (disciplinados e trabalhadores) contra europeus do Sul (desgovernados e preguicosos). Como sempre, a verdade é bem mais complexa.

Um trabalhador português trabalha, em média, mais horas que um trabalhador alemão. É um facto. Um trabalhador português produz, em média, menos que um trabalhador alemão. É outro facto. Fazer pastéis de nata, não obstante o Álvaro, tem menos valor que montar um BMW ou mesmo um Volkswagen. Outro facto.

Historicamente, uma equipa alemã de futebol precisa de menos oportunidades de golo para concretizar. Habituámo-nos a ver as equipas portuguesas no extremo oposto. Dito de outra forma, os jogadores portugueses, quando têm pela frente equipas alemãs, têm de trabalhar mais mas isso pode não ser suficiente. Tudo isto significa que, tal como na economia, é a eficácia que tem de melhorar.

A finalização é um aspecto do jogo tão relevante como o passe ou o corte. Quando um remate à baliza vai para a bancada, está ao nível de uma defesa atrapalhada de um guarda-redes. Se o avançado estiver na pequena área, o falhanço passa a estar ao nível de um frango. Os remates não servem como critério de desempate. Nesse sentido, faz muito mais sentido manter a posse de bola do que rematá-la em posição desfavorável ou mesmo em desespero de causa.

Daqui a pouco, frente a dinamarqueses que constituem uma equipa de jogadores humildes e batalhadores, em que o espítimo amador ainda está bem vivo, este pode ser um factor decisivo.´

Já agora, se tivesse de apostar, diria que alemães e holandeses não chegam aos 1/4 de Final.

sábado, 9 de junho de 2012

Portugal-Alemanha (-2 horas)

Muito se tem escrito sobre as duas selecções. A maior parte dos jogadores alemães são mais novos que Cristiano Ronaldo, lia-se hoje. Talvez convenha ver um pouco mais longe. Tendo como base de análise as cinco fases finais de Europeus e Mundiais desde 2004 (inclusive), chegamos a números bem mais relevantes.

Há uma ligeira vantagem alemã na média de participações nas cinco fases finais por jogador convocado para o Euro 2012 - 2,26 para cada um dos 23 alemães e 2,22 para cada um dos portugueses.

Bem diferente é a lista dos mais experientes em fases finais. Vejamos.

Portugal apresenta apenas um totalista - Cristiano Ronaldo. Com presença em 4 Fases Finais, temos apenas Hélder Postiga. Com três presenças, há vários - Bruno Alves, Hugo Almeida, Miguel Veloso, Pepe, Raúl Meireles e Ricardo Costa. Na Alemanha, as coisas são bem diferentes. Totalistas são quatro - Bastian SCHWEINSTEIGER, Lukas PODOLSKI, Miroslav KLOSE e Philipp LAHM. Com quatro temos o central Per MERTESACKER e com três o avançado Mario GÓMEZ.

Daqui se conclui que o onze base alemão é bem mais experiente nestas andanças. Não só tem mais jogadores totalistas como os portugueses com três presenças são (ou foram), fundamentalmente, suplentes.

Nesta perspectiva, os números não jogam a favor de Portugal. Mas Portugal nunca foi eliminado na fase de grupos de um Europeu. Por outro lado, quando ficou agrupada com Portugal, a Alemanha deu-se mal. Isso aconteceu em 1984 e em 2000. Vejamos como será em 2012.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A Taça foi para Vila Franca

3/6/2012
TAÇA da AF Lisboa (FINAL)
UD VILAFRANQUENSE-SC LINDA-A-VELHA 2-1
Estádio 1ºMaio, Lisboa
Arb: Manuel Costa
Vilafranquense-Fialho; Nuno, Ricardo, Bruno Neves e Félix (Milton 74'); Paulo Sérgio, Fábio Rosa e Castro (cap.)(Alfredo 63'); Guilherme (Calisto 63'), Grazina (Hernâni 74') e Bruno Pernes
Tr.Pedro Borreicho
Linda-a-Velha-Kaká; Tiago (Laborde 78'), Chico, André Figueiredo e Vítor; João Lopes, Chapa e Café; Rodro (Toni 78'), Filipe Costa (Nani 78') e Luís Santos (Fábio Teixeira 45')
Tr.Carlos Magalhães

Apesar da época disputada pelas duas equipas não ser prometedora quanto à qualidade do jogo que se disputou Domingo passado, a Final da Taça da AFL é sempre emotiva. O jogo foi quase sempre equilibrado mas deu quase sempre a sensação de que a equipa do Vilafranquense tinha mais argumentos para chegar à vitória. Assim foi mas não foi fácil.

Aos 6', na sequência de um canto, Grazina cabeceia para defesa de recurso de Kaká. Seis minutos depois, surgiu ainda mais perigo do outro lado. Luís Santos antecipa-se aos centrais e remata, mas Fialho faz a mancha. Aos 21', o perigo voltou a mudar de lado. Bruno Pernes rouba a bola no miolo e dispara para a área, sendo o Linda-a-Velha salvo por uma defesa "à Futsal" de Kaká. Dois minutos depois, contra ataque do Linda-a-Velha, com Rodro a surgir isolado mas a não desfeitear Fialho. Aos 25', Luís Santos rouba a bola a Bruno Neves, passa por Ricardo, mas frente a Fialho, tenta o chapéu quando a defesa vilafranquense já recuperara. Três minutos depois, o perigo voltava à área do Linda-a-Velha. Castro combina com Grazina e surge isolado frente a Kaká. Opta por colocar para o lado, onde surgiu Guilherme para rematar ao lado. Do canto que se seguiu, surgiu nova chance vilafranquense, com Fábio Rosa a cabecear ao poste. Muitas oportunidades de golo mas o jogo continuava 0-0. Aos 36', Grazina surge isolado mas remata por cima e o jogo manteve-se 0-0 até ao intervalo.


Para a segunda parte, o técnico do Linda-a-Velha retira o perdulário Luís Santos e lança Fábio Teixeira. A equipa da Linha pareceu mais decidida no ataque. Aos 54', a melhor entrada em jogo do Linda-a-Velha teve os seus frutos. Tiago cruza para a área e Filipe Costa bate Fialho. O Linda-a-Velha estava na frente. O Vilafranquense teve de ir em busca do empate, mas sem sucesso. A dada altura, o jogo estava controlado pelo Linda-a-Velha que trocava a bola no meio campo adversário. No entanto, aos 77', o recém entrado Milton coloca a bola em Alfredo que, da linha lateral, coloca a bola a passar sobre o guarda-redes Kaká. As imagens dão a ideia de que o remate é intencional, mas o guardião do Linda-a-Velha é mal batido. Depois do empate, voltou a ser o Vilfranquense a procurar evitar o prolongamento. Acabou por consegui-lo. No último minuto do tempo regulamentar, Vítor derruba Bruno Pernes à entrada da área, num lance que está na origem do momento do jogo. De pé esquerdo, Milton bate o livre de forma irrepreensível, não dando hipóteses a Kaká. O Vilafranquense estava na frente e a Final estava próximo do fim. Mesmo em cima do apito final, Nani isola-se mas o remate é desviado pelo central Ricardo. Após o canto, o árbitro (esteve muito bem) dava por terminada a Final com a vitória justa da equipa da União Desportiva Vilafranquense.

sábado, 2 de junho de 2012

Fim de estação

27/5/2012
REAL SC-CA PERO PINHEIRO 1-2
Arb:João Pereira (AF Beja)
Real-André Martins; Bino, Job, Bruno Lourenço e Jibril; Dino (cap.), Tiago Gonçalves e Michael (Amar 65'); João Paulo (Luís Carlos 60'), Alcides (Hugo Dias 75') e Mota
Tr.João Silva
Pero Pinheiro-Petrony; Serginho, Luís Freitas, Runa (cap.) e Fábio Graça; Topê, Rui Janota e Geraldino (Américo 86'); Kiko (Pavel 73'), Carlos Gomes (Hélder Caminho 45') e Nuno Almeida
Tr.Rui Paulo Janota

O último jogo da época foi aproveitado pelos técnicos para colocar em jogo alguns dos jogadores menos utilizados. Já sem nada para decidir, Real e Pero Pinheiro fizeram por vencer. No primeiro tempo viu-se mais Real. O primeiro sinal de perigo surgiu de um remate de Dino de longe e à figura de Petrony. Aos 20', contra ataque com Michael a colocar em João Paulo na esquerda e com este a cruzar para o desvio de Mota sair por cima. O golo parecia próximo e surgiria à passagem do minuto 33. O júnior Mota coloca a bola na área na marcação de um livre. Esta é desviada por Tiago Gonçalves de cabeça, sobra para Bruno Lourenço e finalmente para Dino fazer o golo do Real. O melhor que o Pero Pinheiro conseguiu no primeiro tempo foi um cabeceamento de Nuno Almeida à figura de André Martins (40'). Ainda antes do intervalo, foi Kiko a rematar para defesa fácil do guardião do Real.


Para a segunda metade, Rui Paulo Janota trocava o desinspirado Carlos Gomes por Hélder Caminho. Aos 48', Geraldino isola-se num contra-ataque mas não consegue bater a mancha de André Martins. Dois minutos depois, Job alivia de cabeça um cruzamento mas a bola bate em Bruno Lourenço e fica à mercê de Nuno Almeida que empata a partida. Os minutos que se seguiram foram algo incaracterísticos, com muitos passes errados dos jogadores do Real. Ainda assim, a equipa da casa está perto do golo num livre de Mota, com cabeçada de Bruno Lourenço que Jibril desvia por cima.

Aos 74', Hélder Caminho ganha as costas a Bino e remata cruzado para defesa de recurso de André Martins. A bola ainda fica na área até ser afastada pelo capitão Dino. Quatro minutos depois, Jibril e Bruno Lourenço quase desviam um livre marcado por Mota. De seguida, Pavel ganha de cabeça na área mas cabeceia à figura de André Martins. O jogo estava muito dividido mas sem que se registassem lances de grande perigo para as defesas. Aos 86', assinala-se o regresso de Américo, jogador que esteve muito tempo lesionado e que entrou para o lugar de Geraldino. No minuto seguinte, canto marcado por Fábio Graça, Topê salta com Tiago Gonçalves mas é o médio do Real que desvia a bola para dentro das redes. A três minutos do final do tempo regulamentar, o Pero Pinheiro alcançava a vitória, através de dois golos extremamente felizes.


Para além do referido regresso de Américo, os destaques positivos vão para a arbitragem de João Pereira. O árbitro da AF Beja teve uma actuação personalizada, num jogo que não foi difícil de arbitrar. Só é pena que arbitragens destas tenham sido excepção ao longo da época. Quanto aos jogadores em campo, destaco os jovens Mota e Job. O extremo é daqueles jogadores de baixa estatura, mas de elevada valia técnica e rápido. Tem tudo para singrar. Com o tempo, dominará melhor os tempos de jogo, nomeadamente o momento mais adequado para soltar a bola. Quanto ao central, apesar da altura, aparenta alguma fragilidade física que compensa com o empenho com que disputa cada lance. Neste aspecto, foi dos melhores em campo, apesar do lance que deu origem ao primeiro golo do Pero Pinheiro.

A época 2011/12 da 3ªDivisão terminou. 2012/13 será a ultima e promete ser bizarra, devido às alterações anunciadas nos quadros competitivos. Cá estaremos para acompanhar o que se irá passar.