quarta-feira, 4 de julho de 2012

Como vi o Euro

Há oito anos atrás, a selecção grega comandada por um alemão, derrotava a selecção portuguesa na final do Euro 2004. Há uma semana, a equipa da Espanha eliminava Portugal, apurando-se para uma final que viria a vencer por 4-0.

Em 2000, foi a França a bater-nos através do golo de ouro. A mão de Abel Xavier demorou anos a ser vista em Portugal. Não por qualquer atraso na transmissão televisiva mas por uma espécie de cegueira colectiva, misturada com um sentimento de inferioridade que garante que, o mesmo lance, na área contrária, teria tido outro juízo.

Desta vez, não havendo registo de lances discutíveis ou afins, o discurso oficial foi noutro sentido. Anteontem, José Rodrigues dos Santos passou a emissão em directo para a celebração do título europeu em Madrid. Quantas televisões terão feito o mesmo ? No início e no fim dessa peca noticiosa, chamemos-lhe assim, o jornalista do canal público repetiu algo como "Portugal foi a única equipa que não perdeu nem foi dominada pela Espanha".

Talvez demore alguns anos até que se recorde este Euro com outros olhos, mas aqui fica um pequeno contributo para acelerar o processo.

1. Paulo Bento comandou uma Selecção que ultrapassou todas as expectativas;

2. Na meia-final, Portugal manietou o jogo da Espanha, ao ponto de forçar Del Bosque a apostar nos extremos;

3. Iker Casillas fez apenas uma defesa frente a Portugal e isso aconteceu perante Moutinho, no fatídico desempate;

4. Na Final, Casillas foi obrigado a salvar a Espanha em três ocasiões, para além do cabeceamento de Di Natale, a abrir a segunda parte, constituir uma chance de golo mais flagrante que qualquer lance criado por Portugal na meia-final;

5. O facto de Portugal ter ficado perto de eliminar a Espanha e atingir uma Final que poderia ganhar, deveria ser suficiente. Não é preciso construir uma "realidade" ficcionada que compara os resultados da Espanha frente a Portugal e à Itália.

No final da meia-final, viu-se Cristiano Ronaldo dizer "injustiça". Por mais que nos custe, não foi assim.

domingo, 1 de julho de 2012

Espanha-Itália (-2 horas)

1. Na Quarta-Feira passada, a selecção portuguesa só obrigou Casillas a uma defesa e esta ocorreu no desempate da marca de grande penalidade. À final chegam duas equipas que têm alinhado sempre com onze jogadores. Quando Portugal voltar a jogar sempre com onze, talvez consiga títulos.

2. Na Final de hoje, far-se-á história. A vitória da Espanha fará de la roja a primeira equipa a revalidar o título europeu. Uma vitória azzurri fará da Itália campeã pela terceira vez após escândalos internos. Já aconteceu em 1982 e em 2006. Estes factores jogam com variáveis motivacionais que podem ser determinantes.

3. Esta Itália pode fazer à Espanha aquilo que a selecção nacional fez na meia-final, em grande parte do jogo. Impedir que a Espanha faça o jogo que costuma fazer, perturbando a posse de bola constante. Se o fizer, talvez consiga surpreender.

4. Neste aspecto, será interessante ver o papel que Pilro terá quando a Itália recuperar a bola no miolo. Xabi Alonso terá um papel fundamental na tentativa de anular Pilro.

5. Buffon (34 anos) e Casillas (31), ambos já campeões do mundo, são os dois melhores guarda-redes do mundo desde há vários anos. As suas defesas impossíveis são, muitas vezes, decisivas.

6. Balotelli prometeu marcar quatro golos na Final após ter bisado na meia-final. Se o fizesse, subiria ao altar dos deuses do Futebol aos 21 anos. Mas basta ser determinante na Final como o foi contra a Alemanha, para ganhar um lugar entre os maiores e uma respeitabilidade que aspectos extra-futebol têm impedido.

7. Pedro Proença será o árbitro da Final. Já tinha apitado (e bem) a Final da Liga dos Campeões. Estas nomeações são meritórias mas não escondem os problemas que atingem a arbitragem em Portugal e tudo aquilo que a envolve.