domingo, 12 de abril de 2009

Abrantes - parte 2 - Tramagal SU (até 1974)


Vila desde 1986, a história do Tramagal confunde-se com a Metalúrgica Duarte Ferreira (MDF). Fundada por um homem da terra, Eduardo Duarte Ferreira (1856-1948), foi durante décadas a maior empregadora do Tramagal e arredores. A actividade da MDF estava tão presente na vida do Tramagal que chegou mesmo a ter um sistema de Segurança Social próprio, criado em 1927. Nascido também no seio da metalúrgica, o Tramagal Sport União (TSU) havia sido fundado uns anos antes, a 1 de Maio de 1922.


Desportivamente, a primeira participação Nacional data de 1939/40. Na sua Série da antiga 2ªDivisão, o TSU não venceu nenhum dos dez jogos disputados, empatando apenas dois. Marcou 9 golos e sofreu 45. Com o desaparecimento do fundador, a MDF continuou próspera. O clube que ainda hoje ostenta a o símbolo da MDF no seu emblema (uma borboleta), ainda passou por alguns anos pela 2ªDivisão da AF Santarém, onde se sagrou Campeão em 1951/52. A partir de então, iniciou aquele que viria a ser o período de maior sucesso da História do Clube.

As competições nacionais tinham agora uma novidade chamada 3ªDivisão Nacional e o TSU marcou presença nas edições de 1954/55 e 1958/59, com performances melhores do que na estreia na 2ª. Vence o Regional da AF Santarém em 1959/60 e 1960/61, garantindo mais duas presenças na 3ªDivisão Nacional, apurando-se para a 2ªFase, pela primeira vez, em 1960/61.

O início da Guerra Colonial faz da MDF o produtor dos Unimog e Berliet, os veículos militares mais utilizados durante a Guerra. Nos anos 60, a metalúrgica produzia 4000 toneladas de peças de aço por ano e o TSU foi solidificando o seu estatuto no Futebol Nacional.

Entre 1962 e 1967 vence 5 títulos distritais e consolida a sua posição na 3ªDivisão Nacional, onde volta a atingir a 2ªFase em 1963/64. Nessa época, o SU Sintrense impediu o TSU de atingir as Meias-Finais e a subida à 2ªDivisão Nacional.

Três épocas depois, finalmente a subida. Numa época em que venceu doze dos catorze jogos que disputou nos Nacionais, só o FC Vizela impediu o TSU de se sagrar Campeão Nacional, numa Final disputada em Aveiro. Jogava-se a época 1966/67 e os vizelenses venceram por 5-3. Antes disso, o TSU havia derrotado a UD Leiria e o GD Sesimbra.

A época 1967/68 marca a estreia no Nacional da 2ªDivisão e também na Taça de Portugal. Na 2ªDivisão, obteve um de dois 5ºs lugares (em 14 participantes). Terminou a onze pontos do UFCI Tomar que subiria ao escalão principal. Era a primeira de sete épocas consecutivas na 2ªDivisão Nacional. Na Taça, um duplo confronto com o já conhecido SU Sintrense ditaria a eliminação na primeira eliminatória.

Em 1968/69 quedou-se pelo nono lugar em catorze equipas, sendo eliminado da Taça de Portugal pelo SC Olhanense, após ter derrotado o D. Castelo Branco e a Ass. Naval 1ºMaio. Seria a melhor participação do clube na Taça de Portugal.

A época de 1969/70 viu a posição do clube na 2ªDivisão ameaçada, tendo garantido a permanência apenas na última ronda. Treinado por Emídio Graça (irmão do magriço Jaime Graça), o Tramagal recebia o promovido Farense e precisava de uma vitória que até podia não ser suficiente. Alinhou com Bonito na baliza, Mateus, Rui, Armando I e Armando II na defesa, Mendes e Baptista no meio e um quarteto ofensivo composto por Capeto, Ferreira Pinto, Pedra e Cunha. O golo da salvação surgiu a apenas 3 minutos do fim e Mendes foi o seu autor. A UD Santarém perdera frente ao C Oriental Lisboa e o TSU terminava o campeonato em 12º lugar, num total de 14 participantes.

Na Taça, uma goleada do C Oriental Lisboa (5-1) colocou o TSU fora de prova logo à primeira. Em 1970/71 repete o 5º lugar de 1967/68 mas atinge a melhor percentagem de vitórias do clube na 2ªDivisão, vencendo 10 dos 26 jogos disputados. Na Taça, o GD Sesimbra desforrou-se da elminação sofrida em 1966/67, quando ambos disputavam a subida à 2ªDivisão. A desforra foi reforçada na época seguinte. Após eliminar concludentemente os vizinhos do CDR Alferrarede (4-0), o TSU foi goleado pelo GD Sesimbra (0-5). No Campeonato, nova época aflitiva, tendo terminado em 11º num conjunto de 16 clubes.

Em 1972/73, terminariam em 14º (em 16), sendo salvos da descida de divisão por um alargamento. Na Taça, novo reencontro com o SU Sintrense e nova vitória dos de Sintra. 1973/74 termina depois de Abril. O declínio estava à espreita. Foi uma época desastrosa. O TSU ficou em último lugar na Zona Sul, vigésimo em vinte equipas. O onze mais utilizado naquela que seria a derradeira participação do Tramagal SU na 2ªDivisão alinhava da seguinte forma:

Félix; Bexiga, Cardoso, Cunha e Casaca (ex-V.Setúbal); António Henriques, Vicente e Jarbas (ex-Ferroviário, Brasil); Pedra, Aníbal (ex-Torres Novas) e Marito (ex-U.Tomar)

Pedra foi o melhor marcador de uma equipa que fez apenas 31 golos em 38 jogos, tendo sofrido 112!

Para a Taça de Portugal, foi derrotado pelo CF Esperança de Lagos, após ter eliminado o SC Pombal. Os adversários jogavam a 3ªDivisão Nacional, escalão que estava prometido ao Tramagal para a época seguinte, a pior de todas as que disputou nos Campeonatos Nacionais.

1 comentário:

Unknown disse...

Boa Tarde,
Só uma pequena correcção, na época 1972-73 o TSU ficou de facto em 14º lugar em 16 equipas e conseguiu a manutenção através da linguilha ou torneio de competência com o 2º lugar à frente do Marítimo do Funchal, esse sim desceria de divisão se não fosse um alargamento de conveniência cozinhado para evitar essa descida à 3ª divisão.
Cumprimentos,
Carlos Maia