segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Fair play e telhados de vidro


Ponto prévio: não julgo que o fair-play seja uma treta. É por isso que apreciei a forma como Crystal Palace e Zenit de bateram em Old Trafford e no Dragão, respectivamente. Apesar de se verem acossados pelos adversários e remetidos para as suas áreas, em nenhum momento encetaram anti-jogo tão típico de outras paragens. Malafeev, guardião russo do Zenit nem sequer se terá lembrado de simular uma lesão ou outra para quebrar o ritmo do FC Porto. Aconteceu o mesmo com Artur no jogo com o Sporting. Mas aí, segundo algumas crónicas e alguns vídeos, Jorge Jesus deu indicações ao seu guarda-redes para cair e ele caíu. Foi o suficiente para gerar uma onda de indignação sportinguista. Pessoalmente, preciso as atitudes do Zenit e do Crystal Palace à de Jesus, mas algo me diz que esta indignação tem telhados de vidro. Ainda ontem, em Coimbra, com Hélder Cabral lesionado na área da Académica, nenhum jogador do Sporting se lembrou de atirar a bola para fora. Pelo contrário. Janeiro vai ter um Sporting-FC Porto. Imagine-se: a quinze minutos do fim, o Sporting vence por 1-0 e está reduzido a dez jogadores. Algo me diz que vão cair jogadores do Sporting e nem sequer vai ser necessária a indicação expressa de Domingos, pelo menos no relvado.

Infelizmente, a nossa sociedade tende a valorizar a esperteza em detrimento da inteligência, o desenrascanço e não tanto a criatividade e inovação. É neste quadro que estes fenómenos se inserem. E neste quadro, o que Jesus fez foi forçar um desconto de tempo, algo que faz parte das regras de diversas modalidades. O que os jogadores do Sporting fizeram em Coimbra é outra coisa.

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