Os primeiros minutos do jogo de Domingo na Luz foi um compacto de tudo o que detesto no Futebol. Primeiro foi a forma como João Moutinho foi recebido junto ao canto que se preparava para marcar. Espectadores de um jogo de futebol procurarem atingir um atleta do jogo a que assistem é absolutamente intolerável. Depois foi a sede de protagonismo bacoco do árbitro. Saída do Benfica em contra-ataque interrompida por Duarte Gomes para repreender verbalmente Otamendi. Tão incrível como frequente nos nossos campos. Depois do jogo foi o triste espectáculo do apagar das luzes e do accionar dos dispositivos de rega. Mas também da atitude provocadora de meia dúzia de jogadores portistas que, após festejos junto dos seus adeptos, acharam por bem fazer uma espécie de volta de honra num estádio quase deserto, mas onde ainda se encontram muitos daqueles que teriam vontade de estragar a festa. Não fôra o cordão policial junto das claques do Benfica e algo de muito grave poderia ter acontecido. Ao ouvir as declarações de Villas Boas minutos depois de, aos 33 anos, se sagrar Campeão Nacional, lembrei-me de Pedro Passos Coelho. O ponto em comum é a manifesta dificuldade em apresentar um discurso público pela positiva, mesmo quando as circunstâncias o justificam. Passos Coelho lidera o maior partido da oposição a um Governo contestado um pouco por todo o lado. Em vez de aprsentar um discurso positivo, clarificador do que faria de diferente ao chegar ao poder, prefere bater na tecla da crítica persistente ao Governo de Sócrates. Compreende-se. Afinal de contas, Passos Coelho sabe que a sua política constituirá mais uma alternância do que uma alternativa. Villas Boas tem justificação distinta. O técnico portista, acabado de se sagrar Campeão no terreno do maior rival, optou por um discurso guerreiro. Mais do que valorizar a prestação dos azuis e brancos, continuou a jogar ao ataque fora de campo. Paradoxalmente, entre actores políticos e futebolísticos, são estes a ter justificações mais profundos para o persistente discurso negativo. Foi (é!) com base num discurso marcial que Pinto da Costa conduziu um clube regional à conquista de dezenas de títulos nacionais e internacionais. Como o ódio tende a gerar ódio, o clube de projecção internacional continua a viver uma filosofia de clube de bairro. É pena e é muito perigoso.
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3 comentários:
Jorge, ao contrário dos hooligans dos NN que até cantam bem, os 'guerreiros' do fcp são uns aristocratas com síndroma de não serem viscondes
e só as missas da Catedral, mesmo que com pecados 'nocturnos', têm a benção dos céus
evito deixar comentários sobre os senhores que aparecem no teu post, mas não consigo: um anda entusiasmado a não ser clone nem do Mourinho nem do Pedroto (o que o torna uma réplica em que o criador tem menos pinta que o mestre), o outro não chegará nunca aos calcanhares do Sócrates (por mais bebé Mustela que seja)
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