Alguém se lembra de quem venceu o Campeonato do Mundo de 2006 ? Não ? Não foi assim há tanto tempo. Mais um esforço... Pois é. Se não se lembrou, é natural. Foi a Itália. Uma Itália defensiva como sempre. Como sempre, não deixou saudades. Mas venceu.
Esta noite, o Chelsea do italiano Di Matteo eliminou o Barcelona em pleno Nou Camp. Em dois jogos contra o actual Campeão europeu, um empate e uma derrota. Quanto a futebol, pouco, muito pouco. Vivemos uma época em que o resultadismo dita leis, seja na economia, como no futebol. Os fins justificam todos os meios quando se trata de vencer um jogo de futebol, ganhar dinheiro ou eleições. Enquanto apaixonado do jogo lindo, é impossível não sentir uma sensação pesada de que, mais do que o Barcelona, foi o futebol que perdeu esta noite.
Nesta madrugada que ainda recorda 1974, a virtude romântica perdeu para um conjunto reprimido pela rigidez tática. Quem gosta de futebol, não pode gostar de ver jogadores como Drogba, Lampard, ou mesmo Ramires e Mata, a defenderem na sua área como uma qualquer equipa que vai jogar ao terreno de um clube grande e estaciona o famoso "autocarro". Quando é um clube mais modesto a fazê-lo, é um esquema ultra-defensivo. Quando é um "grande", diz-se que é a vitória da tática e do sacrifício de uma equipa. Para mim é a vitória do cinismo face ao romantismo.
Se o futebol se tornar nisto, deixará de ser o jogo limpo. As estrelas passarão a ser quem se senta no banco, mais do que os atletas que o jogam. Arrisca-se a ser uma espécie de futebol americano, em que todas as jogadas são ensaiadas ao milímetro, como se de máquinas se tratassem. Perde a criatividade, perde o espectáculo. Os estádios enchem para ver o Barcelona, não enchem para ver este Chelsea, excepto em Stamford Bridge, onde os elitistas adeptos do Chelsea gostam mais de vencer do que de futebol. Recorde-se a forma como o Chelsea eliminou o Benfica nos quartos-de-final.
Numa noite em que se comemora uma acção militar que derrubou um velho regime ditatorial, sinto que Barcelona foi alvo de um ataque da reacção e que esta venceu. No pasarán!
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