Nos meus tempos, o curso tinha a duração de cinco anos. Com Bolonha, passou para três. Assumindo que na Holanda ninguém se licencia em Sociologia em dezoito meses, talvez Marc Janko seja um reputado sociólogo na sua Áustria natal. Que se saiba não é assim. Aliás, se assim fosse, não teria proferido as palavras que proferiu a uma revista do seu país: “No Norte, vivem os trabalhadores, no Centro, os académicos, e no Sul, vulgo Lisboa, gasta-se o dinheiro. Isto é a origem da rivalidade que se vive também no futebol.”
Os três diários desportivos citaram as declarações de formas distintas, mesmo na tradução do alemão. Irrelevante. O que releva desta “estória” é que vivemos uma situação económica e social complicada e que ameaça deteriorar-se ainda mais. No futebol, joga-se um final de época entusiasmante e com polémicas inflamadas.
Se estas declarações não têm origem nos responsáveis portistas, têm a sua anuência. Com a Primavera surgiram os primeiros incêndios. Convém ir registando quem vai acendendo os fósforos.
25/3/2012-Estádio Municipal de Oeiras
3ªDivisão - 1ªJornada da Fase de Subida - Série E
AD OEIRAS - REAL SC 0-4
Arb: Hugo Silva (AF Santarém)
OEIRAS-Rui Santos; Damil, Lima (cap.), Nuno Abreu e Edson; Cuca, Márcio (Patrick 45') e Carlos Alves; Jorge Cordeiro, Piki (Vítor 74') e Nélson (Jean 45')
Tr. Paulo Mendes (PAULINHO)
REAL-André Martins; David Rosa, Araújo, Bruno Lourenço e Paulinho; Dino (cap.), Kikas e Miguel Gonçalves (Michael 67'); Ventura (João Paulo 76'), Caramelo (Ladeiras 82') e Alcides
Tr. João Silva
Após os primeiros cinco minutos em que o Oeiras procurou pegar no jogo sem criar grande perigo, Nélson surge perante André Martins mas remata fraco em direcção às redes, onde Bruno Lourenço alivia sem dificuldade (7'). Depois disso, Piki ainda rematou para defesa do guardião do Real (13'). Quatro minutos depois, surgiu o lance algo fortuito que origina uma grande penalidade contra o Oeiras. Araújo coloca a bola na frente, Miguel Gonçalves cabeceia para as costas dos centrais do Oeiras, surgindo Caramelo a ganhar posição à frente de Lima que puxa o avançado formado no Benfica. O árbitro Hugo Silva (AF Santarém) assinala e mostra o amarelo ao veterano capitão da equipa da casa. Alcides converte para a direita de Rui Santos, abrindo o marcador. O Oeiras nem teve tempo para reagir antes de sofrer o segundo golo. Caramelo é travado por Nuno Abreu do lado direito. Ventura marca o livre, o capitão Dino desvia de cabeça para a entrada de Alcides, também de cabeça, que bate Rui Santos. Estava feito o 0-2 aos 22'. Aos 31', há um remate de Piki para defesa de André Martins mas o lance é precedido de falta de Nuno Abreu sobre Araújo que o árbitro não assinalou. Na jogada seguinte, André Martins marca o pontapé de baliza, Alcides procura desviar de cabeça no grande círculo mas é empurrado por Cuca, a bola bate no solo para voltar a subir e a ser disputada por Caramelo e Lima, com o jovem avançado a levar novamente a melhor e a isolar Ventura que faz um chapéu perfeito a Rui Santos para o 0-3 (32'). A equipa da ADO estava batida e, ainda antes do intervalo, Caramelo ficaria isolado frente a Rui Santos mas o auxiliar assinalou (mal) fora-de-jogo (42').
Ao intervalo, Paulinho troca Márcio e Nélson por Patrick e Jean mas a partida estava decidida. Aos 60', Ventura tira a bola a Patrick, dá para Kikas que coloca a bola nas costas dos centrais do Oeiras, isolando o inevitável Caramelo que, perante Rui Santos, remata sem hipóteses para o guardião da casa. De bola parada, Carlos Alves ainda obrigou André Martins a fazer uma boa defesa aos 66'. Ainda houve tempo para mais um fora-de-jogo duvidoso assinalado a Caramelo, quando este se isolava novamente e a melhor chance do Oeiras, com Patrick a ganhar as costas a Paulinho na área e a rematar cruzado, com André Martins a desviar. Aos 87', o recém entrado João Paulo esteve perto do 0-5 mas o resultado não sofreria alterações.
Num jogo entre as duas equipas da Série E mais fortes em termos técnicos, os destaques vão para a segurança defensiva do Real, apesar de toda a equipa evidenciar imensa saúde numa altura decisiva da época. Impressiona a forma como a equipa demonstra gostar de ter bola. Pouco visto na 3ªDivisão. Do lado do Oeiras, houve menos Piki do que é habitual, muito por culpa de Paulinho, enquanto que o lateral esquerdo Edson foi dos mais inconformados. O árbitro Hugo Silva esteve bem, apesar de nem sempre bem auxiliado nos fora-de-jogo.
1 - BRUNO LOURENÇO, MIGUEL GONÇALVES, MICHAEL, ANDRÉ MARTINS (gr), WILSON, LADEIRAS, ARAÚJO, TIAGO GONÇALVES, VENTURA, JIBRIL e HUGO DIAS
Minutos
1980 – DINO e KIKAS (Totalistas)
1735 - ANDRÉ MARTINS (gr)
1640 - BRUNO LOURENÇO
1543 - MIGUEL GONÇALVES
1444 - ALCIDES
1215 - MICHAEL
1059 - PAULINHO
985 - WILSON
912 - LADEIRAS
803 - HÉLDER MONTEIRO
687 - TIAGO GONÇALVES
673 - AMAR
625 - RODRIGO
607 - VENTURA
563 - LUÍS CARLOS
547 - CARAMELO
540 - DAVID ROSA
439 - JIBRIL
335 - MOTA
257 - HUGO DIAS
245 - JOB
244 - PEDRO SILVA (gr)
184 - ARAÚJO
157 - BINO
135 - JOÃO PAULO
24 - DIOGO ALMEIDA
Minutos/Jogo
90,0 – DINO, KIKAS e DAVID ROSA
89,5 - WILSON
89,2 - HÉLDER MONTEIRO
87,8 - JIBRIL
86,8 - ANDRÉ MARTINS (gr)
86,3 - BRUNO LOURENÇO
85,7 - MIGUEL GONÇALVES
81,5 - PAULINHO
81,3 - PEDRO SILVA (gr)
78,5 - BINO
71,5 - MICHAEL
68,8 - ALCIDES
67,5 - JOÃO PAULO
61,3 - ARAÚJO
60,7 - VENTURA
57,3 - TIAGO GONÇALVES
53,6 - LADEIRAS
52,1 - RODRIGO
49,7 - CARAMELO
48,1 - AMAR
42,8 - HUGO DIAS
41,9 - MOTA
40,2 - LUÍS CARLOS
35,0 - JOB
12,0 - DIOGO ALMEIDA
A frieza dos números dizem que a equipa conquistou muito mais pontos nos dez jogos em que foi comandada por João Silva do que nos doze em que o técnico foi José Marcos (22-12). Amanhã começa a segunda fase que decidirá quem sobe e quem desce. Para começar, o Real vai a Oeiras, o Fofó recebe o Casa Pia e o Pero Pinheiro vai à Portela, defrontar o Sintrense. O Oeiras parte com 22 pontos, Fofó, Sintrense e Pero Pinheiro com menos três e Real e Casa Pia com menos 5. Como diz José Viriato, “com 30 pontos por disputar”, tudo pode acontecer.
17/3/2012-2ªJornada (Fase de Subida) - 2ªDivisão Juniores
Real SC-GD Estoril Praia 0-1
Arb:Avelino Nascimento (Lisboa)
REAL-Miguel; Romano, João Sousa, Diogo Lemos e Pires (Tiago 77'); Lee, Ruben e Tiago Morgado (cap.)(Aldair 81'); David (Ricardo Gonçalves 70'), Young e Elton
Tr. João Silva
ESTORIL-Pedro Carvalho; Filipe, Diogo Moreira (SUECO), Carlos Sobral e Rui Almeida; Eusébio (João Pinto 57'), Miguel e Gonçalo; Mané (cap.), Gonçalo Barroso (Ricardo Vaz 69') e Carlitos (Lewis 87')
Tr. Pedro Rodrigues
Após os resultados da primeira jornada, em que o Estoril perdeu em casa com o Beira Mar de Almada e o Real empatou em Marrazes, já se esperava o tipo de jogo que iria ocorrer no sábado passado. O Estoril necessitava de pontuar e o Real sabia disso. A equipa da casa concedeu a iniciativa de jogo ao adversário que, durante a primeira metade do primeiro tempo não soube criar perigo para as redes do Real. A partir dos 24' de jogo, o Estoril forçou um pouco mais, o que acabou por criar espaços atrás. Foi aí que surgiram os lances de maior perigo da primeira parte, com Lee e Elton a estarem perto do golo. Na segunda parte, esta tendência acentuou-se mas com a diferença a estar na ausência de perigo criado pelo Real. Aos 63’ e 65’ de jogo, Gonçalo Barroso está muito perto de fazer golo pelos canarinhos. Primeiro ao rematar ao lado na melhor chance de golo até então. Depois, ao rematar à barra. O Estoril ameaçava e chegaria ao golo aos 76’ pelo central Sueco, a desviar para as redes uma bola defendida por Miguel. Em desvantagem no marcador, o Real reagiu e esteve muito perto do empate quatro minutos depois, pelo recém entrado Ricardo Gonçalves. Já em período de compensação, ainda se pediu penalty na área do Estoril mas o árbitro nada assinalou. Já depois do apito final, Avelino Nascimento expulsou o médio do Real, Ruben. No cômputo geral, a vitória assenta bem ao Estoril, equipa que mais fez por vencer.
REAL-André Martins; David Rosa, Araújo, Dino (cap.) e Paulinho; Kikas, Tiago Gonçalves, Luís Carlos (Ladeiras 87') e Miguel Gonçalves (Ventura 79'); Caramelo (Job 90'+2) e Alcides
Tr. João Silva
ALCOCHETENSE-João; Tralhão, Nuno Gaspar, Luís Cunha e Miguel Silva; Jadson (Paulo Elindo 13'), Piqueira e Valter (Bolinhas 57'); Luís Costa (cap.), Ricardinho e William (Ricardo André 68')
Tr. Nuno Guia
O jogo era decisivo para o Real enquanto que o único resultado que renderia pontos ao Alcochetense para a segunda fase seria a vitória. O primeiro canto da partida foi favorável ao Alcochetense, respondendo o Real por intermédio de Luís Carlos. Esperava-se um jogo aberto e foi isso que aconteceu, apesar de nem sempre bem jogado. Os pontos falavam mais alto. Aos 13’, a equipa visitante enfrentava uma contrariedade, com a substituição forçada de Jadson pelo veterano Paulo Elindo. A primeira oportunidade de golo surgiu aos 29’, com um cabeceamento de Tiago Gonçalves. Na resposta, William isola-se mas Araújo trava o lance de ataque da equipa comandada por Nuno Guia. Três minutos depois, Caramelo está muito perto de marcar, num desvio a cruzamento de David Rosa. Foi o anúncio do que aconteceria aos 35’. Canto marcado por Luís Carlos, Alcides cabeceia para o desvio de Caramelo ao segundo poste. A bola não chega a tocar nas redes mas o árbitro auxiliar deu indicação de golo. No minuto seguinte, o guardião João impede Kikas de fazer o 2-0. O Real não marcou o segundo e o Alcochetense esteve perto do empate. Aos 41’, William combina com Ricardinho que procura devolver ao colega. A bola é desviada por Dino mas a bola acaba por cair junto a William que, de pé esquerdo, remata ao lado. Dois minutos depois, Luís Carlos remata às malhas laterais após combinar com Caramelo.
Após o intervalo, e como seria de esperar, a equipa do Alcochetense surgiu com intenções bem marcadas. Procurava chegar ao empate para ainda poder pensar na vitória. Aos 48', Paulo Elindo fura pelo miolo, passa para Ricardinho que desmarca Luís Costa. O capitão do Alcochetense remata cruzado mas André Martins defendeu. O Real reagiu bem e, aos 59’, o 2-0 está próximo. Uma boa combinação entre Luís Carlos, Kikas coloca Caramelo frente a João, mas o guarda-redes defende. Do canto surge um remate à barra do central Araújo. O jogo entrava então numa fase muito disputada mas sem que o perigo chegasse a qualquer das balizas. Aos 82’, Bolinhas remata para defesa de André Martins. Em cima do último minuto do tempo regulamentar, Paulo Elindo é protagonista de dois lances. Primeiro, antecipa-se a Araújo e remata ligeiramente ao lado. Na resposta, derruba Alcides na area e o árbitro Filipe Lascas (esteve muito bem) aponta a marca de grande penalidade. Na conversão, Kikas remata à barra. A bola ainda sobra para Ventura que chuta por cima. O Real desperdiçava a quarta grande penalidade em três jogos consecutivos! O jogo terminaria pouco depois e o Real garantia em campo a manutenção que não será alterada na secretaria.
Já há uns anos escrevi sobre este tema no Record. Desde então, nada se alterou. Volto à carga. No domingo joga-se a última jornada da primeira fase das séries da Terceira Divisão. Não fôra haver ainda lugares por definir entre os seis primeiros e os seis últimos de cada série e as equipas entrariam em campo com objectivos bem definidos que resultam do facto dos pontos com que passam para a segunda fase serem divididos em dois, mas arredondados para a unidade superior. Passo a explicar.
Uma equipa que chegue a esta fase com um número par de pontos tem a perspectiva de conquistar mais um ou dois para a segunda fase, conforme o resultado que obtenha na próxima jornada. Uma vitória dar-lhe-á mais dois pontos e um empate apenas um.
No entanto, a situação dos clubes com um número de pontos ímpar é bem diferente. O empate não permite somar pontos. Apenas a vitória permite somar pontos e apenas um.
Imaginemos uma equipa de número de pontos ímpar a ir para o intervalo a perder por dois golos de diferença. Sabendo que apenas a vitória lhe dará pontos, o que fará no segundo tempo? Dar-se-á por vencida ou arriscará deliberadamente no ataque. Nenhuma das hipóteses faz jus à verdade desportiva e à competição sã.
A grande questão é saber porque é que esta situação nunca foi alterada ? Não é preciso alterar a redução dos pontos para metade numa segunda fase, mas assumir os meios-pontos sem qualquer arredondamento. Caso contrário, para além do impacto já referido na última jornada, podemos ter o clube A com mais pontos no conjunto das duas fases do que o clube B, mas ficando este melhor classificado que o clube A. Faz sentido ?
------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Série A – cinco clubes com pontuação ímpar, a quem só a vitória interessa. Destes, o Maria da Fonte estará em disputa directa com o Esposende, pelo que a questão do arredondamento não terá grande peso. Mas o mesmo não se poderá dizer de Joane, Vilaverdense, Melgacense e Cerveira.
Série B – tal como na Série A, há cinco clubes com pontuação ímpar, mas três (Grijó, Mêda e Vila Meã) ainda lutam pelos seis primeiros. Para domingo está marcado um Lamego-Grijó. O Lamego ocupa o último posto e tem 13 pontos, o que lhe garante 7 na Segunda Fase em que procurará evitar a descida. O Grijó ainda precisa de um ponto para não precisar de saber do resultado do Serzedelo. Considerando que o único resultado que interessa ao Lamego é a vitória, que consequências trará isso para o jogo ?
Série C – numa série em que os sete primeiros estão separados por apenas três pontos, há apenas dois clubes “ímpares” – Sampedrense e Oliveira do Hospital. Curiosamente, defrontam-se em S.Pedro do Sul, com a equipa da casa ainda a pensar em ficar nos seis primeiros lugares. Para os visitantes só a vitória interessa para disputar a segunda fase com mais do que os 14 pontos já garantidos. Como será ?
Série D – outra série com equilíbrio nos lugares da frente. Há cinco “ímpares” mas apenas o líder Bf.C.Branco tem garantida a sua posição nos seis primeiros. Desloca-se a Pombal, onde o Sporting local (também ímpar) ainda tem de fazer contas. Destaque ainda para o Sourense-Peniche, em que só a vitória interessa à equipa visitante, classificativa e pontualmente.
Série E – apenas dois dos quatro “ímpares” não estão envolvidos na disputa dos seis primeiros lugares, pelo que é a Série menos afectada. Ainda assim, um deles (Alcochetense) desloca-se ao campo do Real, clube envolvido na disputa dos seis primeiros.
Série F – é a série mais afectada por esta questão. Dos sete clubes com pontuação “ímpar”, apenas dois estão na luta dos seis primeiros – Messinense e Aljustrelense. No jogo Farense-Pescadores, apenas a vitória interessa às duas equipas por questões pontuais. Nos jogos Messinense-Quarteirense e Aljustrelense-Sesimbra também acontece o mesmo mas apenas os visitantes têm garantido um dos seis primeiros lugares.
Série Madeira – há cinco clubes que jogarão apenas para vencer. No caso do Andorinha, para além de só a vitória poder ainda garantir um dos seis primeiros lugares, também é “ímpar”. Vai à Calheta, adversário directo com quem perdeu 1-2 na primeira volta. Promete.
O 17º apuramento do Benfica para os 1/4 de Final da Liga dos Campeões deu-me vontade de fazer umas contas. Aqui deixo o resultado dessas contas:
- Apenas dois clubes têm mais presenças nos 1/4 de Final - Real Madrid (28) e Bayern Munique (22);
- Benfica e Milan, os dois apurados de ontem, têm o mesmo número de participações nesta fase da prova, igualando o Manchester United;
- Apenas 10 clubes disputaram mais de 10 vezes os 1/4 de Final. Para além dos já referidos, temos Barcelona (16 com o apuramento desta noite), Juventus (14), Liverpool (13), Ajax e Inter (12);
- Por países, com o apuramento do Benfica, Portugal empata com a França (26) no 5º lugar e foge da Holanda (25);
- O TOP 4 é inatingível - Espanha (60), Inglaterra (57), Alemanha (54) e Itália (49);
- Com o apuramento desta noite, o APOEL torna-se o primeiro clube cipriota a disputar os 1/4 de Final;
- Chipre torna-se o 31º membro da UEFA a colocar um clube nesta fase.
O Real visitava o Cartaxo com quatro jogadores suspensos por duas partidas – a dupla de centrais Jibril-Bruno Lourenço e os médios Michael e Hugo Dias. Na equipa da casa, Joel também estava impedido de alinhar por motivos disciplinares. Com a equipa da casa a passar por imensas dificuldades financeiras, o jogo teve para não se realizar. Os jogadores da casa recusavam-se a alinhar devido a subsídios em atraso. Acabaram por entrar em campo vinte minutos depois das 15 horas.
SL CARTAXO-Travessa; Pedrosa (Miguel Calisto 80’), Bernardo, Gil e Casimiro (cap.); Ricardo (Praia 63’), Ruas e Bexiga; Pedro Soares (Tiago Dias 63’), Serginho e Marmelo
Tr. Cláudio Madruga
REAL SC-André Martins; David Rosa, Araújo, Dino (cap.) e Paulinho; Ventura (Ladeiras 72’), Kikas, Tiago Gonçalves e Luís Carlos (Job 86’); Alcides e Caramelo (Amar 80’)
Tr. João Silva
O jogo começou num ritmo lento e a primeira chance de golo só surgiu aos 14’, por Alcides. Pouco depois, Luís Carlos remata à barra. O Real estava mais dominante mas não marcava. Aos 27’, Marmelo remata por cima. Na resposta, Caramelo e Ventura estão perto do golo mas só ganham canto. Do canto surgiria o primeiro dos três penalties do jogo. O árbitro pune mão de Gil na área. Luís Carlos remata para o lado direito de Travessa, mas o guarda-redes do Cartaxo defende. O Real desperdiçava o terceiro pontapé da marca de grande penalidade em dois jogos. A equipa da casa aproveitou bem os minutos seguintes e esteve perto do golo em duas ocasiões protagonizadas por Serginho. No segundo momento, à saída de André Martins, Serginho faz um chapéu que sai ao lado. Jogava-se o minuto 35. Dois minutos depois, Alcides volta a desperdiçar. Aos 42’, Serginho faz um cruzamento com a bola a passar por toda a gente sem que ninguém a desviasse. Dois minutos volvidos, Alcides volta a ser infeliz na finalização, assistido por Caramelo. No minuto seguinte, Gil derruba Alcides na área. Vê o segundo amarelo e é assinalado o segundo penalty contra o Cartaxo. Luís Carlos volta a ser aposta de João Silva para a marcação. Desta vez, Luís Carlos escolhe o lado esquerdo de Travessa e marca. O árbitro apita para o intervalo de imediato, com o Real em vantagem numérica e no marcador.
Logo no início do segundo tempo, Caramelo desvia ao lado um cruzamento de Luís Carlos. Jogava-se o quinto minuto do segundo tempo, quando uma combinação entre Tiago Gonçalves e Caramelo permite a finalização do médio do Real, sem hipótese para Travessa. O Real chegava ao 0-2 e a partida parecia decidida. Quatro minutos depois, Bexiga remata para boa defesa de André Martins para canto. Aos 60’, Nuno Casimiro derruba Caramelo quando este se isolava e é expulso. Na marcação do livre, Luís Carlos coloca a bola junto ao poste mas Travessa volta a mostrar ser um dos melhores guardiões da Série E. A última meia hora de jogo foi incaracterística. Apesar (ou por isso mesmo) da superioridade de dois homens e dois golos, o Real pausou o seu jogo e cedeu alguma iniciativa aos homens da casa que acabaram por não criar perigo, apesar de terem reduzido no último minuto do tempo regulamentar. Dino derruba Miguel Calisto para penalty que Bexiga converte para a esquerda de André Martins. Durante o período de compensação e com a vantagem mínima no marcador, o Real voltou a tomar conta do jogo, não voltando a dar qualquer hipótese aos homens da casa de se aproximarem da área visitante. Após o apito final, alguns jogadores do Cartaxo saíram de campo em lágrimas, aplaudidos pela equipa do Real e restante público presente. Oxalá que a grave situação que o clube ribatejano enfrenta se resolva o mais depressa possível.
Individualmente, destaco a estreia a titular de Araújo e a prestação de Luís Carlos, cuja exibição não foi afectada pelo penalty desperdiçado. Na equipa da casa, dadas as circunstâncias em que o jogo se disputou, todo o grupo de trabalho merece nota máxima. Ainda assim, gostaria de destacar em particular o já mencionado Travessa, Serginho e Pedro Soares, dois avançados muito móveis. Todo o perigo criado pelo Cartaxo teve origem nos pés destes dois atletas. O experiente Marmelo, apesar de parecer ter uns quilos a mais, também mostrou estar uns furos acima da média da equipa.
Depois do que aconteceu uma semana antes, é com satisfação que destaco a boa arbitragem de Rui Figueiredo. Pareceu-me bem, tanto em termos técnicos, como disciplinares. Assinalou três grandes penalidades indiscutíveis. Quando assim é, o futebol sai valorizado.
A uma jornada do final da primeira fase, o Real volta a ocupar um dos seis primeiros lugares. Quanto ao Cartaxo, as diminutas hipóteses matemáticas de ficar nos seis primeiros lugares ficaram desfeitas. A última jornada terá um Real-Alcochetense e um O Elvas-Cartaxo.
Já se sabia que iria ser um jogo histórico pelos motivos que referi no post anterior. O que era difícil de antecipar era a sede de protagonismo da equipa de arbitragem, em particular do árbitro Jorge Faustino. Mas comecemos pelos onzes.
Real-André Martins; David Rosa, Bruno Lourenço, Jibril e Paulinho; Dino, Kikas e Amar (Caramelo 45’); Michael, Ventura (Luís Carlos 68’) e Alcides (Tiago Gonçalves 80’)
Tr. João Silva
Sacavenense-Hugo Pereira?; Bebé, Wilson, Pedro Marques e Sandro (Serginho 25’); Milton, Tiago Figueiredo e Tiago Antunes; Tiago Cabral, Rui Barroso (Salvador 85’) e André Cacito (Rodrigo 72’)
Tr. Luís Silva
O Sacavenense entrou melhor na partida, em busca do único resultado que interessava, a vitória. Após três cantos consecutivos a seu favor, os visitantes colocavam-se em vantagem, num desvio a um livre de Tiago Figueiredo. A bola passa por vários jogadores, surgindo solto Pedro Marques, ao segundo poste. Jogava-se o sexto minuto de jogo. O Real respondeu ao golo sofrido e, aos 18’, Jibril marca mas o árbitro assistente assinala fora-de-jogo que deixa muitas dúvidas. Dois minutos depois, o protagonista do jogo voltava a mostrar-se. Livre a favor do Real e confusão na área. O árbitro começou por chamar a atenção dos jogadores. Pouco depois, expulsa Bruno Lourenço com Cacito no chão. Não registei imagens do lance mas considerando a forma como o avançado do Sacavenense se comportou durante todo o jogo e a rapidez com que se levantou assim que o árbitro expulsou o defesa do Real, arrisco dizer que agressão não terá sido. Dois minutos depois, o senhor árbitro assinala grande penalidade contra o Sacavenense que ninguém percebeu e as imagens não esclarecem. Chamado a converter, Ventura permite a defesa de Hugo Pereira. Aos 36’, o Sacavenense dilata o marcador. Livre para a área, Alcides corta mas a bola bate em Jibril e sobra para Wilson bater André Martins. A perder em casa por duas bolas e reduzido a dez unidades, o Real voltou a sofrer duro golpe três minutos volvidos. Michael protesta uma falta não assinalada por Jorge Faustino e este mostra-lhe o segundo amarelo, deixando o Real a jogar com nove. Ainda assim, a equipa da casa mostrou muita vontade e teve direito a uma segunda grande penalidade. Jibril é travado na área mas David Rosa não faz melhor que Ventura, voltando a brilhar o guardião do Sacavenense. Ainda antes do intervalo, André Martins atinge Tiago Antunes num lance típico de auto-protecção por parte do guarda-redes. O jogador do Real já tinha amarelo e arriscou expulsão. Jorge Faustino deixou seguir. Após o apito para o intervalo, por algo que terá dito ao árbitro, Hugo Dias (suplente do Real) foi expulso. O que se seguiu foi exemplo da indignação provocada pelo sr. Jorge Faustino. Felizmente, os colegas e equipa técnica conseguiram travar Hugo Dias.
De regresso para o segundo tempo, a equipa de arbitragem é recebida com irónicos aplausos. Sem nada a perder, João Silva trocou Amar por Caramelo. O jogo manteve algum equilíbrio apesar do Real estar reduzido a nove jogadores. Aos 57’, o Real tem mesmo uma chance de golo flagrante mas Caramelo cabeceia ao lado. Apesar da superioridade numérica, o Sacavenense criou pouco perigo, chegando ao terceiro golo num lance de contra-ataque finalizado por Tiago Cabral (70’). Oito minutos depois, saindo de posição duvidosa, Tiago Figueiredo bate André Martins para o quarto golo sacavenense. Após o quarto golo, Jibril é expulso por palavras ao árbitro. Depois, Jorge Faustino ainda foi mostrar amarelo ao suplente Ladeiras. Aos 89’, surge um dos lances mais caricatos do jogo. Dino atrasa de cabeça para André Martins e o árbitro assinala falta, mostra o amarelo ao capitão do Real e assinala falta no local onde Dino cabeceou a bola. Se alguém souber explicar porquê, agradeço. Pouco depois, Salvador deperdiça o que seria o quinto golo visitante. O momento final do jogo foi o momento de bom senso de Jorge Faustino. Apesar de ter concedido quatro minutos de compensação, deu o jogo por terminado após sessenta segundos! Qualquer pesquisa na net permite saber que o senhor que arbitrou este jogo tem um histórico lesa futebol. Vejam-se os links em anexo. Sintomático é ler esses relatos e rever o jogo deste Domingo. Está lá tudo. Desde a amostragem de cartões às faltas que fazem rir o público, passando por uma imensa falta de bom senso.
Neste jogo em particular, não fosse o árbitro e o protagonista teria sido o guarda-redes do Sacavenense. Defendeu as duas grandes penalidades assinadas que deitaram por terra as poucas hipóteses de recuperação da equipa do Real.
No final da partida, ouviam-se alguns comentários sobre uma eventual perda de “vários pontos” por parte do Real. O Emanuel Baleizão já havia questionado algo do género, pelo que estou curioso para saber o que aí vem.
O senhor Jorge Faustino estragou o jogo de domingo mas, quem sabe se este “boato” terá estado na origem da intranquilidade demonstrada por alguns jogadores do Real, acentuada pela vergonhosa actuação do árbitro de Pombal ? A confirmar-se a perda de pontos na secretaria, a recuperação fantástica que a equipa protagonizou pode ir por água abaixo. Seria lastimável.
Ah, é verdade! O jogo entre dois técnicos irmãos voltou a dar vitória do visitante e pior classificado. Isso é História. Jorge Faustino fez apenas estória.