quarta-feira, 27 de junho de 2012

Portugal-Espanha (-1 hora)

A pouco mais de uma hora de uma tórrida meia-final entre Portugal e Espanha, antecipemos o dia de amanhã. Rajoy prepara-se para aumentar o IVA de vários produtos e serviços de 8% para 18% mas só se fala de La roja. Bom, não será bem assim. Mesmo por cá, nem mesmo a boa prestação da Selecção impediu as vaias ao Presidente Aníbal até em pleno Cavaquistão. A dupla Passos Coelho-Gaspar vai dizendo que não são necessárias mais medidas de austeridade mas relembram que o memorando (essa Bíblia Sagrada dos tempos modernos) prevê quaisquer medidas necessárias ao cumprimento do memorando. É uma curiosa adaptação do “by all means necessary”. Se a selecção portuguesa vencer hoje, amanhã ou sexta-feira seriam dias excelentes para anunciar mais medidas de aperto de cinto. Isto porque esperar por Domingo pode ser contra-producente. Uma eventual derrota na Final, seguida de mais apertos é que não seria boa ideia. Nem mesmo o “bom povo português” aguentaria. Seria ?

Do lado de lá da fronteira, há várias comunidades em que o impacto do Euro-2012 é, no mínimo, relativa. Mesmo sem zonas públicas para assistir ao Espanha-França dos Quartos-de-Final, a audiência do jogo no País Basco foi de 63,2% e, na Catalunha, de 67,1%. Se estes números até parecem impressionar, que dizer dos 84,4% de Madrid, cidade em que mais de 40.000 puderam assistir à partir em la Castellana.

É claro que os nossos vizinhos, com particular ênfase para algumas regiões, já têm mais o que fazer/preocupar do que o Euro-2012. Nessa perspectiva, uma derrota da Espanha não teria grande impacto nas mobilizações que se vão sentindo aqui e ali. Mas como a passividade portuguesa é bem mais presente do que a dos nossos vizinhos, este é mais um motivo para desejar a vitória portuguesa daqui a pouco. Não porque isso deixaria a dupla Passos Coelho-Gaspar ainda mais à vontade para fazer de nós o que bem querem. Pelo contrário, porque ao contrário do que diz o ditado, acredito que, de Espanha, podem vir bons ventos. Ventos de resistência numa altura em que resistir é tão necessário, mesmo enquanto se vê futebol.

Sem comentários: