sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Aviso à navegação

Para quem não conhece aquela zona, chegar à Murteira (Loures) é uma aventura. Até avistar o Campo das Corredouras, estava convencido que tinha percebido mal as indicações dadas pela senhora a quem pedira instruções. Mal entrei no campo, a equipa da casa inaugurou o marcador pelo capitão Mário Rui.

Refiro-me ao Murteirense-Loures, partida da Divisão de Honra da AF Lisboa (AFL) que juntou dois clubes próximos e, simultaneamente, distantes. Os visitados estreiam-se esta época na Divisão de Honra da AF Lisboa, enquanto os visitantes lideram a prova e têm como objectivo confesso a subida ao novo escalão que passará a ser a antecâmara das ligas profissionais. Há quem chame ao Murteirense uma espécie de Loures B por ter vários atletas e técnicos com ligações ao GS Loures. Por outro lado, os amarelos da sede de concelho reforçaram-se com atletas de qualidade comprovada, formando uma equipa de nível bem superior ao que habitualmente se vê nos Distritais.

Ainda assim, no Domingo passado, quem saíu vencedor foi o Murteirense. E, verdade seja dita, os da casa tiveram chances mais do que suficientes para vencer por um resultado mais dilatado. Apesar da qualidade técnica patenteada, os jogadores do Loures não conseguiram bater a boa e aguerrida organização do Murteirense, comandados pela dupla de centrais composta por Varela e Vítor.

A partida disputada na Murteira demonstra bem as dificuldades que as equipas de maior valia técnica têm ao disputar a Divisão de Honra da AFL. Mais. Com a extinção da 3ªDivisão Nacional, a próxima edição da prova maior da associação lisboeta terá seguramente vários clubes com ambição de regressar aos Nacionais, havendo espaço apenas para a subida de um. Os clubes aqui representados pelo Murteirense tratarão de dificultar a vida dos que apresentam maiores pretensões.

Se uma descida aos Distritais já encerrava alguma dose de dramatismo para alguns clubes, passará a ser mesmo um momento extremamente delicado na gestão dos clubes. O que acontecerá ao GS Loures caso falhe a subida ? Veja-se o exemplo do Sacavenense que caíu até à 1ªDivisão distrital antes de regressar a palcos mais condizentes com o seu historial.

Uma coisa parece certa e essa é a aposta do Loures. Vários jogadores que foram determinantes na subida do Casa Pia na época passada, abraçaram este projecto. Registo ainda para os regressos à actividade do guardião Ginja e do central Eduardo Simões. A acompanhar.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Bom jogo, melhor vitória

16/12/2012
3ªDivisão - Série E - 11ªJornada
REAL SC-SG SACAVENENSE 3-1
Arb:Nuno Alvo (AF Algarve)
Real-André Martins; David Rosa, Jibril (Cap.), Miguel Santos e Liangxuan Gong; Bernardo, Paulinho, Ventura e Tomás; Caramelo e Pratas
Tr. João Silva
Sacavenense-Carlos Gomes; Duarte, Runa (Cap.), Papa e Bebé; Neio, Serginho e Carlos Moita; Soca, Leandro e Peter
Tr. Nuno Carvalho

Até ao jogo de domingo passado, os jogos entre Real e Sacavenense resultavam num empate total. Três vitórias para cada clube, seis empates e 10-10 em golos. Desta feita, o Sacavenense deslocava-se ao campo do Real como líder da Série E. Como vem acontecendo nesta época, as duas equipas apresentaram onzes sub-21, com médias etárias praticamente iguais - 20,5 (Real) e 20,9 (Sacavenense). O que se assistiu não desiludiu quem gosta de futebol.

Foi o Sacavenense a entrar melhor na partida, demonstrando o porquê de liderar a prova. Ao quarto minuto, Soca é autor do primeiro remate mas a bola sai por cima. Três minutos depois, Peter roda sobre Miguel Santos e remata mas a bola sai à figura de André Martins. Pouco depois, Ventura recupera a bola no miolo e lança um ataque perigoso em que a bola passa por Caramelo e Tomás, que procura assistir Pratas. O avançado que defrontou os seus antigos colegas deixou-se antecipar por Bebé. Aos 13', Carlos Moita ganha a bola perante dois defesas do Real mas André Martins sai rapidamente da baliza e faz a mancha. Seis minutos volvidos, bom lance do Real pela esquerda. A bola passa por Pratas e Ventura, que cruza para remate de Tomás por cima. Pouco depois, Caramelo desmarca Tomás, o guardião sacavenense sai e derruba o jogador do Real. O árbitro aponta para a marca de grande penalidade e mostra amarelo a Carlos Gomes. Na cobrança, Tomás remata rasteiro para o lado direito de Carlos Gomes e inaugura o marcador. Ao minuto 24, Runa vê cartão amarelo por derrubar Pratas.

O Sacavenense procurava o empate mas sem criar perigo. Viria a conseguir o seu objectivo num lance manifestamente infeliz para o capitão do Real. Bom lance de envolvimento do Sacavenense, com Neio a descobrir a entrada de Serginho pela esquerda. Ao cruzamento de Serginho não chega Peter mas Jibril desvia para as redes para infelicidade da equipa da casa. Pouco depois de marcar num lance extremamente feliz, o Sacavenense esteve  perto de sofrer um golo num lance fortuito. Jibril marca um livre ainda antes da linha de meio campo, a bola bate no solo à entrada da área e Pratas quase desvia antes da bola chegar às mãos de Carlos Gomes.

A cinco minutos do intervalo, Ventura coloca em Pratas que tenta isolar-se mas é derrubado por Runa. O central e capitão do Sacavenense foi expulso por acumulação de amarelos. A braçadeira passou para Carlos Moita e a bola ficou à disposição do pé esquerdo de Tomás. O livre saíu para cima do guarda-redes que não evitou o segundo golo do Real. No mesmo minuto, o Sacavenense via-se a jogar em inferioridade numérica e em desvantagem no marcador. Para reequilibrar a sua linha defensiva, Nuno Carvalho trocou Leandro por Luís Dias.


No segundo tempo, o primeiro lance digno de nota registou-se aos 50' quando Soca voltou a colocar a bola na pequena área sem que alguém a desviasse. Três minutos depois, João Silva substitui Caramelo por Araújo. A iniciativa de jogo cabia ao Sacavenense que iria abrir espaços que poderiam ser aproveitados pelos jogadores mais móveis do Real.

O Sacavenense não conseguia criar perigo e Nuno Carvalho voltaria a mexer na equipa, trocando Soca por Fábio Horta. No entanto, apenas dois minutos depois, Neio falha a intercepção ao passe de Tomás para Pratas, que remata para boa defesa de Carlos Gomes. Na recarga, Ventura faz o terceiro golo, saindo de posição legal, apesar das dúvidas que surgiram no campo. O marcador estava agora em 3-1 e dava razão à estratégia de João Silva, muito criticado aquando da troca de Caramelo por Araújo.

A perder por dois golos de diferença, Nuno Carvalho arrisca ainda mais, ao trocar Bebé por Fábio Zacarias. No minuto seguinte, este risco só não resultou no quarto golo do Real porque Tomás desperdiçou o que seria um hat trick, após lance bem construído com Paulinho. Este lance marcaria o final da partida para o Real. A partir daquele momento, só daria Sacavenense. 

Aos 76', Mota renderia ventura mas não conseguiria ser o jogador perigoso que se conhece. Três minutos depois, um bom lance de Fábio Horta é travado por Jibril à entrada da área. O Capitão do Real vê amarelo. 

Ao minuto 82, a capacidade técnica de Fábio Zacarias esteve em evidência num lance em que Gong vê amarelo por parar o antigo colega de Jibril e David Rosa nos Juniores do Real (2007/08). O Sacavenense não permitia ao Real sair em contra-ataque mas também não encontrava argumentos para bater a defensiva do Real. Pouco depois, o árbitro mostrava ter aprendido a aplicar a lei da vantagem, depois do Real-Oeiras da época passada.

Aos 87', o Sacavenense cria algum perigo num livre em que Papa salta mais alto na área mas a bola sai por cima da trave. Logo depois, no Real, Paulinho sai para a entrada de Tiago Morgado.

No último minuto do tempo regulamentar, Fábio Zacarias coloca em Peter que remata cruzado e ao lado da baliza do Real. Nos três minutos de compensação, nota apenas para o amarelo a Serginho. Conflituoso, o jogador do Sacavenense escapou ao amarelo até derrubar Mota. O apito final surgiria logo após um livre frontal apontado por Luís Dias e que saíu muito torto.

+
Pode parecer exagerado dizê-lo, principalmente se considerarmos a posição do Real na tabela classificativa. Ainda assim, a meu ver, Real e Sacavenense são, tecnicamente, as duas melhores equipas da Série E.

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Talvez surpreendidos pelas dificuldades que foram sentindo ao longo da partida, alguns jogadores do Sacavenense passaram todo o jogo a reclamar. Neste particular, o destaque vai para o lateral direito Duarte Rico.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Um ponto ganho ou dois pontos perdidos ?

9/12/2012
Estádio Municipal de Ponte de Sôr
ELÉCTRICO FC-REAL SC 0-0
Arb:Jorge Ladeiras (AF Santarém)
Eléctrico-Passarinho; Balela, Jojó, Carlos Carneiro e Nivaldo; Crisanto, André Dias e Rui Costa; Serginho, Billy (Cap.) e Yoruba
Tr.Américo Rosa
Real-André Martins; David Rosa, Jibril (Cap.), Miguel Santos e Liangxuan Gong; Paulinho, Bernardo e Ladeiras; Tomás, Ventura e Pratas
Tr.João Silva


A deslocação do Real a Ponte de Sôr não se afigurava fácil. Para além de ainda não ter sofrido golos em casa, o Eléctrico só não derrotou o Fabril, com quem empatou a zero. Mas apesar de defrontar uma equipa bem mais experiente (média de 27 anos no onze inicial), o Real foi sempre a equipa mais perigosa e, a haver um vencedor, teria de ser o Real.

Logo aos 4', Pratas esteve perto de inaugurar o marcador. Os lances de perigo escassearam mas pertencerem na sua maioria ao Real. Aos 22', um canto favorável ao Real termina com o cabeceamento de Tomás à figura de Passarinho. Dois minutos depois, num canto apontado por Tomás, é Bernardo a estar perto do golo. O Eléctrico não criava perigo e só aos 33' faz um remate (Nivaldo) à baliza mas que sai muito ao lado. Ainda assim, e apesar do Real terminar o primeiro tempo em cima do Eléctrico, não se registaram lances de perigo evidente.

Na segunda parte, o Eléctrico mostrou-se um pouco mais. Aos 48', registo para um bom movimento de Yoruba à entrada da área com um remate à meia volta para defesa atenta de André Martins. Quatro minutos depois, Paulinho cruza mas Passarinho não permite o desvio de Pratas para as redes. Pouco depois, Pratas chega antes do guardião a um cruzamento de David Rosa mas a bola sai ao lado. No minuto seguinte, uma perda de bola de Billy dá início a um lance em que Tomás entra pelo flanco esquerdo e remata forte mas às malhas laterais. O Real estava por cima e tinha três lances de perigo em três minutos consecutivos. O jogo entraria num período algo incaracterístico com muitas perdas de bola de parte a parte. Havia que alterar algo e João Silva foi o primeiro a tomar a iniciativa quando, aos 64', trocou Ventura por Tino. Dois minutos volvidos, o Real voltaria a estar perto do golo. Livre de Ladeiras e cabeceamento de Gong por cima. Entretanto, o técnico da casa fez uma dupla alteração. Trocou Rui Costa e Serginho por Mauro e Oliveira. No Real, haveria troca de avançados - Pratas por Caramelo. Quatro minutos em campo e o avançado do Real está perto do golo. Lance muito disputado no miolo acaba por ir parar a Caramelo que coloca em Tomás no lado direito. Tomás devolve a Caramelo em posição frontal mas Jojó antecipa-se. No minuto 77, Billy é rendido por Alberto e Crisanto passa a capitanear o Eléctrico. Pouco depois, Alberto entra pela direita mas é batido pela defesa do Real quando se preparava para rematar. A sete minutos do fim do tempo regulamentar, surge a última substituição da partida, com a saída de Tomás para a entrada de Mota. Assim que entrou, Mota rematou de fora da área ao lado. Pouco depois, bom lance de Mota que desmarca Caramelo. O avançado passa pelo Guarda-Redes e remata para a baliza mas Jojó volta a evitar o golo do Real naquela que foi a oportunidade de golo mais flagrante de toda a partida. Aos 87', bom lance de Oliveira que flecte para o centro e remata. Miguel Santos desvia para canto, do qual nada de relevante resultou. O árbitro concedeu quatro minutos de compensação que durariam apenas três e meio. Diga-se que este terá sido o erro mais evidente do árbitro em todo o jogo, o que é digno de elogio. No período extra, registo para um livre de David Rosa para a área onde surge Gong a cabecear mas a bola ainda é desviada por um defesa da equipa alentejana. O último remate pertenceria ao Eléctrico num lance confuso em que a bola chega a Oliveira que remata de muito longe e para defesa fácil de André Martins.

+
Mais uma exibição personalizada do Real
Excelente arbitragem
Jojó - pronto socorro da defensiva do Eléctrico
Bons vinte minutos de Oliveira na frente de ataque alentejana

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O défice de finalização do Real continua a penalizar a equipa em termos classificativos

Messi, Independência e Benfica


1. Com o Barcelona já apurado para a fase seguinte da Champions, o jogo com o Benfica tinha uma importância reduzida para os adeptos culés. Apenas a ameaça de record no número de golos marcados num ano civil poderia aguçar o apetite. Com Messi no banco e o marcador em branco, os adeptos do Barça aproveitaram o apito do árbitro para o intervalo para pedir a entrada do argentino.

Quando Messi saiu para o aquecimento surgiu a primeira ovação da noite. Quando entrou em campo surgiu a segunda. Para um público habituado a assistir a espectáculos, a falta do artista maior é muito sentida.

Perante um atleta de outro planeta, a primeira reacção benfiquista foi dizer-lhe que não teria vida fácil. Luisão disse-o ao virar o argentino numa das primeiras vezes em que tocou na bola.

Mas a prestação de Messi naquela noite foi pouco memorável. Na verdade, se em vez de Messi se chamasse Rafinha, pouco mais do que dois livres sem perigo para Artur ficariam registados.

Mas o nome é Messi e isso ficou bem patente quando o mago procurou driblar Artur e este conseguiu afastar a bola dos pés do argentino, tendo o joelho esquerdo deste embatido no braço esquerdo do goleiro encarnado. O Camp Nou gelou e os insultos a Artur passaram a regra até ao final da partida. Messi abandonou o rectângulo de jogo com uma escolta de apanha-bolas como nunca vi antes. Fez-me lembrar imagens de atentados em que o atingido é levado com escolta especial.

2. O Benfica deslocou-se a Barcelona uma semana e meia após umas eleições autonómicas marcadas pela questão da independência e que resultaram num reforço dos partidos que defendem essa solução.

Neste contexto, as posições do Ministro da Educação do Estado Espanhol são como uma caixa de fósforos  lançada a uma fogueira. O Sr.Wert quer limitar o ensino do catalão nas escolas públicas. Para quem não sabe, a mera utilização do catalão era proibida durante o franquismo! A Constituiçao de 1978 consagra o direito ao ensino do catalão nas escolas públicas, pelo que esta medida constitui um retrocesso de mais de 30 anos, bem em linha com outro tipo de medidas reaccionárias que são impostas um pouco por toda a Europa.

Ao contrário do que possa pensar, o FC Barcelona, apesar de se assumir como símbolo da Catalunha, sempre teve uma postura algo ambígua durante a sua História. Não quanto à sua catalanidade, mas quanto à sua posição relativamente à questão independentista. Apesar da senyera continuar a estar na braçadeira usada pelo capitão de equipa, o clube deixou bem claro que, num cenário de independência, continuaria a disputar a liga espanhola.

Mas as caixas de fósforos tendem a incendiar os palcos mais neutros. A maior ovação que se ouviu durante o primeiro tempo ocorreu quando foi mostrada uma faixa gigante de crítica ao ministro Wert e pela defesa da língua catalã.

3. A equipa principal do Sport Lisboa e Benfica deslocou-se a Barcelona com uma missão complicada. Para garantir o apuramento para os Oitavos-de-Final da Liga dos Campeões, não poderia fazer pior resultado em Barcelona que o Celtic na recepção ao Spartak de Moscovo. O Benfica entrou muito bem, assumindo as rédeas do jogo perante um adversário que poupou a quase totalidade das suas estrelas. Do onze inicial, apenas Puyol é titular de forma regular. Adriano (a central), Song, Thiago Alcântara e Villa estão bem mais habituados ao banco do que ao onze inicial. Os seis restantes só são chamados nestas ocasiões. Alheio às escolhas de Tito Villanova, o Benfica teve várias oportunidades para marcar no primeiro tempo mas não o conseguiu fazer. Ao intervalo, o resumo oficial da UEFA não continha um único lance de ataque do Barça, o que é elucidativo e, muito provavelmente, inédito. O resultado de Glasgow continuou favorável até ao minuto 84. Messi sai da partida de Camp Nou sem alvejar as redes benfiquistas mas Samaras ganha um penalty no Celtic Park. A partir daí, não se viu reacção extra por parte do Benfica. No estádio, nem sequer se percebeu que o Celtic estava já em vantagem no jogo e no apuramento para os Oitavos. Jesus tinha dito que não iria informar os jogadores do resultado do Celtic.

Se o Benfica conseguir fazer um percurso na Liga Europa semelhante ao que fez há duas épocas, quando caíu frente ao Braga nas Meias-Finais, ninguém se recordará do jogo de Camp Nou. Caso contrário, as perdidas de Rodrigo e Lima na primeira parte e de Maxi mesmo ao cair do pano serão tristemente recordados.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Primeira vitória caseira

25/11/2012
3ªDivisão Nacional - Série E - 9ªJornada
REAL SC-SU SINTRENSE 1-0
Arb:Carlos Cabral (AF Algarve)
Real-André Martins; David Rosa, Jibril (cap.), Miguel Santos e Liangxuan; Bernaro, Paulinho e Ladeiras; Tomás, Ventura e Pratas
Tr.João Silva
Sintrense-Hugo Pereira; Pedro Pereira, Télis, Pedro Marques e Divaldo; Emanuel (cap.), Sandro e Rodri; Jorge Alves, Vítor Gomes e André Cacito
Tr.Luís Silva

O Sintrense entrou de forma bem afirmativa no jogo. Aos 16', o Sintrense criou perigo em dois momentos. Primeiro com uma cabeçada de Cacito por cima da trave e depois devido a um bom trabalho de Jorge Alves à entrada da área mas o remate saíu à figura do regressado André Martins. Seis minutos depois, um dos lances determinantes da partida, com o capitão sintrense a ser amarelado após colocar mão na bola. Aos 26', surgiu o primeiro cheirinho a Real quando Tomás trabalhou bem mas rematou fraco para defesa de Hugo Pereira. Mas o jogo voltaria a dar mais Sintrense. Seis minutos volvidos e um bom lance pelo flanco esquerdo do Sintrense termina com a bola a chegar a Cacito que roda bem mas vê David Rosa cortar para canto. A cinco minutos do intervalo, Tomás tem um passe excelente para Pratas mas a saída de Hugo Pereira evita o perigo para as redes do Sintrense. O jogo estava então equilibrado e veria novo lance relevante pouco depois.

Bernardo pica a bola para as costas da defesa sintrense onde surge Ventura a desviar para as redes à guarda de Hugo Pereira. As imagens só são esclarecedoras quanto à atitude do árbitro auxiliar. Este só assinala fora-de-jogo depois da bola entrar na baliza do Sintrense. O resultado mantinha-se assim em branco. Mesmo em cima do intervalo, ainda houve tempo para um remate de ressaca de Télis para boa defesa de André Martins para um canto de que nada resultou.

Talvez receoso da mostragem de um segundo amarelo, Luís Silva trocou Emanuel por Tiago Figueiredo. O seu irmão mais velho optou por manter Paulinho em jogo. Ganhou.

Trinta segundos da segunda parte foram suficientes para o Real chegar à vantagem. Tomás aponta o canto para a entrada de cabeça de Gong que se estreou a marcar pelo Real. Três minutos volvidos, Jorge Alves ganha espaço pela direita mas o remate sai ao lado da baliza do Real. Na resposta, David Rosa coloca a bola em Pratas que obriga à saída de Hugo Pereira de entre os postes, com o Guarda-Redes sintrense a derrubar o avançado do Real. O árbitro mostra apenas o amarelo mas Pratas ficava em posição privilegiada para rematar cruzado para as redes desertas, pelo que o vermelho não seria exagerado. Do livre que se seguiu, Tomás aponta mas ninguém desvia para golo. O golo fez muito bem ao Real que passou a controlar as operações no miolo, com uma pressão mais alta do que fizera no primeiro tempo. Aos 57', lançamento lateral de Pedro Pereira para cabeceamento de Cacito ao lado. Dois minutos depois, incursão de Tomás pela direita que termina com um cruzamento para a área onde Télis e Pratas disputam o lance com o avançado do Real a cair. O árbitro nada assinala e a bola sobra para David Rosa que remata com a bola a sair bem perto do poste, após desvio de Télis. No minuto seguinte, Sandro cai na área num lance com Gong mas as imagens não são esclarecedoras. Apesar de estar a perder, Luís Silva é forçado a reforçar o meio campo e troca Vítor Gomes por Bobó (63'). Um minuto depois, Jorge Alves cabeceia muito por cima. Aos 69', naquela que terá sido a sua única intervenção negativa na partida, Tomás inventa numa saída para o ataque, perde a bola e acaba por derrubar Jorge Alves. Vê amarelo. Do livre apontado por Divaldo não surgiu perigo. Aos 74', João Silva refresca o ataque, trocando Pratas por Caramelo. Esperava-se maior risco do Sintrense em busca do ataque, pelo que a opção por refrescar o ataque do Real e preparar-se para um jogo mais directo nas costas da defesa parecia ser a decisão mais acertada. E foi. Dois minutos mais tarde, Luís Silva confirma a leitura de João Silva, ao trocar Télis por Ricardo Feijó. Aos 82', livre apontado por Rodri, com mais um cabeceamento de Jorge Alves a sair por cima. Quatro minutos depois, o último lance de perigo relativo no jogo. Livre apontado por Pedro Marques a fazer chegar a bola à área onde Jorge Alves não consegue desviar para a baliza. Ainda houve tempo para a estreia do ex-júnior Romano, entrado para o lugar de Ventura. Nos 3' de compensação concedidos pelo árbitro algarvio Carlos Cabral, nada de relevante ocorreu.

Notas:

- Num jogo em que o Real praticamente ofereceu metade do jogo ao adversário, os três primeiros pontos da época conquistados em casa acabaram por nem ser muito sofridos. O Sintrense não criou oportunidades de golo e o Real ainda fez entrar a bola nas redes do Sintrense à beira do intervalo. Ainda assim, talvez o resultado mais adequado fosse um empate.

- Após o lamentável Real-Sacavenense (0-4) da época passada, os irmãos João e Luís voltaram a encontrar-se. Desta vez ao serviço de equipas do concelho de Sintra. Desta vez com a vitória a sorrir ao irmão mais velho.

- Apesar da braçadeira de capitão ter passado para Jibril, David Rosa jogou com a mesma garra de sempre. André Martins voltou à baliza em detrimento de João Ascenso. Oxalá estas alterações não tenham reflexos negativos na prestação colectiva da equipa. Para já, com a vitória frente ao Sintrense, tudo bem.

sábado, 24 de novembro de 2012

Real vs 100


Ao deslocar-se ao Alfredo da Silva para defrontar o Fabril, o Real preparava-se para defrontar o 100º adversário da sua ainda curta História. O oponente mais frequente é o Carregado, com quem o Real já jogou em 20 ocasiões, com sete vitórias para cada um dos conjuntos e seis empates. O desequilíbrio existe apenas na contabilidade dos golos (21-29). O Sintrense é o segundo clube que mais vezes defrontou o Real. Fará amanhã o jogo 15. Até agora, equlíbrio semelhante ao referido com o Carregado. Dois empates e seis vitórias para cada. Em golos, 14-19.

Considerando a forma como as competições ditas amadoras são organizadas, não surpreende que quase metade dos adversários (49) sejam filiados na AF Lisboa. Em segundo lugar, a grande distância, surgem os filiados na AF Madeira com 14. Destes, o Portosantense é o anfitrião e visitante mais regular, com dez partidas. Só depois surgem os clubes da AF Setúbal, com 8. Aqui, o clube com mais contactos com o Real é, com grande destaque, o Pinhalnovense, com quem já disputou 14 partidas. Curiosamente, o Real tem vantagem nos golos (19-16) mas tem menos uma vitória que o clube do Pinhal Novo.

O clube mais difícil de bater tem sido o Atlético que sofreu apenas uma derrota frente ao Real nos 14 jogos disputados. No entanto, mais de metade dos confrontos (8) terminaram empatados. Por outro lado, em oito partidas disputadas, o Real nunca foi derrotado por Carcavelos, Fontaínhas e Ponterrolense.

O Real sofreu pelo menos um golo de cada um dos 100 adversários com quem jogou. Os clubes que mais vezes marcaram ao Real são o Carregado (29) e o Loures (22). Dos clubes com quem disputou um mínimo de dez jogos, aquele que marcou mais golos ao Real foi o Olivais e Moscavide – 19. Nenhuma das dez partidas que o Real jogou com o Olivais e Moscavide terminou empatado – três vitórias do Real e sete dos lisboetas.

O clube que mais golos sofreu em jogos com o Real foi o 1ºDezembro (26). Apenas dois clubes não sofreram golos do Real. O Caniçal em duas partidas e o Amora que apenas jogou com o Real no jogo disputado há semanas atrás.

Dos clubes que o Real nunca bateu, aqueles com quem teve mais chances para o fazer (4 jogos) foram o Águias da Musgueira, Juventude de Évora e o Pontassolense.

O Real tem 100% de vitórias frente a 15 adversários, sendo que o SL Cartaxo é aquele que disputou mais jogos dos quais saíu derrotado – 5.

Dos 100 adversários defrontados até à data, doze têm presenças no escalão principal do nosso futebol. A saber: Elvas, Casa Pia, Atlético, Torreense, Barreirense, Oriental, Montijo, Fabril (ex-GD CUF), U.Madeira, Est.Amadora, Farense e Amora.

Os Tomba-Grandes



Apenas 18 edições da Taça de Portugal não tiveram eliminações de algum dos chamados “Grandes” por algum clube “não Grande”. O último clube a alcançar esta façanha foi o Moreirense, após eliminar o Sporting. Foi o 22º clube a entrar para este clube restrito. Se tivesse conseguido eliminar o Benfica na semana passada, teria passado a fazer parte de um clube ainda mais restrito. Refiro-me ao grupo de sete clubes que já eliminaram mais do que um grande na mesma época:

3x
Belenenses 39/40, 50/51 e 59/60
Boavista 74/75, 91/92 e 96/97

2x
Braga 65/66 e 97/98
Académica 38/39 e 2011/12

1x
Atlético 45/46
V.Setúbal 64/65
V.Guimarães 75/76

Ao longo da História da prova rainha do futebol português, apenas um clube eliminou os três grandes na mesma edição da prova. O CF “Os Belenenses” alcançou esta façanha na época de 1988/89. Na quinta ronda, recebeu e bateu o FC Porto por 1-0. Nas Meias-Finais, foi a vez do Sporting cair por 3-1. Na Final, o Belém eliminou o Benfica Campeão Nacional nessa época, por 2-1.

Aquilo que o Belenenses conseguiu sózinho em 1988/89, apenas aconteceu em cinco outras ocasiões. A primeira vez em que isso aconteceu foi na época 1974/75. O Belenenses eliminou o FC Porto nos Quartos-de-Final mas foi o Boavista que deixou marcas, ao eliminar o Sporting nas Meias e o Benfica na Final. Quatro épocas mais tarde, o FC Porto foi eliminado logo na segunda ronda na Amoreira, pelo Estoril Praia. Na quarta ronda foi a vez do Braga afastar o Benfica para, numa Final que deu em Finalíssima, o Boavista voltar a vencer a prova numa época em que os Grandes foram caindo. A terceira ocasião foi a já mencionada proeza belenense e a quarta foi logo na época seguinte (1989/90). O Marítimo eliminou o Sporting, o Benfica caiu em Setúbal e o Tirsense surpreendeu as Antas, numa época em que os Grandes ficaram de fora antes dos Quartos-de-Final. Nesta época, o Estrela da Amadora acabaria por vencer a Taça após finalíssima frente ao Farense. A penúltima época em que os Grandes foram eliminados da Taça foi em 1998/99. O Sporting caíu em Barcelos na quarta ronda para, na ronda seguinte, caírem Porto e Benfica frente a Torreense e V.Setúbal, respectivamente. Numa época em que nenhum dos grandes chegou sequer aos Oitavos-de-Final, a vitória no Jamor sorriria ao Beira Mar, numa Final inédita frente ao Campomaiorense. Finalmente, a época passada. A Briosa começou por eliminar o FC Porto com um categórico 3-0 e acabou por derrotar o Sporting no Jamor. À quinta ronda, foi o Benfica a cair nos Barreiros frente ao Marítimo.

Mas não se pense que eliminar os Grandes é tarefa fácil. Dos 22 clubes que já fizeram de Tomba-Grandes, apenas 7 derrubaram os 3 grandes em algum momento. O FC Porto já foi eliminado por 16 clubes não grandes, sendo o Belenenses o mais habitual desmancha prazeres (7 eliminações). O Sporting foi já eliminado por 15 clubes, sendo o V.Setúbal o mais frequente (6 eliminações). Finalmente, o SL Benfica. Apenas metade dos clubes que já eliminaram Grandes, o conseguiu fazer frente aos encarnados. Destes, o destaque maior vai para o V.Setúbal, com 6 eliminações. Aqui fica o quadro global dos Tomba-Grandes:

Clube
Total
FCP
SLB
SCP
CF "Os Belenenses"
16
7
4
5
Vitória FC - Setúbal
16
4
6
6
Boavista FC
9
1
3
5
SC Braga
8
1
4
3
AA Coimbra
6
1
2
3
Vitória SC - Guimarães
6
2
2
2
CS Marítimo
4
1
2
1
Atlético CP
3
2
1

FC Tirsense
3
2

1
Leixões SC
3
1
2

GD Estoril Praia
2
2


Lusitano GC - Évora
2
1

1
SC Farense
2
1

1
SCU Torreense
2
1

1
A Naval 1ºMaio
1


1
FC Barreirense
1
1


Gil Vicente FC
1


1
Gondomar SC
1

1

Moreirense FC
1


1
Rio Ave FC
1


1
SC Covilhã
1
1


Varzim SC
1

1


  * - Para disputar a Taça Latina, o Sporting prescindiu de disputar a segunda mão dos Quartos-de-Final (1952/53 com o Lusitano de Évora. A primeira mão terminara igualada a dois golos. Nas Meias-Finais, e apesar de ter vencido uma das mãos, a turma alentejana foi afastada da Final pelo FC Porto.

Épocas consecutivas sem tombar:

9
SL Benfica de 46/47 a 54/55
FC Porto de 79/80 a 87/88

6
Sporting CP de 42/43 a 47/48 e de 2004/05 a 2009/10

Épocas consecutivas eliminado por não-grande:

4
Sporting CP 87/88 a 90/91 – Farense, Belenenses, Marítimo e Boavista

3
SL Benfica 64/65 a 66/67 – V.Setúbal, Braga e Académica, 96/97 a 98/99 – Boavista, Braga e V.Setúbal, 2004/05 a 2006/07 – V.Setúbal, V.Guimarães e Varzim
FC Porto 41/42 a 43/44 – Belenenses, V.Setúbal e Estoril

Épocas consecutivas a eliminar Grandes:

3
Belenenses 39/40 a 41/42 –Porto, Sporting, Benfica e Porto
Boavista 90/91 a 92/93 – Sporting, Benfica, Porto e Sporting

2
Braga 80/81 e 81/82 – Sporting e Benfica
V.Setúbal 63/64 e 64/65 - Sporting, 66/67 e 67/68 – Porto e Sporting, 2003/04 e 2004/05 – Sporting e Benfica
V.Guimarães 2004/05 e 2005/06 – Porto e Benfica

O V.Setúbal eliminou o Sporting em duas épocas consecutivas (entre 63 e 65), o que continua a ser a única dupla eliminação em duas épocas consecutivas.

As eliminações dos Grandes por clubes de fora deste pequeno grupo também ilustram, ao longo dos anos, a perda de influência dos clubes de Lisboa face ao FC Porto e mesmo a ultrapassagem do Sporting pelos dragões, bem ilustrada no gráfico seguinte: