A família Sebastião chegou hoje aos Açores após deportação decretada pelo governo do Canadá. À sua chegada, para além dos media, tinha duas casas à sua espera, generosidade do governo regional. Não foi a primeira vez que cidadãos portugueses são deportados e não consta que seja hábito dar-lhes poiso. Os mesmos media que cobrem esta “notícia”, fazem rodapé dos inúmeros que são deportados da Portela. Esses não têm rosto ou nome. Quanto muito, são “Dez chineses” ou “Cinco senegaleses”. Vivemos no tal mundo que nos dizem ser globalizado mas a globalização é díspar. Enquanto os capitais não encontram barreiras fronteiriças e empresas mudam de país com base em folhas de cálculo, famílias são separadas por decreto. Na fronteira entre o México e os Estados Unidos, famílias separadas por fronteiras políticas encontram-se com um muro (foto) a separá-las. A ilha italiana de Lampedusa serve de campo de refugiados para milhares que procuram chegar à Europa, em busca de uma oportunidade de vida. Em Portugal, um cidadão do Burkina Faso tem entrada garantida se jogar futebol mas não se for carpinteiro. Os exemplos são inúmeros.
Temos um Governo que nos recomenda a emigração. Convinha recordar que a emigração é uma solução de último recurso. Desde sempre, o Homem só procurou novas paragens por necessidade, nunca por vontade. A família Sebastião, assim parece, viveu dez anos de forma ilegal no Canadá. Durante esse período, fizeram as suas vidas. Muitos perdem a vida a tentar chegar a um destino, muitos mais acabam deportados e regressam à origem numa situação pior que aquela de que procuraram escapar. Chegamos ao fim de 2011 e assim continuamos. Bom Ano
O início da segunda volta da primeira fase da Série E da 3ªDivisão Nacional tinha agendado um Pero Pinheiro–Real. No passado Domingo, as equipas alinharam de início desta forma:
P.Pinheiro-Marco Pinto; Fábio Graça, Luís Freitas, Topê e Kadu; Miguel, Serginho e Rui Janota; Geraldino, Hélder Caminho e Nuno Almeida. Tr. Rui Paulo
Real-André Martins; Miguel Gonçalves, Bruno Lourenço, Dino e Wilson; Kikas, Michael e Ladeiras; Luís Carlos, João Paulo e Alcides. Tr. José Marcos
O jogo foi dividido durante a primeira parte, mas sem grandes oportunidades de golo. O primeiro remate à baliza surgiu apenas aos 11’ de jogo com Michael a rematar ao lado. De seguida, é Ladeiras que imita o seu colega de equipa. Aos 18’, Nuno Almeida está perto do golo numa cabeçada. A maior experiência da equipa da casa mostrava que não precisava de muitas oportunidades para criar perigo. Aos 20’, novo remate de Michael, desta vez à figura. Nove minutos depois, o estreante João Paulo (ex-Carregado) tem a melhor chance de golo para o Real. Aos 33’, Rui Paulo mexe na equipa. Sai Fábio Graça e entra Luís Vaz. Serginho toma o lugar de lateral direito e Luís Vaz reforça o miolo. Logo a seguir, Michael tem nova oportunidade sem sucesso. Quatro minutos depois, Nuno Almeida remata para defesa de André Martins. O jogo estava algo partido. Ainda antes deo intervalo, há dois lances de algum perigo, um em cada uma das áreas. Primeiro é Nuno Almeida, que após perda de bola comprometedora na defesa do Real, remata ao lado. Depois é Alcides que tenta o golo num pontapé de bicicleta. O jogo chegava ao intervalo muito equilibrado e com o resultado em branco. Para a segunda parte, Rui Paulo faz a segunda substituição, trocando Hélder Caminho por Carlos Gomes.
A segunda metade não poderia ter começado melhor para a equipa da casa. Aos 48’, num lance em que Nuno Almeida sai de posição duvidosa, um chapéu a André Martins faz o que seria o único golo da partida. A equipa do Real sentiu o golo e, aos 55’, após mais uma falha defensiva, Rui Janota remata por cima. Logo depois, José Marcos mexe na equipa, saindo Luís Carlos para a entrada do jovem Rodrigo. O Real apostava em chegar ao empate mas é o Pero Pinheiro que está próximo do 2-0 num contra-ataque. Diga-se que, a partir do momento em que chegou ao golo, a equipa da casa se resumiu ao contra-ataque. Ainda assim, não voltaria a criar qualquer perigo até ao final do jogo. As oportunidades de golo para o Real foram surgindo, ora por Alcides, ora por Rodrigo ou Michael. Aos 89’, Rodrigo coloca a bola nas redes mas o árbitro auxiliar assinala fora-de-jogo, num lance semelhante ao que deu o golo do Pero Pinheiro.
O Real voltou a perder após a derrota em Alcochete, num jogo com reminiscências dos primeiros jogos da época. A equipa criou oportunidades para vencer e acabou por sair derrotada. A segunda volta reserva ainda seis jogos em casa e apenas quatro deslocações, pelo que a equipa tem todas as condições para assegurar um lugar entre os seis primeiros.
Durante a semana, por motivos pessoais, José Marcos abandonou o comando técnico do Real. Não conheço pessoalmente o agora ex-técnico do Real. No entanto, e já o referi aqui, fui-me habituando a respeitar a sua postura perante o futebol. Desejo-lhe que tenha melhor sorte do que aquela que teve ao serviço do Real e que os motivos que o levaram a sair do clube se resolvam da melhor forma possível.
Para o lugar de José Marcos, vai agora João Silva que acumulará funções com a de responsável técnico da equipa júnior. Conhecedor de grande parte dos atletas que compõem o plantel, seja como técnico ou como adversário, João Silva irá encontrar o seu irmão Luís, técnico do Sacavenense.
Ponto prévio: não julgo que o fair-play seja uma treta. É por isso que apreciei a forma como Crystal Palace e Zenit de bateram em Old Trafford e no Dragão, respectivamente. Apesar de se verem acossados pelos adversários e remetidos para as suas áreas, em nenhum momento encetaram anti-jogo tão típico de outras paragens. Malafeev, guardião russo do Zenit nem sequer se terá lembrado de simular uma lesão ou outra para quebrar o ritmo do FC Porto. Aconteceu o mesmo com Artur no jogo com o Sporting. Mas aí, segundo algumas crónicas e alguns vídeos, Jorge Jesus deu indicações ao seu guarda-redes para cair e ele caíu. Foi o suficiente para gerar uma onda de indignação sportinguista. Pessoalmente, preciso as atitudes do Zenit e do Crystal Palace à de Jesus, mas algo me diz que esta indignação tem telhados de vidro. Ainda ontem, em Coimbra, com Hélder Cabral lesionado na área da Académica, nenhum jogador do Sporting se lembrou de atirar a bola para fora. Pelo contrário. Janeiro vai ter um Sporting-FC Porto. Imagine-se: a quinze minutos do fim, o Sporting vence por 1-0 e está reduzido a dez jogadores. Algo me diz que vão cair jogadores do Sporting e nem sequer vai ser necessária a indicação expressa de Domingos, pelo menos no relvado.
Infelizmente, a nossa sociedade tende a valorizar a esperteza em detrimento da inteligência, o desenrascanço e não tanto a criatividade e inovação. É neste quadro que estes fenómenos se inserem. E neste quadro, o que Jesus fez foi forçar um desconto de tempo, algo que faz parte das regras de diversas modalidades. O que os jogadores do Sporting fizeram em Coimbra é outra coisa.
Neymar e Ganso, duas das maiores figuras da equipa do Santos, destacaram-se este fim-de-semana. Estranho. O Santos até jogou mas perdeu com o Barcelona. Pois é. É que os dois jogadores internacionais pelo Brasil disseram coisas como "hoje aprendemos a jogar futebol". São dois atletas avaliados em dezenas de milhões de euros. Nem os jogadores das equipas eliminadas pelo Barça até à Final se exprimiram nestes termos. Mas se o Barça ensinou o Santos a jogar futebol, o Santos enviou mensagem forte de humildade para o Mundo. Chegará a Madrid?
Começa hoje a segunda volta da primeira fase da 3ªDivisão Nacional. Na Série E, o equilíbrio é a nota dominante ou quase. Dos doze clubes participantes, apenas três se têm destacado. Dois deles pela positiva (Oeiras e Sintrense) e um pela negativa (Elvas). Curiosamente, os alentejanos são o clube com maior historial de entre todos os participantes. Numa prova cque tem tido uma média de 2,5 golos por jogo, Sintrense e Olímpico marcaram por 16 vezes, o que dá menos de 1,5 golos por jogo. O pior ataque é o do Eléctrico, o que não impede o clube alentejano de ocupar o 5º posto da classificação.A defesa do Oeiras é a menos batida até ao momento, com apenas 5 golos sofridos. No extremo oposto da tabela e do ranking de golos sofridos está O Elvas, com a defesa mais batida – 25 golos.
Apesar de já ser comum dizer-se que “prognósticos só no fim”, arrisco avançar com alguns. Baseado nos jogos a que assisti e nos resultados dos 66 jogos disputados até agora, diria que Oeiras e Sintrense serão fortes candidatos a discutir o primeiro lugar da Série E. Na segunda volta, têm a vantagem teórica de ter mais um jogo em casa do que fora, o que no caso dos sintrenses tem sido bem aproveitado (cinco vitórias em cinco jogos). As quatro equipas que acompanharão Oeiras e Sintrense na discussão dos lugares de subida à 2ªDivisão poderão ser Sacavenense, Futebol Benfica, Casa Pia e Real. As equipas da AF Setúbal (Alcochetense e Olímpico) terão de fazer mais do que até aqui para lutar pela subida. Pero Pinheiro e Eléctrico são equipas que podem surpreender e até condicionar as carreiras de alguns dos favoritos teóricos. O clube do mármore, por exemplo, conta por empates os jogos disputados fora do Pardal Monteiro. Quanto à equipa do SL Cartaxo, diria que se coloca apenas um nível acima de O Elvas, fortes candidatos a regressar aos Distritais. Mas prognósticos são apenas isso mesmo. Ainda para mais, convém recordar, para a segunda fase, os pontos são divididos por dois, pelo que o equilíbrio poderá ser ainda maior.
O pior jogo a que assisti esta época decorreu em Alcochete no passado Domingo, quando GD Alcochetense e Real SC se defrontaram para a 11ªJornada da Série E da 3ªDivisão. De início, as equipas alinharam:
GD Alcochetense - João; Tralhão, Piqueira, Nuno Gaspar e William; Jadson, Valter e Luís Costa; Paulinho, Ricardinho e Djão. Tr. Élio Santos
Real SC – André Martins; Paulinho, Bruno Lourenço, Dino e Wilson; Kikas, Michael e Amar; Miguel Gonçalves, Luís Carlos e Alcides. Tr. José Marcos
O jogo teve pouquíssimos motivos de interesse. O Real foi sempre a equipa que mais fez por chegar ao golo num jogo em que saíria derrotado devido a uma grande penalidade muito duvidosa assinalada pelo árbitro António Matias (AF Portalegre) aos 32’ da primeira parte. A vencer, o Alcochetense preocupou-se apenas e só a defender. A equipa que tão boa conta de si deu na Taça de Portugal não esteve em campo. Como se não bastasse a falta de qualidade do futebol exibido, assistiram-se a situações que já nem nos Distritais têm lugar, como colocar a bola dentro de campo, forçando a interrupção da partida, etc. A equipa de arbitragem esteve muito bem tecnicamente. Em termos disciplinares, o árbitro foi lesto na mostragem dos primeiros amarelos aos jogadores (onze vezes!), mas bem menos na mostragem de um segundo. A “fava” acabou por sair a Djão, expulso aos 66’ por acumulação. A partir daí, a equipa da casa fechou-se ainda mais e o Real não conseguiu ameaçar as redes à guarda de João. O resumo do jogo ilustra bem a falta de ocasiões de perigo junto das balizas. Um jogo nulo deveria ter tido um resultado nulo. Isso só não aconteceu devido ao lance já referido. Destaque no Real para a estreia dos jovens Ventura e Caramelo, recém chegados do Ribeirão. A primeira volta da primeira fase terminou. Venha a segunda para que as recordações deste jogo se esfumem rapidamente.
Florença, Verão de 2010 – Assisto a uma das cenas mais escabrosas de 37 anos de vida. Nas movimentadas ruas de Florença, próximo do Duomo, a Polícia procura cercar os vendedores ambulantes africanos que por ali procuram ganhar uns euros. O empenho das autoridades é tal que, a certa altura, um polícia montado numa moto, inicia uma perseguição a alta velocidade pelo meio dos transeuntes. Imaginem o que seria uma perseguição em motorizada na Rua Augusta ou na Rua de Santa Catarina, pelo meio dos peões. Foi tal a minha estupefacção e revolta que nem me lembrei que tinha à mão a máquina fotográfica. A estranheza e repulsa pareciam atingir apenas os turistas, pelo que presumo que os fiorentinos estivessem habituados a tais performances. Berlusconi governava a Itália e as políticas anti-imigração estavam bem presentes na sociedade italiana.
Lembrei-me de tudo isto hoje, ao ouvir a notícia do que se passou ontem na capital toscana. “Dois senegaleses mortos por extremista de direita em Florença”, rezam os títulos dos jornais. Se é em altura de crise que este tipo de sentimentos se apresentam de forma menos envergonhada, é também nestas alturas que se deve adaptar a famosa palavra de ordem anti-racista e dizer “Somos todos senegaleses”.
Isto não é futebol mas é bom lembrar que há coisas bem mais importantes que o maior espectáculo do mundo. Mas mesmo aqui há sinais perigosos. Nas últimas semanas, recordo-me de ter voltado a ouvir os infames guinchos em campos de futebol – Olhão e Aveiro. Nos estádios como nas escolas ou nas empresas, convém estar atento. A seu lado pode estar sentado uma besta que se deixa levar pelo facilitismo da crítica do “outro” apenas porque o “outro” é diferente, seja na cor da pele ou na forma de vestir, pensar, falar ou sentir. O resto de civilização que ainda nos resta depende de cada um. Bem a propósito, cito uma carta famosa do sub-comandante Marcos e que tão bem ilustra o desafio imenso com que nos defrontamos:
“Marcos é gay em São Francisco, negro na África do Sul, asiático na Europa, hispânico em San Isidro, anarquista na Espanha, palestiniano em Israel, indígena nas ruas de San Cristóbal, roqueiro na cidade universitária, judeu na Alemanha, feminista nos partidos políticos, comunista no pós-guerra fria, pacifista na Bósnia, artista sem galeria e sem portfólio, dona de casa num sábado à tarde, jornalista nas páginas anteriores do jornal, mulher no metropolitano depois das 22h, camponês sem terra, editor marginal, operário sem trabalho, médico sem consultório, escritor sem livros e sem leitores e, sobretudo, zapatista no Sudoeste do México. Enfim, Marcos é um ser humano qualquer neste mundo. Marcos é todas as minorias intoleradas, oprimidas, resistindo, exploradas, dizendo ¡Ya basta! Todas as minorias na hora de falar e maiorias na hora de se calar e aguentar. Todos os intolerados em busca de uma palavra, sua palavra. Tudo o que incomoda o poder e as boas consciências é Marcos.”
Domingo passado fui até ao Campo Branca Lucas para assistir ao SL Olivais-UDR Algés. O jogo colocava frente-a-frente os terceiro e quarto classificados da Série 2 da 1ªDivisão da AF Lisboa. A partida terminaria com o nulo no resultado. A equipa da casa foi a que mais fez por vencer, enquanto que a equipa de Algés pareceu satisfeita com o empate que a mantém distante do duo da frente Musgueira e Damaiense. Individualmente, destaque para o central do SL Olivais, João Rocha. Na jornada marcada para hoje, UDR Algés desloca-se à Damaia e o SL Olivais vai jogar com o Águias da Musgueira.
Após a eliminação do Leixões pela Académica, fica a faltar apenas um dos clubes que discutirão os Quartos-de-Final. Esse clube será Sporting ou Belenenses, a decidir amanhã. Para já, só os leões poderão vir a impedir uma Final sem "grandes". Para isso, terá de atingir o Jamor, onde poderá defrontar Olhanense ou Marítimo. Se isso acontecer, não teremos uma Final inédita. qualquer outra combinação será inédita. Em 71 edições da Taça, apenas em seis ocasiões a Final foi disputada sem um "grande" - 1942, 1966, 1967, 1976, 1990 e 1999. Curiosamente, o vencedor em 1942 é o clube que tem amanhã uma palavra a dizer nesta prova, o Belenenses.
REAL-André Martins; Paulinho, Bruno Lourenço, Dino (cap.) e Wilson; Kikas, Amar e Michael; Luís Carlos, Hugo Dias e Alcides. Tr. José Marcos
CARTAXO-Travessa; Praia, Gil, Tiago Pedrosa e Casimiro (cap.); Bruno Ferreira, Ruas e Ricardo; Renato, Tiago Dias e Joel. Tr. Cláudio Madruga
O jogo do passado Domingo estava marcado por alguma expectativa após a saída o avançado Hélder Monteiro para o Praiense. O Real vinha de quatro jogos consecutivos sem conhecer a derrota e a ausência do jogador guineense era um teste à forma como José Marcos preparara a equipa. Era evidente que a forma de jogar se teria de alterar um pouco pois, apesar de não ter marcado qualquer golo com a camisola do Real, Hélder Monteiro revelara-se determinante nos lances aéreos e no espaço que abria no ataque para as entradas dos seus colegas. Por outro lado, Alcides jogaria mais só na frente de ataque. No final da partida ninguém se terá lembrado de Hélder Monteiro e esse é o melhor elogio que se pode fazer a José Marcos e seus comandados.
O jogo começou com o Real a mostrar que pretendia impôr-se e conquistar os três pontos. Aos onze minutos, Hugo Dias coloca em Alcides que remata por cima. O Real estava por cima mas não criava lances de perigo real para a baliza de Travessa. Assim, foi com surpresa que a equipa do Cartaxo chegou ao golo, num lance em que o atraso de Wilson para André Martins foi bem aproveitado por Joel para abrir o marcador. Considerando a forma como o jogo decorria, não se sentiu que o golo viesse a afectar as pretensões do Real e isso confirmou-se. Logo no reatamento, Michael remata ao lado. Aos 23’, Hugo Dias isola-se mas Travessa faz bem a mancha. Pouco depois, Michael ganha lance a Tiago Pedrosa mas volta a rematar ao lado. Quatro minutos depois, é o capitão Dino que tenta o chapéu a Travessa na área mas a bola sai demasiado curta. Aos 31’, registo para um bom lance de Renato mas que é concluído com um remate muito torto. O Real viria a chegar ao empate que se justificava aos 39’, num lance em que Bruno Ferreira desvia a bola com a mão dentro da área. Chamado a converter, Luís Carlos faria o 1-1, resultado com que se chegaria ao intervalo.
Adivinhava-se uma segunda parte em que o Real iria em busca da vitória e assim foi. Logo no minuto inicial, Alcides tem um bom remate de fora da área mas ao lado. De seguida, o mesmo Alcides aproveita um lance semelhante ao que deu origem ao golo do Cartaxo para desfazer a igualdade. Aos 49’, Amar remata em arco mas a bola sai ligeiramente ao lado. O Real continuava por cima no jogo mas, aos 55’, Hugo Dias é forçado a sair por lesão. O jovem Mota entra para o seu lugar e estaria em evidência, ao marcar o terceiro golo e ao fazer o cruzamento para o quarto golo, da autoria de Ladeiras. A cerca de dez minutos do final do tempo regulamentar e a perder por 1-3, a equipa do Cartaxo ainda teve alguns lances de ataque mas que não chegaram a criar perigo para as redes à guarda de André Martins.
Num jogo em que as duas equipas apresentaram onzes jovens (média de 22,3 anos para o Real e de 25,5 para o Cartaxo), a vitória assenta bem à equipa da casa que somou o quinto jogo consecutivo sem perder. A arbitragem da equipa chefiada pelo setubalense Micael Rechena esteve à altura do jogo. Uma nota apenas para alguns dos cartões mostrados. Dada a demora na amostragem, pareceu reagir à bancada, o que é sempre negativo.
Aquando da deslocação da Selecção à Bósnia, foi dado destaque à perseguição a laser de que Cristiano Ronaldo foi alvo. O próprio considerou mesmo que justificava o seu gesto injustificável. Como temos tendência para copiar rapidamente os (maus) exemplos que vêm lá de fora, bastou esperar pelo jogo da segunda mão. Como a experiência foi "positiva", nada como manter a tendência e é o que se tem visto. Neste fim-de-semana, tanto no Benfica-Sporting como no Porto-Braga se viram os ditos lasers. Parece que aqui ao lado, um espectador identificado como tendo usado tal objecto, foi multado em 4.000€ e impedido de assistir a jogos de futebol durante dois anos. Ora aqui está um (bom) exemplo a seguir, não?
Quando li que o sorteio dos Oitavos-de-Final da Taça também iria definir os Quartos-de-Final, pensei que a FPF quereria poupar um sorteio. Motivos económicos ? Talvez. Desde logo imaginei cenários em que as equipas faziam contas e percebiam que seria preferível não passar aos Quartos-de-Final. Lembre-se que o sorteio de amanhã já estava definido nestes termos e ainda havia equipas da 3ªDivisão em prova. Imaginei um Ribeira Brava-Mirandela nos Oitavos-de-Final emparelhado com o vencedor de um Nacional-Tirsense. Será que o Mirandela teria interesse em derrotar o Ribeira Brava para depois, com elevada probabilidade, voltar à Madeira para defrontar o Nacional ? Quando fiz este comentário a um colega, este disse-me que poderia ver as coisas de outro prisma. Esse prisma seria um em que o emparelhamento para os Quartos-de-Final motivaria os clubes de forma suplementar nos Oitavos. Não sei.
Uma coisa é certa. Sortear uma eliminatória de cada vez é a única forma de evitar qualquer tipo de extrapolação que ponha em causa aquilo que deve ser apenas e só uma eliminatória da prova raínha do futebol português. Fazê-lo da forma como se irá processar o sorteio de amanhã, poderá dar azo a inúmeros cenários que têm pouco de futebol e muito de calculismo de gestão dos clubes em época de tremenda austeridade. Não havia necessidade.
SACAVENENSE-Carlos Gomes; Pedro Marques, Diogo, Vilela e Bebé; Sandro, Armindo (cap.), Amaral e Rodrigo; Godinho e Cacito. Tr. Luís Silva
REAL-André Martins; Miguel Gonçalves, Bruno Lourenço, Dino (cap.) e Wilson; Kikas, Michael, Ladeiras e Amar; Alcides e Hélder Monteiro. Tr. José Marcos
Num jogo equilibrado que não teve oportunidades de perigo durante os primeiros minutos, o Real chegou ao golo aos 19’, num lance em que a bola chega ao fundo das redes após um lançamento lateral e depois de ser cabeceada por quatro jogadores. Raro! Na resposta, Bebé marca um livre que Dino desvia para a baliza mas André Martins defende. Aos 25’, por lesão, Sandro é substituído por Salvador. Seis minutos depois, livre de Amaral e Diogo cabeceia para defesa de André Martins. O Sacavenense procurava o empate. Pouco depois, Rodrigo (Sacavenense) remata forte, mas de muito longe e ao lado. Aos 35’, Amaral remata à figura do Guarda Redes do Real. Pouco depois, o irrequieto Salvador vê o primeiro amarelo. O Real concedia a iniciativa do jogo ao Sacavenense que não criava lances de perigo. Para a segunda parte, Luís Silva troca o capitão Armindo e faz entrar o jovem Paulo Neves. Aos 50’, três cantos consecutivos favoráveis à equipa da casa. Cinco minutos depois, Salvador remata de longe à figura de André Martins. Aos 60’, José Marcos troca Amar por Tiago Gonçalves. No minuto seguinte, surge o golo do Sacavenense. Cacito antecipa-se a Wilson e faz o golo do empate que seria resultado final. Aos 65’, Godinho marca um livre por cima. Três minutos depois, uma substituição para cada equipa. No Sacavenense, sai Rodrigo para entrar Tiago Antunes e, no Real, sai Ladeiras para a entrada de Rodrigo. Aos 71’, Dino marca um livre frontal muito por cima. Pouco depois, Tiago Antunes imita o capitão do Real. No minuto seguinte, José Marcos esgota as substituições, trocando Alcides por Luís Carlos. O jogo continuava dividido mas sem surgirem lances de perigo. Aos 87’, Miguel Gonçalves vê o segundo amarelo em três minutos e é expulso. O Sacavenense apostava tudo em chegar à vitória e Diogo cai na área em dois lances com Wilson. O árbitro nada assinalou e os jogadores da casa também não protestaram. Já em período de compensação, Salvador também é expulso por acumulação de amarelos. Nos instantes finais, Bebé consegue escapar da amostragem de amarelo em duas faltas sobre Hélder Monteiro. O jogo terminaria pouco depois, com o central Vilela a jogar inferiorizado nos últimos minutos do jogo. Numa partida bem arbitrada pela equipa dirigida por José Figueiredo, o Real continua sem perder em Sacavém e a Série E da 3ªDivisão mantém o equilíbrio pontual, a duas jornadas do final da primeira volta da 1ªFase.
Para que se tenha uma noção do carácter histórico do que ocorreu esta noite em Coimbra, refira-se que, em 72 edições da Taça de Portugal, foi apenas a sexta derrota do FC Porto por três golos sem resposta. Em 62/63, os dragões deslocaram-se ao terreno do Belenenses para jogar a segunda mão dos ¼ de Final e perderam 3-0, sendo eliminados. Em 66/67, o adversário foi o V.Setúbal e jogava-se a primeira mão das Meias-Finais. No Bonfim, três golos de Pedras deixavam os portistas com uma tarefa complicada para a segunda mão, onde acabariam por empatar a quatro bolas. Em 68/69, Benfica e Porto encontraram-se nos 1/16 de Final na Luz. Dois golos de Eusébio depois de um auto-golo de um defensor portista fizeram o resultado. Em 73/74, as Meias-Finais tiveram o primeiro Porto-Benfica pós 25 de Abril. Foi nas Antas e dois golos de Nené e um de Eusébio fizeram o resultado. A última derrota por 0-3 dos portistas na Taça até esta noite foi sofrida no António Coimbra da Mota frente ao Estoril. Jogavam-se os 1/64 de Final da edição de 78/79. Foi há quase 33 anos! Nas anteriores cinco ocasiões em que o Porto perdeu jogos por 0-3 na Taça de Portugal, os vencedores da prova foram o Sporting (2), V.Setúbal, Benfica e Boavista. Já agora, os portistas já viveram os resultado de 3-0 a seu favor em 29 jogos a contar para a Taça de Portugal, num total de 388 jogos disputados.
Do lado dos estudantes, a vitória desta noite foi a oitava por 3-0 e apenas a segunda neste século. As anteriores foram frente a V.Setúbal (43/44), Belenenses (50/51), Oriental (57/58), Oliveirense (66/67), Almada (72/73), Olhanense (78/79) e Almancilense (2004/05). Nessas épocas, a briosa chegou duas vezes à Final, uma às Meias-Finais e duas aos Quartos-de-Final. Por três vezes, foi eliminada pelo Benfica. Veremos se a História se repete ou se passará a conter novos capítulos.
REAL-André Martins; Miguel Gonçalves, Dino (cap.), Bruno Lourenço e Wilson; Kikas, Amar, Ladeiras e Michael; Alcides e Hélder Monteiro. Tr. José Marcos
FUTEBOL BENFICA-Formiga; Naia, Didi, Gerson e Vital (cap.); Batista, Diogo e Fayad (?); Pedro Silva, Adilson e Frutuoso. Tr. Pedro Barroca
A última vez que o Fofó se deslocara ao campo do Real foi derrotado por quatro bolas sem resposta, única derrota sofrida frente ao clube que resultou da fusão entre o Queluz e o Massamá. Esse jogo foi disputado a 4 de Março de 2000. Desde então, os dois clubes estiveram sempre desencontrados. No passado Domingo voltaram a encontrar-se e a partilhar o resultado que já acontecera em 11 de Abril de 1998 – 1-1.
O Real entrou melhor no jogo, assumindo o seu papel de visitante. Apesar do domínio do jogo por parte do Real, não se verificaram lances de verdadeiro perigo para as redes de Formiga. Ao invés, o Fofó marcou na primeira vez que rematou à baliza do Real. Num contra-ataque aos 29’, Adilson cruza para Frutuoso que faz o 0-1. Após o golo do Fofó, o Real deixou de trocar a bola como bem sabe e passou a alinhar num futebol mais directo que só dava vantagem ao adversário. O jogo entrou assim numa fase mais equilibrada. Aos 34’, Amar surge solto na área mas o remate é travado por um defesa do Fofó. Na resposta, Pedro Silva isola-se mas acaba por ser batido pela recuperação da defesa do Real. Em cima do intervalo, volta a acontecer uma situação de parada e resposta. Primeiro é Hélder Monteiro a cabecear à barra para, logo de seguida, Frutuoso fazer o mesmo. Ao intervalo, Barroca faz sair Fayad (?) para entrar Baldé. A perder, o Real voltou a entrar pressionante no segundo tempo. Aos 49’, Miguel Gonçalves tem uma chance num livre frontal mas Formiga faz uma grande defesa. Sete minutos depois, a bola cruza toda a área do Fofó sem que ninguém lhe toque. Aos 61’, Dino cabeceia ao lado num canto. Quatro minutos depois, é a vez do Fofó cabecear ao lado, pelo antigo capitão do Real, Diogo. Entretanto, já José Marcos refrescara a equipa, fazendo entrar os jovens Mota e Rodrigo para os lugares de Amar e Ladeiras. Aos 72’, Rodrigo tem um lance individual pelo lado direito que finaliza por cima. No minuto seguinte, Alcides faz o golo do empate após passe de Hélder Monteiro. O duo da frente de ataque a ser determinante. Até ao final da partida, o lance mais perigoso até acabou por ser do Fofó, através do inevitável Frutuoso. O remate saíu um pouco por cima.
No cômputo geral, o empate aceita-se. A arbitragem de Luís Estrela esteve em geral bem. No entanto, o número de faltas assinaladas a Dino (muitas delas discutíveis), deveriam ter dado lugar à amostragem do segundo cartão ao capitão do Real. Diga-se que o árbitro pareceu evitar qualquer expulsão, dada a demora na amostragem dos amarelos, nomeadamente no lance em que admoestou Gerson no final da partida, parecendo assegurar-se de que o jogador ainda não vira qualquer cartão.
O equilíbrio no resultado final explica-se pela diferença entre uma equipa jovem e uma equipa experiente. Os onzes iniciais apresentaram médias etárias bem distintas. 29,5 anos para a equipa do Fofó e apenas 23,8 para a do Real. Isto significa que, em média, cada um dos onze jogadores que iniciaram a partida com a camisola do Fofó tinham mais quase 6 épocas de futebol nas pernas do que cada um dos seus homólogos no Real. Arrisco dizer que foi esse factor que equilibrou uma partida muito interessante de seguir.
CASA PIA – Crespo; Vidal, Leandro, João Coito e Zinho (cap.); Hélder Lemos, Milton, Miguel Lourenço; Tiago Mendes, Moisés e Pedro Augusto. Tr. José Viriato
REAL – André Martins; Miguel Gonçalves, Dino (cap.), Bruno Lourenço e Wilson; Kikas, Ladeiras, Amar e Tiago Gonçalves; Alcides e Hélder Monteiro. Tr. José Marcos
Pela primeira vez, um jogo entre Casa Pia e Real disputado no Pina Manique termina com a vitória visitante. Vitória mais do que merecida pois, desde o início, o Real foi a equipa que mais fez por procurar o golo. Logo no primeiro minuto, Amar remata de pé esquerdo ao lado. Aos 9’, na sequência de um canto, Hélder Monteiro remata mas Crespo defende bem. Só havia uma equipa em campo e, aos 12’, Dino faz aquele que seria o único golo da partida na marcação de um livre directo à entrada da área. Na resposta ao golo sofrido, Moisés passa por Miguel Gonçalves mas, de ângulo impossível, remata muito por cima. Aos 17’, Tiago Gonçalves faz a bola passar por cima da barra num remate de fora da área. Três minutos depois, Hélder Monteiro vê o cartão amarelo. Com os dois avançados já admoestados pelo árbitro Pedro Pereira que mostrava uma evidente dualidade de critérios, José Marcos opta por retirar Alcides da partida, fazendo entrar Michael. Até ao intervalo, não se registaram mais lances de perigo. Para o segundo tempo, José Viriato faz duas substituições, retirando Milton e Pedro Augusto para as entradas de Pedro Carvalho e Ricardo Nunes. Este último começa por protagonizar dois lances sem grande perigo, com remates a sair muito por cima. Mas a equipa mais perigosa continuava a ser o Real. Aos 62’, Ladeiras ganha a linha de fundo pelo lado esquerdo, cruza para Michael cabecear por cima com a baliza escancarada. Dois minutos depois, Rodrigo está perto do golo num canto directo mas Crespo desvia para novo canto. No minuto seguinte, bom lance em que a bola passa por Hélder Monteiro e Rodrigo, até chegar a Michael que remata fraco e ao lado. O jogo prosseguiu sem lances junto das balizas, enquanto o árbitro continuava a amarelar os jogadores do Real. A melhor chance de golo do Casa Pia surgiria aos 83’, num lance em que a bola acaba por sobrar para Ricardo Nunes que falha o remate junto à marca de grande penalidade. Três minutos depois, Mota pressiona Crespo que perde a bola para o jovem do Real que se deslumbra e não consegue melhor do que rematar ao lado. Antes de ser mostrado o tempo de compensação, Tiago Gonçalves vê o segundo amarelo. Nos quatro minutos de compensação, nada de registo ocorreu e o Real conquistou três pontos preciosos, num jogo em que a dupla de centrais Dino-Bruno Lourenço não deram qualquer chance aos atacantes do Casa Pia. Para além da dupla de centrais, destaque para os laterais Miguel Gonçalves e Wilson, assim como o médio Kikas e o esforçado Hélder Monteiro que continua em busca do primeiro golo com a camisola do Real. Do lado do Casa Pia, destaco negativamente os “gritos” sistemáticos dos jogadores da casa em lances disputados, mesmo naqueles em que ganham os lances! Fica muito mal principalmente num clube histórico como é o Casa Pia. Pela positiva, destaco o sadino Moisés que mostrou bons pormenores. Quanto ao árbitro, conseguiu mostrar sete cartões a jogadores do Real e apenas um a jogadores do Casa Pia. Não é preciso dizer mais nada.
Na manhã de domingo assisti à Final do Campeonato do Mundo de Rugby entre França e a Nova Zelandia. Se bem percebo, há determinados jogadores que têm por função principal o confronto físico com o adversário, mais do que as tarefas ofensivas que permitem pontuar. Vem isto a propósito do jogo dessa tarde entre o Real e a equipa d'O Elvas. À procura da primeira vitoria da época, José Marcos, técnico do Real, apostou de início na dupla atacante Hélder Monteiro e Alcides. Apesar de nenhum dos dois ter marcado, foram determinantes na função de desgaste dos defesas contrários ganhando muitas faltas e abrindo espaços para a entrada dos médios. O resultado final de 4-0 acabou por surgir com toda a naturalidade, num jogo disputado no Campo nº2, habitualmente utilizado pelas camadas jovens. Coincidência ou não, o Campo nº2 é bem conhecido de alguns dos jovens jogadores do plantel do Real. De início, as equipas alinharam da seguinte forma:
REAL-André Martins; Miguel Gonçalves, Dino (cap.), Bruno Lourenço e Wilson; Kikas, Amar, Ladeiras e Tiago Gonçalves; Alcides e Hélder Monteiro. Tr. José Marcos
O ELVAS-Leonardo; Filipe Branco, Javier Perez, Carranca e Ricardo Rodriguez; Álvaro Gonçalves, Ruben Hernandez e Roberto Paredes; Eduardo Torres, Eduardo Cunha e Damian Sanchez. Tr. Jorge Almeida
Numa tarde de intempérie, o Real mostrou desde o início que não pretendia deixar fugir os três pontos. Logo no primeiro minuto, Ladeiras remata para defesa de Leonardo para canto. Seis minutos depois, o mesmo Ladeiras remata em arco mas a bola saí ao lado. No minuto seguinte, é Kikas que remata de fora da área com a bola a cruzar a área e a sair ao lado. Aos 10’, livre de Ladeiras para nova defesa de Leonardo. O jogo era dominado pela equipa da casa e o primeiro lance de algum perigo da equipa alentejana tem origem num alívio de Bruno Lourenço em que a bola sobra para Eduardo Cunha. O avançado remata mas André Martins faz a primeira defesa no seu melhor jogo ao serviço do Real. Aos 26’, Alcides cabeceia por cima na sequência de um canto. A toada do jogo mantinha-se inalterada mas sem grandes lances de perigo. A quatro minutos do intervalo, surgiu o segundo remate dos visitantes, com Eduardo Torres a rematar ao lado. Apesar do domínio claro da equipa do Real, o jogo chegou ao intervalo empatado, fazendo lembrar o que vem sendo esta época para a equipa da casa. Para a segunda parte, o técnico Jorge Almeida fez sair Ruben Hernandez e entrar Manuel Mañas. Ainda se jogava o segundo minuto do segundo tempo quando Ladeiras bateu Leonardo com um remate de pé esquerdo já dentro da área. O mais importante estava conseguido. Aos 56’, José Marcos refrescou a equipa, fazendo entrar Rodrigo e Hugo Dias para os lugares de Tiago Gonçalves e Amar. Quatro minutos depois, Javier Perez cabeceia por cima. O defesa espanhol é substituído pouco depois por Glaedson, jogador brasileiro de 42 anos com passagem pelo escalão maior ao serviço do Santa Clara em 2001/02. O Real continuava a dominar a partida, agora com uma tranquilidade que o golo de Ladeiras trouxera à equipa. Aos 69’, Alcides tem duas chances para bater Leonardo mas o guardião brasileiro levou a melhor. Do canto que se seguiu, resultou novo remate ao lado, desta feita por Hugo Dias. O Real dominava mas não chegava ao segundo golo e os fantasmas ameaçavam voltar. As suspeitas adensaram-se aos 73’ e aos 75’ quando O Elvas esteve perto do empate, valendo ao Real o guarda-redes André Martins. Três minutos depois, Hugo Dias leva a bola a embater na barra num cruzamento remate. Do ressalto da barra, Rodrigo cabeceia ao poste! A vantagem mínima persistia mas, no minuto seguinte, o irrequieto Rodrigo sofre falta de Carranca que vê o segundo amarelo, deixando O Elvas a jogar com dez.
Dois minutos depois, Hugo Dias marca o canto e Dino desvia para as redes. Era o 2-0 e a segurança dos três pontos. A partir daí, o jogo tornou-se muito aberto, com as chances de golo do Real a sucederem-se. Rodrigo e Michael estiveram algo perdulários. Miguel Gonçalves acabaria mesmo por finalizar um lance em que o jovem avançado parecia querer entrar com a bola na baliza alentejana e o nigeriano acabaria mesmo por marcar após vários desperdícios. Em cima do tempo regulamentar, O Elvas ainda construiu o seu melhor lance na partida mas sem resultado. Mesmo em cima do apito final do árbitro setubalense Pedro Azevedo, Eduardo Torres ainda veria o vermelho directo, deixando a equipa desfalcada para a partida deste Domingo em que irá deslocar-se ao Montijo para defrontar o Olímpico.
OLÍMPICO-Ruben Luís; Jojó, Monzelo, Venâncio e Diogo; Sampaio (cap.), Maside, Bala e Carlitos; Cláudio Futre e Pestinha. Tr. Fernando Mendes
REAL-Pedro Silva; Bino, Bruno Lourenço, Wilson e Miguel Gonçalves; Dino, Kikas e Ladeiras; Amar, Rodrigo e Hélder Monteiro. Tr. José Marcos
Duas equipas em busca da primeira vitória da época defrontaram-se no passado dia 9 no Montijo. O Real foi a equipa mais perigosa durante toda a partida mas, mais uma vez, a finalização não foi condizente. A primeira jogada de algum perigo foi protagonizada por Dino, aos 11’. Ruben Luís defendeu a cabeçada de Dino para canto. Aos 27’, registou-se a primeira jogada de algum perigo do Olímpico. Na marcação de um livre, Pestinha coloca em Carlitos que remata ao lado. Dois minutos depois, Hélder Monteiro surge perante Ruben Luís mas não bate o guardião formado no Sporting. À passagem dos 31’ de jogo, Dino bate um livre que passa junto ao poste da baliza do Olímpico. Cinco minutos depois, Fernando Mendes troca o amarelado Jojó por Tiago. Aos 38’, num lance que não aparentava perigo de maior, David Maside flecte para dentro e bate cruzado, com Pedro Silva a ser mal batido. O Olímpico chegava à vantagem sem ter feito muito para o merecer. Ainda antes do intervalo, Rodrigo protagoniza um lance individual pela esquerda, flecte para dentro e remata em arco junto do poste. A bola passa ao lado. Em busca do empate, José Marcos troca Amar por Alcides ao intervalo. Como era expectável, o Real entrou mais pressionante na segunda parte. Ao terceiro minuto, Miguel Gonçalves coloca a bola por cima da barra na marcação de um livre. Aos 59’, Fernando Mendes troca Carlitos por Josué, refrescando o ataque. No minuto seguinte, o segundo de dois cantos consecutivos vê Dino cabecear à figura do guardião montijense. Aos 63’, Kikas marca um livre que ninguém desvia na área do Olímpico. Dois minutos volvidos, Luís Carlos entra para o lugar de Ladeiras na equipa do Real. Aos 69’, surge o primeiro lance digno de registo do Olímpico no segundo tempo. Foi um remate de Pestinha que saíu por cima da barra. Nove minutos depois, surge o melhor momento da partida com o golo do Real. De fora da área, Miguel Gonçalves executa um pontapé perfeito que não dá qualquer chance de defesa a Ruben Luís. O Real chegava à igualdade num lance individual após várias chances desperdiçadas. Os visitantes queriam a vitória e foram em busca desse objectivo. Aos 82’, Alcides faz a bola sair rente ao poste. Dois minutos depois, Josué vê amarelo, reclama e acaba expulso. Aos 89’, nova chance de Hélder Monteiro e nova defesa de Ruben Luís. O período de compensação estava a terminar quando Hélder Monteiro perde a bola ainda no meio campo do Olímpico. A bola é colocada em Cláudio Futre que, a partir de posição duvidosa, bate Bino em velocidade. A bola acaba por sobrar para o recém entrado Nildo que bate Pedro Silva. O jogo acabaria logo após o reatamento, com o árbitro Bruno Rebocho (AF Évora) a concluir uma arbitragem sem problemas. O Olímpico atingia a primeira vitória nos Nacionais, enquanto o Real voltava a passar por algo que vem a ser frequente esta época. A equipa joga bem, cria oportunidades mas não marca. O adversário cria poucas chances mas consegue desfeitear a defesa do Real. Ambos os clubes têm ainda muito que melhorar e muito tempo para o fazer.
Muito se falou sobre a eliminatória Pero Pinheiro-FC Porto. Aqui deixo algumas curiosidades adicionais:
- Geovanny Campos, irmão mais velho de Djalma, foi treinado por Rui Janota no Igreja Nova, na época 2009/10. Desse plantel faziam parte os actuais jogadores do Pero Pinheiro Runa, Kadu, Rui Janota e Serginho;
- Na época passada, Cláudio Oeiras terminou a sua carreira ao serviço do Pero Pinheiro. O antigo avançado fez História no antigo Estádio das Antas, ao serviço do Torreense, numa eliminatória da Taça de Portugal;
- O Pero Pinheiro nunca sofrera tantos golos num jogo da Taça. Por outro lado, foi a quinta vez que o FC Porto venceu uma partida da Taça de Portugal por 8-0, mas a primeira fora de casa. Nas outras quatro ocasiões, os adversários foram Anadia, Lusitânia dos Açores, Alba e Valonguense. Nessas épocas, o clube azul e branco venceu a prova em duas ocasiões, tendo sido Campeão Nacional apenas na época em que goleou o Valonguense (1997/98). Foi a primeira vez que um jogador do FC Porto apontou quatro golos numa vitória por 8-0. Nas outras ocasiões, o máximo fôra atingido por Lemos, que fez três dos oito golos com que o Anadia foi presenteado em 1971/72.
A 5 de Outubro de 1910, a Família Real deixou o País na Ericeira. Cento e um anos depois, desloquei-me à vila do concelho de Mafra para assistir ao jogo da primeira eliminatória entre Ericeirense e Jeromelo. Quando se defrontam duas equipas que desceram de divisão mas em escalões diferentes, espera-se uma partida em que a que ocupa o escalão superior domine o adversário. Se o jogo se disputar na casa do primeiro, tanto melhor para este, mas o jogo entre Ericeirense e Jeromelo só provou esta ideia no resultado. Durante a partida, o equilíbrio foi a nota dominante. Não fôra a ineficácia nos momentos de finalização e o resultado teria sido favorável à equipa do Jeromelo.
ERICEIRENSE-João Leitão; Nélson, Naco, Quaresma e Ivo; Kuma, Raposo (cap.), Miguel Oliveira e Marinho; Miguel Rodrigues e Douglas. Tr. Rui Jorge
JEROMELO-Joca; João Dias, Pedro Matos, João Carlos e Tiago Castelo; João Gaspar (cap.), T.Duarte, P.Fernando; Suli, Paiva e Ricardo Mendes. Tr. Luís Camacho
O mau início de época do Ericeirense parece ter pesado nos primeiros minutos, sendo do Jeromelo o primeiro período da partida. A equipa da casa só reagiu à passagem do quarto de hora, com Marinho a falhar a recepção num lance em que a bola rasgou a defesa do Jeromelo. O mesmo Marinho, aos 30’, faz um chapéu sair ao lado após boa desmarcação de Miguel Rodrigues. Dois minutos depois, Nélson remata cruzado ao lado, numa altura do jogo em que o Ericeirense estava por cima. Três minutos depois, novo remate ao lado, desta feita por Miguel Rodrigues. Aos 39’, um lance de contra ataque quase dá o golo ao Jeromelo.
Em cima do intervalo, num livre, Paiva remata por cima das redes à guarda de João Leitão. Para a segunda parte, Luís Camacho troca P.Fernando e Suli por Duarte e Frederico. Aos 48’, Marinho tem nova chance de bater Joca mas sem sucesso.
Dois minutos depois, na sequência de um canto favorável ao Jeromelo, Duarte remata por cima. No minuto 57’, surge a melhor chance da partida. Ricardo Mendes desmarca-se, surge perante Joca e faz-lhe o chapéu que faz a bola bater à frente e por cima da barra. Logo a seguir, Rui Jorge mexe na equipa, fazendo sair Kuma e Douglas, para as entradas de Luís Silva e Johnny. Seis minutos volvidos, num lance de bola parada, Naco está muito perto do golo.
No minuto seguinte, Nélson remata em arco mas ao lado da baliza do Jeromelo. O jogo estava algo repartido e, aos 72’, Duarte remata cruzado ao lado da baliza do Ericeirense.
Começava a cheirar a prolongamento e até foi a equipa do Jeromelo a dar mostras de pretender evitá-lo. Aos 80’ e 82’, Paiva e Duarte têm chances para golo mas rematam sobre a barra. Logo depois, num lance em que o central João Carlos escorrega, Raposo permite a mancha a Joca. Na resposta, Duarte rouba a bola a Quaresma, isola-se mas remata à figura de João Leitão. No minuto seguinte, mais uma oportunidade de golo desperdiçada pelo Jeromelo. Frederico surge isolado pela direita mas remata por cima. Em cima dos 90’, numa altura em que o Jeromelo alinhava com dez, porque Frederico trocava de botas, Ivo cruza para Luís Silva que, perante a saída de Joca, faz um chapéu bem medido que culmina com a bola nas redes da baliza do Jeromelo. No período de compensação dado pelo árbitro, nada de relevante a assinalar. A par do Ponterrolense, o Ericeirense é o clube com mais Taças da Associação de Futebol de Lisboa (3) no seu historial. Com a vitória frente ao Jeromelo, o Ericeirense apurou-se para a 2ªEliminatória que jogará fora frente ao Carcavelos. Boa arbitragem da equipa chefiada por Ilídio Silva.
Quando um jogo termina com um resultado de 3-0, o mais frequente é ter havido uma superioridade vincada de uma equipa sobre a outra. Mas nem sempre é assim. O jogo deste Domingo no Municipal de Oeiras entre a equipa da AD Oeiras e o Real SC é exemplo disso. Num jogo bem arbitrado pela equipa chefiada por Ricardo Oliveira (AF Lisboa), as equipas alinharam:
AD OEIRAS-Rui Santos; Damil, Lima (cap.), Nuno Abreu e Edson; Cuca, Leonel, Jucélio, Luiz Carlos, Nélson e Piki. Tr. Paulo Mendes (Paulinho)
REAL SC-Pedro Silva; Bino, Bruno Lourenço, Wilson e Miguel Gonçalves; Kikas, Dino (cap.), Ladeiras e Michael; Rodrigo e Hélder Monteiro. Tr. José Marcos
Os lances de maior perigo na fase inicial da partida foram da equipa visitante. Aos 5’, Hélder Monteiro obriga Rui Santos à primeira defesa do jogo. Nove minutos depois, num bom lance em que a bola passa por vários jogadores, Rodrigo remata à figura do guardião do Oeiras. Quatro minutos volvidos, Hélder Monteiro foge bem à marcação mas volta a ter em Rui Santos opositor de monta. Aos 24’ surge o primeiro lance de perigo do Oeiras. Até então com uma exibição sem mácula, Wilson atrapalha-se e a bola sobra para Jucélio que desperdiça de forma incrível. Aos 27’, o Real beneficia de um livre à entrada da área mas Miguel Gonçalves leva a bola a saír por cima da barra. Os dez minutos que se seguiram não tiveram qualquer lance de perigo, registando-se a substituição de Michael por Tiago Gonçalves na equipa visitante. Aos 38’, Wilson parece ter a bola controlada junto à linha de fundo mas o rapidissimo Piki consegue roubar-lhe a bola e cruzar para a finalização de Nélson. Um pouco contra a corrente do jogo, a equipa da casa chegava à vantagem. O Real reagiu bem e, quatro minutos depois, Rodrigo demonstra toda a técnica que possui mas Rui Santos volta a defender. Em cima do intervalo, Luiz Carlos remata cruzado para defesa de Pedro Silva. Ao intervalo, Paulinho troca Nélson por Jean. A segunda parte começou na mesma toada da primeira, com o Real a desperdiçar e o Oeiras a marcar. Aos 49’, a bola é colocada na área num livre. O guardião Rui Santos sai em falso e a bola sobra para Dino que não consegue finalizar.
O jogo voltou a entrar num período equilibrado sem perigo junto das balizas. Aos 57’, Paulinho volta a mexer na equipa, retirando Leonel (desinspirado) e colocando em campo Jorge Cordeiro. Aos 63’, novo lance bem construído pelo Real, com Hélder Monteiro a colocar a bola em Rodrigo que volta a perder no duelo com Rui Santos. Quatro minutos depois, José Marcos aposta tudo com as trocas de Bino e Ladeiras por Mota e Alcides. No entanto, aos 69’, o jogador que entrara em campo quatro minutos antes para render Jucélio (Carlos Alves) faz um golo digno de qualquer estádio. Bem fora da área, acerta de pé esquerdo na bola que só parou no fundo das redes da baliza do Real. Era o 2-0 quando o Real estava em busca do empate. Quatro minutos volvidos, nova defesa de Rui Santos, desta vez a remate de Miguel Gonçalves.
Comodamente instalados numa vantagem de dois golos, a equipa do Oeiras limitava-se a defender. Aos 83’, Rodrigo recupera a bola mas não bate Rui Santos.
Já no final do período de compensação, Piki finaliza uma jogada de contra-ataque, num lance que resume todo o jogo. Eficácia do Oeiras contra a ineficácia do Real.
Os destaques positivos da partida vão para Rui Santos, jovem guardião formado no Benfica e para Rodrigo, jovem com idade para alinhar nos Juniores que, tudo indica, tem um futuro brilhante pela frente. Adaptado a central, Wilson esteve genericamente bem, apesar de ter tido dois lapsos que custaram um golo. A rever. Regressado à titularidade, o nigeriano Michael continua a ser um mistério na equipa do Real. Dotado de bons argumentos físicos e técnicos, parece ter imensa dificuldade de posicionamento dentro de campo. Se conseguir melhor este aspecto fundamental no jogo, tornar-se-á um elemento importante na equipa.
Uma nota final para o técnico José Marcos. O antigo guarda-redes tomou conta da equipa num período complicado na vida do Real. A época passada culminou com a descida de divisão. Esta época é de construção de uma equipa nova em termos de plantel e em termos etários, o que coloca diversos desafios. Apesar deste jogo ter terminado com a pior derrota das três sofridas neste Campeonato, julgo ter sido o jogo melhor conseguido pela equipa. Há que dar tempo ao tempo e respeitar o trabalho da equipa técnica. Apesar de alguns dizerem que o fair play é uma treta, querer beneficiar de lances em que dois adversários chocam um com o outro não é o “caminho”, como Marcos deixou bem claro. Houve quem não gostasse mas o futebol também deve ser carácter e dignidade, mesmo quando se perde ou principalmente quando se perde.
O Benfica saíu do National Arena de Bucareste com os três pontos. No entanto, o jogo deixou a sensação de que o Benfica não tinha necessidade de terminar a partida em aflição. Mas, para que tal não tivesse ocorrido, teria sido necessário uma equipa que assumisse o favoritismo e consequente controlo da partida desde o seu início. Quem sabe se ainda recordado de jogos em que foi acusado de ser demasiado ousado, Jesus parece passar por um período mais cauteloso. Se os cuidados no jogo frente ao United se aceitam, o técnico do Benfica terá perdido uma oportunidade de derrotar o Porto na Sexta-Feira anterior no Dragão, num jogo em que a equipa acabou mesmo por se ver na necessidade de recuperar de duas situações de desvantagem no marcador. Desta feita, o adversário era o modesto Otelul Galati, campeão romeno na época passada 'à Boavista' e que ocupa actualmente um lugar a meio da tabela na liga romena. Era por demais evidente que o favoritismo era dos encarnados e, se dúvidas houvesse, os primeiros minutos da partida, tê-las-iam dissipado. Mas o Benfica não foi 'mandão' como, tudo o indica, poderia ter sido. Porquê?
A hipótese que me parece mais plausível tem na pergunta parte da resposta. Consciente da superioridade da equipa, Jesus 'sabia' que o golo (os golos...) acabaria por surgir sem que fosse necessário impôr um ritmo extra-treino. Esta discrepância entre o 'deixa andar' e o 'não arrisco' afasta o Benfica de ter uma consistência exibicional que traduza em campo uma filosofia de jogo própria. Jogar 'à Benfica' já não se sabe bem o que é há vários anos. Até é compreensível que não se possa jogar com qualquer adversário alterando apenas pequenas nuances tácticas mas julgo ser o objectivo. Isso iria contribuir para o fortalecimento do tal 'jogar à Benfica'. O trabalho nos treinos deveria servir para o aprofundamento diário dessa filosofia de jogo. Durante cada partida, a equipa técnica teria como missão principal os ajustes necessários a cada momento do jogo. Nada de novo. Foi assim com o Ajax, é assim com o Barcelona.
27 de Setembro - É a terceira vez que venho a Madrid. Da primeira vez, vim para uma passagem de Ano que, por volta das duas da manhã locais, teria uma viragem abrupta. Comecei esse Ano a fazer Madrid-Lisboa de carro acompanhado pelas incertezas do presente... Da última vez, no ano passado, era apenas uma escala no regresso de umas férias transalpinas mas um atraso e consequente perda da ligação para Lisboa fez com que a madrugada voltasse a encontrar-se comigo em Madrid. Quem viu 'Terminal' com Tom Hanks tem uma ideia do que é passar uma noite num Aeroporto. Este ano é o cumprir do 'não há duas sem três'. Assim que surgiu a ideia de ir ver o Benfica a Bucareste que as restrições orçamentais logo impuseram que a viagem seria em companhias low cost. Considerando as datas em torno do jogo, a opção mais económica passava por fazer Lisboa-Madrid-Bucareste-Milão-Lisboa. Neste esquema, a chegada a Madrid estava prevista para depois das onze da noite locais, enquanto a ligação para Bucareste estava prevista para as 6h30 de cá. Dormir ? Nem pensar nisso. Já não se joga o África do Sul 2010, mas vai jogar-se a Champions. Um dia destes, regressarei a Madrid, nem que seja para ver um jogo do Rayo Vallecano!
O Real recebeu esta tarde outra das equipas que desceram de divisão na época passada e que ainda não tinha vencido. Comandado tecnicamente por José Vasques, o Eléctrico de Ponte de Sôr alinhou com Rodolfo Vacas na baliza, um trio de defesas composto por Miguel Fernandes, Hugo Lopes e Luís Carlos, Sandro na faixa direita e Rossano na esquerda, Crisanto, Pina e André Dias no miolo e Santana e Capitão Mor como homens mais adiantados. Por sua vez, a equipa anfitriã apresentou André Martins na baliza, Miguel Gonçalves à direita, o regressado de castigo Wilson à esquerda e os centrais foram Bruno Lourenço e Job. O trio do meio-campo foi composto por Kikas, Laveiras e Dino, deixando as posições mais ofensivas para Rodrigo (direita), Mota (esquerda) e Hélder Monteiro ao meio. O muito calor que se fez sentir terá influenciado o início do jogo. Nenhuma das equipa entrou assumindo o controlo das operações. Foi portanto surpreendente a forma como o Eléctrico fez o primeiro golo aos 8’. Uma jogada em que Capitão Mor cruza da direita para André Dias que, vindo de trás, bate André Martins. O golo deu confiança à equipa alentejana que esteve por cima do jogo durante os minutos seguintes. A meio da primeira parte, o Real já reequilibrara a partida, mas sem criar perigo para a baliza do Eléctrico. Pouco depois, o Real voltaria a sofrer novo revés. Numa troca de bola entre os defesas do Real, Bruno Lourenço deixa a bola passar, surgindo Santana que se isola e é derrubado por André Martins. O árbitro expulsa o Guarda-Redes do Real e assinala a marca de grande penalidade que o mesmo Santana viria a converter no 0-2 que seria resultado final.
Aquando da expulsão, José Marcos foi forçado a colocar o guardião Pedro Silva, retirando o criativo Rodrigo. Seguiram-se minutos de alguma desorientação da equipa da casa. Nesse período, Sandro surgiu isolado frente a Pedro Silva que fez bem a mancha (34’) e André Dias quase bisava, num remate em que a bola vai ao poste (39’).
Na segunda parte, a equipa do Real surgiu mais afoita. Aos 52’, José Marcos troca Job por Paulinho e, aos 60’, Miguel Gonçalves por Luís Carlos. No entanto, o Real não conseguiu superar as dificuldades de finalização que se vêm sentindo neste início de época. Neste particular, destaque para as perdidas de Dino (61’) e Hélder Monteiro (76’) que, em dois momentos, não consegue finalizar.
O último quarto de hora de jogo não teve momentos de perigo para qualquer das balizas, num jogo que ficou decidido aos 25’ do primeiro tempo e em que a equipa de arbitragem chefiada por Carlos Cordeiro (AF Setúbal) não teve influência no resultado.
A propósito do jogo desta noite, deixo aqui alguns números do clássico FC Porto-SL Benfica. O empate a duas bolas é o sexto resultado mais frequente nos 74 jogos FC Porto-SL Benfica a contar para o Campeonato desde 1938-39. Mais frequente só a vitória do FC Porto por 2-0 e 2-1 (8 vezes cada), 3-0 e 1-0 (6 vezes) e o empate a uma bola (6 vezes). Dos 234 golos marcados, 149 entraram nas redes encarnadas e apenas 85 nas redes azuis e brancas. Os jogadores com mais de 3 golos no clássico são os seguintes:
Cheguei a Bucareste na manhã de 3 de Agosto de 1993. Pelas 22h10, deixava Bucareste num comboio que tinha como destino final Varsóvia. Durante aquele segundo Inter-Rail, abandonava uma cidade onde chegara nesse mesmo dia. Não dormi em Bucareste. A ideia era apenas e só sair daquela cidade o quanto antes. Uma cidade pesada que ainda dava os primeiros passos na despedida de Ceausescu. Já se via uns poucos cleptocratas que se começavam a desenrascar, mas via-se muito mais gente perdida pelas ruas. Acabei por sair do comboio em Szolnok (Hungria). Na passada 2ªFeira, assisti a “Autobiografia de Nicolae Ceausescu” e lembrei-me de tudo isto.
Durante três horas sem narração, Andrei Ujica retrata o período entre a ascensão e a queda do ditador romeno. Desde a omnipresente Helena Ceausescu, a hipocrisia da política internacional com as visitas de De Gaulle e Nixon a Bucareste ou as recepções de Isabel II ou Carter a Ceausescu, está lá tudo. Até algum humor que, no meio de todo o cinzentismo, chega a ser perturbador. O desfile de coche nas ruas de Londres com Isabel II passa por um cinema que exibia “Garganta Funda”. Um baile do aparelho do PCR ao som de “I Fought the Law”. A visita aos estúdios da Universal durante a visita aos Estados Unidos. Mas o mais impressionante é assistir à pobreza intelectual de um homem a quem chamavam “Conducator”, equivalente romeno de “Duce” ou “Fuhrer”. O homem que enfrentou os líderes soviéticos em ocasiões como a Primavera de Praga ou o boicote aos Jogos de Los Angeles em 1984, passando pelas relações com a Jugoslávia de Tito ou a China, era o mesmo que revelava uma dificuldade de expressão tremenda. Veja-se o caso da Conferência de Imprensa aquando de uma cimeira internacional. O ditador limita-se a dar respostas redundantes. O mesmo homem que, em 1973, aquando do seu 55º aniversário, é agraciado com o título honoris causa da Universidade de Bucareste. No seu discurso de agradecimento, assiste-se a alguns segundos de humanidade ímpares durante as três horas de filme. Ceausescu recorda os seus falecidos Pais e as suas origens humildes. “De camponês a intelectual”, como refere... Vai à cimeira da OSCE dar “lições de democracia” redundantes. Nada explica. Limita-se a dizer “As democracias ocidentais têm muito que aprender com a democracia que estamos a construir na Roménia”...
Nenhum ditador sobrevive sem uma clientela de fidelidade canina. A melhor ilustração para essa fidelidade está nas imagens do XII Congresso do PCR em que um velho comunista de nome Parvulescu, do palanque, faz críticas duras ao ditador, sendo calado pelos cães-de-fila que enchiam a sala. Os cães-de-fila que consentiram na construção da “Casa da República”, o segundo maior edifício do mundo, logo atrás do Pentágono. Como refere o realizador Andrei Ujica, “um ditador é apenas um artista que é capaz de colocar em prática a plenitude do seu egoísmo". Infelizmente, esta não é uma característica exclusiva das ditaduras...